Projeto
que altera CLT e flexibiliza |
É grande a possibilidade de retirada do regime de urgência
constitucional do projeto de lei nº 134/01, em tramitação no Senado, que
altera o artigo 618 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e
flexibiliza direitos. A análise é do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB),
embasado no fato de o Governo estar encontrando dificuldades para aprovar a
matéria naquela casa nesse momento. Um desses obstáculos seria, conforme divulgou o Diap
(Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), a exigência do PMDB
de retirada do regime de urgência do PL 134/01 em troca da rápida aprovação
da PEC 407/01, que prorroga a CPMF até 2004, no Senado. Assim que a
proposta chegar àquela casa, após passar por votação em segundo turno na
Câmara dos Deputados, deve ser formalizado o pedido de retirada. É importante que se confirme esse quadro, até para
aliviar a pressão que os sindicatos de trabalhadores vêm sofrendo nas
negociações. Antes mesmo de ser aprovado, o projeto – que passou apenas
pela Câmara, em 4 de dezembro último, sob o nº 5.483/01 – já começa a
mostrar a que veio. Em campanha salarial, o Sinpro-SP (Sindicato dos
Professores de São Paulo), por exemplo, ao sentar-se à mesa com entidade
patronal, foi surpreendido com propostas que visam claramente a flexibilização
de direitos. O presidente do sindicato, Luiz Antonio Barbagli, conta:
“Nossa data-base é em 1º de março e começamos as negociações em
novembro. Entregamos a pauta de reivindicações dos professores, entramos
em férias escolares e os parlamentares em recesso. Quando voltamos, a
conversa era que o projeto já havia sido aprovado na Câmara e o seria no
Senado. Sob essa ótica, uma das propostas que fizeram era pagar o salário
em dia indefinido, quando a escola tivesse caixa. Outra era relativa à
demissão por justa causa, no caso de o professor não entregar notas no dia
e horário, não cumprir o programa ou o regimento interno do
estabelecimento. Quanto às férias, queriam mudar o período.” Na análise de Barbagli, esses fatos demonstram a real
dimensão do estrago que resultaria da aprovação desse projeto. “Em função
da desigualdade que existe hoje na relação capital-trabalho, o receio é o
empregado ter que ceder substancialmente sobre os seus direitos
garantidos”, observa Canindé Pegado, secretário geral da CGT (Confederação
Geral dos Trabalhadores). O presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos
Pinheiro, salienta: “O trabalhador pode ter de negociar para manter o que
já tinha assegurado por lei. Em tempos de recessão e forte desemprego, não
é difícil imaginar o resultado de tal mudança, que seguramente levará à
maior precariedade das condições de trabalho.” Por tudo isso, o movimento sindical tem feito ampla
campanha contra a aprovação do projeto a toque de caixa, e em momento tão
inoportuno. Enquanto não se consolida a retirada do regime de urgência, a
CUT (Central Única dos Trabalhadores) mantém, inclusive, programada greve
geral para o dia 21 de março. Propaganda
enganosa Segundo a entidade, um total de R$ 22 milhões foi
destinado a duas empresas, até 28 de janeiro, para que fizessem esse
trabalho. Uma delas teria recebido R$ 2,5 milhões e seria responsável pela
campanha publicitária com inserções em horário nobre na TV, nas rádios
e em grandes jornais, na qual os presidentes da Força Sindical e da
Socialdemocracia Sindical defendem o projeto. Os anúncios são assinados
pelo Ministério do Trabalho e Governo Federal. Parlamentares e partidos também questionaram tal
veiculação. O deputado Ricardo Berzoini (PT) entrou com representação no
Ministério Público contra a propaganda, no dia 27 de fevereiro. Conforme a
Agência Câmara, a alegação do parlamentar é que essa fere o princípio
da administração pública, uma vez que o projeto de lei ainda não foi
aprovado. Já o PCdoB ingressou no dia 28 daquele mês com Ação Popular.
De acordo com o deputado Aldo Rebelo, o pedido é de imediata suspensão da
campanha publicitária e devolução aos cofres públicos do dinheiro gasto
com isso. “É uma forma de pressão para aprovação do projeto de lei com
dinheiro público. Estamos aguardando decisão da justiça quanto à questão”,
afirma. |