Mulher, sociedade e trabalho |
O movimento feminino de reivindicação de direitos
trabalhistas deu seus primeiros sinais em meados do século XIX, e atingiu o
auge da indignação quando um fato inusitado ocorreu na cidade de Nova York
envolvendo 129 mulheres operárias de uma indústria têxtil que foram
presas pelos seus patrões, dentro da fábrica, onde morreram queimadas. O
crime foi cometido com o objetivo de impedir que elas tivessem contato com o
sindicato de empregados para reclamar seus direitos. Esse acontecimento lastimável transformou-se no marco
da indignação feminina americana, e daí nasceu o 8 de março – Dia
Internacional da Mulher –, comemorado em todo o mundo como o dia que
simboliza a luta contra a discriminação machista que atinge a mulher na
sociedade e no mercado de trabalho. Essa
luta, que já tem mais de um século, continua até hoje, apesar de nos
centros mais desenvolvidos do mundo ter havido expressivo progresso, onde a
mulher já é menos discriminada por ter conquistado expressiva independência
e direitos que a tornam relativamente emancipada. Uma das provas de que a luta não terminou ainda é a
grita mundial das mulheres cientistas que trabalham com Física Pura e Física
aplicada e estão se reunindo numa conferência na França, na sede da
Unesco, para discutir o machismo dos cientistas físicos que não colaboram
para que o sexo oposto adentre à carreira da pesquisa científica no campo
da Física. Para nosso orgulho, quem comanda o grupo de mulheres físicas,
ligadas à União Internacional de Física Pura e Aplicada, é a cientista
brasileira Márcia Barbosa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Essa citação, além de uma homenagem às brasileiras, visa reafirmar que a
discriminação da mulher vai desde o chão da fábrica até a universidade,
em todo o mundo. Às vésperas da comemoração do Dia Internacional da
Mulher, os jornais repetiam matérias sobre, por exemplo, o crescimento do
mercado de trabalho para a mulher em São Paulo. Ao analisarmos as estatísticas, verificamos que o aumento da
taxa de participação feminina no mercado foi de apenas 1% no ano de 2001,
isto é, quase nada num mercado de 4,1 milhões de mulheres. Num universo de
9,2 milhões de pessoas que trabalham em São Paulo, a taxa de desemprego
para a mulher, e aqui incluindo a engenheira, atinge 21%, contra 15% para o
homem. O Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo,
representado pela sua Direção Coletiva, tem a honra de exaltar a efeméride
de 8 de março, solidarizando-se com o movimento mundial contra qualquer
forma de discriminação e em favor dos direitos da mulher. Eng.
Murilo Celso de Campos Pinheiro |