Presidente do Crea-SP tem candidatura à reeleição impugnada

Na madrugada do dia 11 de junho, a plenária do Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) deliberou por manter a impugnação da candidatura de José Eduardo de Paula Alonso, atual presidente do Crea-SP, à reeleição. Com isso, os conselheiros confirmaram decisão que havia sido tomada pela CEF (Comissão Eleitoral Federal) em 1º de junho.

Considerado inelegível pela instância máxima de decisão do Sistema Confea/Creas, o candidato ficaria fora do pleito marcado para 3 de julho. Restou-lhe apenas a alternativa de buscar na Justiça uma liminar que o autorizasse a participar da disputa. Sua candidatura, contudo, permanece sub judice e poderá ser cancelada a qualquer momento.


Irregularidades
Entre as denúncias contra Alonso estão a promoção pessoal à custa do Crea-SP e a malversação dos recursos do Conselho, que é uma autarquia federal e, portanto, instituição pública. No primeiro item, o presidente do Crea-SP criou nova logomarca para a instituição, associando a ela a inicial de seu próprio nome. Sugestivamente, o “A” é um compasso, símbolo da maçonaria que, aparentemente, também foi apropriado pelo candidato. O novo símbolo consta de material institucional da entidade, incluindo sua revista, outdoors espalhados pelo Estado e anúncio pago veiculado na imprensa. Além disso, Alonso distribuiu chaveiros que traziam impressos tanto o símbolo oficial do Crea como sua marca pessoal, apresentou ele mesmo, embora um profissional do ramo fosse mais indicado, programa de TV em homenagem ao Dia do Engenheiro (11 de dezembro) e não perde oportunidade de veicular suas realizações por meio do site da entidade.

Com relação à má administração das verbas do Crea-SP, consta, em representação feita junto ao Ministério Público Federal, em 29 de maio último, a dispensa de licitação para a atualização do sistema central de computação, no valor de R$ 1,2 milhão, o que contraria a Lei das Licitações. A mesma irregularidade foi apontada em duas contratações da empresa Integris S/A, a valores de R$ 95.200,00 e R$ 814.680,00.


Reserva
Chama a atenção nessa história o que parece ter sido uma precaução de Alonso em relação aos riscos que sua candidatura corria. Além dele, e do engenheiro Murilo Campos, que representa uma proposta alternativa, está inscrito para o pleito José Tadeu da Silva, mais conhecido como Tadeuzinho, ocupante de cargo de confiança no Crea-SP e braço direito de Alonso. Salvo alguma outra explicação, tudo indica que a manobra – inscrever seu assessor como adversário – visava garantir o continuísmo, fosse sob seu próprio nome ou o de seu preposto.

Esse foi um entre outros artifícios dos quais lançaram-se mão para garantir que as eleições no Sistema não representem mudanças efetivas no Crea-SP. Por exemplo, a Comissão Eleitoral Regional, num só lance, já havia conseguido agredir a democracia e o bom-senso: recusou todas as solicitações de instalação de mesas receptoras feitas pelo SEESP, num total de 159.  Nada mais absurdo, tendo em vista que a entrega da relação das urnas foi feita em estrito acordo com o regimento eleitoral.

Mais uma vez chega-se à conclusão que o intuito era beneficiar o candidato da situação, já que as urnas aprovadas pela comissão, em sua maioria, eram exatamente aquelas localizadas em redutos eleitorais do atual presidente do Crea-SP, sob controle de suas inspetorias. Se o beneficiado nesse caso tem nome, os prejudicados são a democracia e os engenheiros, arquitetos, agrônomos, geólogos, tecnólogos, geógrafos, meteorologistas e técnicos do Estado de São Paulo. A recusa das urnas propostas pelo SEESP, localizadas nas empresas e instituições onde os profissionais exercem suas funções, equivale a tentar alijá-los da votação, dificultando seu acesso às mesas receptoras. Felizmente, em recurso junto à CEF (Comissão Eleitoral Federal), o SEESP conseguiu validar as urnas que, em boa parte, foram também confirmadas pelo plenário do Confea.

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