Instituto visa valorização da vida 
no trânsito e resgate da cidadania

Contribuir para uma mudança de comportamento, de modo a tornar mais humanas as relações no trânsito e transporte. Esse é o objetivo precípuo do IHTT (Instituto de Humanização do Trânsito e Transporte), organização não-governamental fundada em março de 2001, de âmbito nacional, que pretende, através de suas ações, promover a valorização da vida e o resgate da cidadania nesse segmento.

“O trânsito está muito violento, a ponto de as pessoas saírem um final de semana para se divertir e não voltarem. Morrem no Brasil 37 mil por ano instantaneamente no local do acidente, fora as que falecem no hospital ou ficam com seqüelas. Em todas as ocorrências com vítima fatal nas estradas do Brasil há falha humana, mesmo que associada a outro componente. E 70% dos acidentes ocorrem por envolvimento com álcool e drogas. É preciso conscientizar os cidadãos que eles estão se matando e aos outros”, enfatiza o engenheiro Ricardo Teixeira, presidente nacional do IHTT.

Para tanto, segundo ele, o caminho é informação. O instituto tem promovido encontros para trocas de experiência e tecnologia, debates, palestras, seminários sobre a questão de segurança, bem como ações educativas não apenas junto a adultos, mas também a crianças. “Temos conteúdo didático pronto, aprovado pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura), para alunos desde a primeira série escolar até a oitava, de modo a garantir no futuro um comportamento diferente do que vemos hoje.” O intuito é introduzir a educação no trânsito inicialmente em todas as escolas de ensinos fundamental e médio no Estado de São Paulo. Para alcançar a meta proposta, falta apenas quem patrocine a iniciativa. Segundo Teixeira, o custo é de seis reais por criança/ano, incluída a reciclagem e treinamento de professores e apostilas. Alguns municípios já compraram a idéia e há interesse por parte da iniciativa privada. “As prefeituras de Londrina e Taubaté já estão implantando em algumas escolas. A Autoban, concessionária de rodovias, comprou o projeto para implementá-lo nas 17 cidades lindeiras à Anhangüera e à Bandeirantes, para atender todas as crianças da região em cinco anos. São ações pontuais”, relata.
 

Abrangência
Esse não é o único foco de trabalho do IHTT, que hoje, além de sua sede nacional no município de São Paulo, está presente nas cidades paulistas de Araçatuba e São José do Rio Preto e nos estados do Paraná e Santa Catarina. Na área de segurança no trânsito, discute ainda, conforme Teixeira, a situação do motoboy e do perueiro na capital paulista e do mototáxi no interior. “São profissões novas que estão nascendo sem um planejamento adequado, sem uma preparação da população e das demais categorias, e tivemos até mortes por sua existência e por estarem roubando passageiros de outros setores. Na hora que o instituto trouxer para o público esses debates, as autoridades terão que resolver os problemas. Por exemplo, a quantidade de viagens feitas a pé na cidade de São Paulo é maior do que as realizadas de metrô, por diversos fatores. Um deles é que não há nenhum tipo de transporte para atender as pessoas que fazem essa opção. Se o perueiro fosse trabalhar onde precisa e é economicamente viável, novos negócios seriam gerados. Falta organizar o segmento.” Para ele, isso é possível através de discussões com os envolvidos e o IHTT se encarrega de promovê-las.
 

Interação
Entre as ações do instituto, Teixeira destaca a feita em parceria com a Prefeitura de Bertioga e a empresa 3M para reduzir o alto índice de atropelamentos de ciclistas naquela localidade, moradores que precisam atravessar a estrada para ir, por exemplo, ao mercado ou à escola. “Com retalho de películas refletivas cedido pela 3M, adesivamos 3 mil bicicletas. O resultado é que elas ficarão mais visíveis e diminuirá o número de mortes.” De acordo com ele, esse trabalho será feito também no Guarujá.

Além disso, o IHTT tem uma peça de teatro pronta, cujo tema é mudança de comportamento e valorização da vida, a ser interpretada nas estações do Metrô de São Paulo, e está com a campanha “taxista da família”, juntamente com os trabalhadores desse setor, de modo a incentivar o uso dos seus serviços, em lugar de a pessoa comprar o segundo ou terceiro carro. “É mais barato e seguro”, acredita.

Para Teixeira, essa linha de trabalho vai ao encontro da finalidade do IHTT, de garantir o ir e vir com segurança, conforto e fluidez. “Trânsito e transporte não podem ser tratados como apenas mais um problema, pois afetam a todos. É no nosso segmento que circula toda a riqueza do País, então as pessoas precisam interagir com ele.”

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