História
e expectativas |
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Embora afastada há algum tempo da militância partidária,
não pude escapar da emoção ao ver Luiz Inácio Lula da Silva eleito
presidente. O acontecimento fez voltar à memória os fatos que pareciam
esquecidos: a criação do diretório do PT na cidade de Caçapava, as eleições
de 1982, as visitas de Lula, que
em minha casa tomava uma aguardente com mel para “amaciar” a voz para o
comício que aconteceria a seguir, a presença sempre suave e obstinada do
hoje senador Eduardo Suplicy. Os comícios em Caçapava, como as propagandas, eram
pobres de recursos. Mantínhamos o diretório com a venda de camisetas e
adesivos, produzidos por nós mesmos na sede local do partido, que durante
muito tempo funcionou no meu escritório. Disputamos a eleição municipal e, apesar das
dificuldades, tivemos um resultado surpreendente. Valdemir Cavalcante, à época
meu marido, foi o candidato a prefeito e obteve 10,4% dos votos. Percentual
bastante bom para um partido recém-nascido numa cidade de forte tradição
militar, onde, até pouco tempo antes, os generais e coronéis mandavam e
desmandavam, prendiam e arrebentavam. Após 20 anos, os obstáculos do passado só fazem
engrandecer a conquista de hoje, festejada por todo o País como a vitória
de milhões de brasileiros.
Alguns companheiros, dirigentes engenheiros,
manifestam preocupação com relação às reformas sindicais mencionadas
por Lula em seu primeiro pronunciamento. Porém,
é preciso lembrar que o presidente eleito também tem dito que toda
mudança será precedida de
amplo debate, o que também está expresso em seu programa de governo. O
documento da Secretaria Sindical do PT (www.pt.org.br) diz textualmente:
“Para encaminhar a agenda sindical, nossa prioridade é atuar na CUT. Mas
existem sindicatos independentes e a CUT não é exclusiva dos sindicalistas
do PT.” Em recentes declarações à imprensa, o presidente da
CUT, João Felício, tem proposto mudanças que não interessam aos
sindicatos de categorias diferenciadas, como é o caso dos engenheiros.
Apesar disso, não há motivo para supor que o próprio Felício, que tem
participado de inúmeras atividades do SEESP,
não esteja disposto a debater conosco essa questão. Menos motivos
ainda há para que não proponhamos a discussão ao futuro governo – com
tranqüilidade, serenidade e com a confiança que merece um presidente
nascido em bases sindicais. Eng. Célia Sapucahy |
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