Dia
8 de março marca luta contra a discriminação sexual |
O Dia Internacional da Mulher foi instituído em 1910
e a data – 8 de março – escolhida em homenagem a operárias mortas em
1857 enquanto lutavam pela redução de jornada. Apesar desse conteúdo
essencialmente político, o comércio tenta banalizar a data para transformá-la
em mais uma ocasião de bons lucros. Publicidade veiculada na TV elogia a mulher no seu
papel de mãe, como se reproduzir fosse sua única função. Nos jornais,
empresas parabenizam o charme e a beleza ou aquela que torna a vida dos negócios
mais agradável, ou seja, reforçam a idéia contra a qual se luta, da
mulher como objeto, no papel de coadjuvante, sempre a serviço do homem e
para o seu deleite. O 8 de março é um dia para marcar a luta das
mulheres contra a discriminação. Em pleno século XXI, mantêm-se as
diferenças no mercado de trabalho. Assim, entre a população feminina, o
desemprego e a inserção em postos de trabalho vulneráveis continuam
maiores. É o que aponta a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) realizada
pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos),
Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e instituições
locais em seis regiões metropolitanas, incluindo São Paulo. De acordo com
a pesquisa, que compara dados de 2000 e 2001, a proporção feminina em
condições de trabalho precárias e sem nenhum benefício social é
superior à masculina, em todas as localidades pesquisadas. Nem mesmo o aumento da escolaridade contribui à redução
das diferenças. As mulheres em geral ganham menos que os homens, em igual
função e nível de instrução. Entre os trabalhadores com carteira
assinada com nível superior, aí incluída obviamente a categoria dos
engenheiros, a desigualdade na remuneração é ainda maior. Desse universo,
conforme a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), enquanto 52,8%
dos homens recebem mais de dez salários mínimos, apenas 30,1% das mulheres
atingem esse patamar. Bom seria que aquelas empresas que ocuparam espaço na
mídia no Dia Internacional da Mulher aproveitassem a oportunidade não para
dizer bobagens, mas para anunciar a adoção de políticas de salários
iguais para homens e mulheres na mesma função, a punição ao assédio
sexual e moral e a instalação de creches junto aos locais de trabalho.
Isso sim seria um presente para todas as mulheres trabalhadoras e, em
especial, para cerca de 25% das brasileiras chefes de família, segundo a
pesquisa do Dieese em seis regiões metropolitanas, que são mais fortemente
afetadas por todas essas questões. Eng.
Maria Célia Ribeiro Sapucahy |