O
direito dos trabalhadores a uma |
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Um dos grandes males herdados dos nossos anos de
chumbo, assentado com marcas indeléveis no inconsciente coletivo da elite
econômica nacional, é o de que o subproduto do movimento social organizado
sempre será o ferrolho que impede a abertura das portas ao desenvolvimento. É verdade que a massa trabalhadora sempre quer mais
– no mínimo para repor perdas que lhe são impostas –, mas ninguém
estará cometendo qualquer heresia se outra verdade, nua e crua, for posta
à mesa: a de que é justamente às custas da vida da população que têm
sido compensados os rombos causados pela incompetência, pela má gestão,
pelo despreparo, pela má-fé e outros tantos descaminhos que parecem sempre
conduzir o País ao desterro social. Tire-se dos trabalhadores os meios de organização e
sua voz também ficará ainda mais tênue. E essa é uma questão da ordem
do dia, porque justamente um trabalhador chegou ao comando desta Nação. Lula é uma liderança forjada na luta pelos direitos
da população assalariada e no mesmo meio sindical do qual se quer suprimir
a sustentação e a representatividade, a interpretar-se o que alardeiam
alguns auto-proclamados porta-vozes do novo governo. O próprio presidente
eleito diria, um ano atrás, que não são os direitos duramente
conquistados pelos trabalhadores em longas décadas de sacrifício – e
entre eles está a construção da sua força representativa por categoria
profissional – que aumentam o chamado custo Brasil. Em nome de que, então,
seria necessário virar de ponta cabeça a estrutura sindical brasileira? Por falta de discernimento isso não aconteceria, já
que é mastodôntica a distância entre os sindicatos realmente
comprometidos com suas atividades-fim, de representação e defesa dos
direitos dos trabalhadores, e aqueles inermes que, olhando para o céu,
apenas esperam a hora do dinheiro cair no seu caixa. Ademais, é de uma
ordem bíblica o fato de que os justos não devem pagar pelos pecadores. Em nome de um suposto fortalecimento das centrais também
não seria. É de se pensar sobre que má representação exerceriam elas,
comunicando-se via sistema remoto com trabalhadores que lhes são tão
distantes – ou melhor, com apenas um terço deles, já que os demais dois
terços dos 12 mil sindicatos de trabalhadores do País sequer a elas são
filiados. E se uma futura extinção da contribuição sindical obrigatória
levar à falência 90% dos sindicatos do País, como se prevê, que
representatividade terão as centrais, formadas e mantidas pelas próprias
federações e sindicatos de trabalhadores? Mas o movimento sindical dos engenheiros não quer ser
refratário ao que se diz novo e moderno. Apenas acha que qualquer mudança
só encontra sentido se houver clareza nos seus propósitos e se, na razão
entre os lucros e perdas, restar um saldo positivo inquestionável para a
organização dos trabalhadores. E também se eventuais alterações forem
construídas no palco legítimo e democrático da discussão de idéias –
até porque pretendemos todos, agora e de uma vez por todas, ter deixado no
século recém-passado o tempo das imposições. O que é inaceitável é que, feito rastilho de pólvora,
continue serpenteando pela mídia um súbito conceito de que a estrutura
sindical brasileira tenha sido construída de forma a obstruir o
desenvolvimento do trabalho, a organização dos trabalhadores e o próprio
crescimento do País. Esse era um discurso que mais se ajustava ao poder nos
idos dos anos 60, e parece muito, mas muito distante de qualquer exemplo
disponível sobre qualquer sistema sindical existente não apenas aqui, mas
pelo mundo afora. Eng. Jorge Luiz Gomes |
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