Dia-a-dia

Sanitarista apresenta solução à escassez de água

Soraya Misleh

Contribuição importante à não-contaminação do meio ambiente é dada por esse profissional, no exercício de sua função. Quem garante é o engenheiro sanitarista Wagner Rodrigues. “Tecnicamente lidamos com água, esgoto e efluentes industriais. Somos os que minimizam a poluição através de idéias, projetos e sistemas de tratamento”, afirma.

Engenheiro mecânico formado pela Universidade de Santa Cecília em 1976 e pós-graduado sanitarista pela Faculdade de Saúde Pública de São Paulo em 1978, é diretor da divisão de saneamento da Tecniplas Tubos e Conexões Ltda., fabricante de equipamentos para tratamento de água e esgoto. No seu dia-a-dia, ele participa da elaboração do projeto de estações, de sua construção, bem como do treinamento de técnicos para a operação e manutenção. “Temos tecnologia para implantar sistemas em pequenas comunidades, de forma localizada. Com isso, começamos a atender principalmente condomínios, loteamentos residenciais e escolas.” Rodrigues enfatiza que tais estações têm a vantagem de permitir o reuso da água, o que representa economia nesses locais de mais de 40%. “Em condomínios, nosso projeto prevê uma caixa de água recuperada para as áreas comuns. E isso, no final, será a nossa salvação (para o problema de escassez do precioso líquido).”

Segundo ele, um caso exemplar é o projeto que acaba de implementar no Centro de Instrução do Corpo de Bombeiros, em Franco da Rocha, que reúne 3 mil alunos. “Desenvolvemos um equipamento para tratar todo o esgoto ali gerado, que é recolhido e levado a uma estação de tratamento da própria escola. A água resultante do processo é reservada e reutilizada para apagar os incêndios ali provocados (nas aulas práticas). É um exemplo de reaproveitamento, um benefício monstruoso não só para a comunidade como à própria empresa de saneamento da cidade.”

Envolvido agora com o “Projeto Bonete”, de despoluição total de Ilhabela, situada no litoral norte de São Paulo, Rodrigues conta que esse trabalho, contratado pela Prefeitura local, prevê a construção de três estações de tratamento de esgoto em três bacias e mais a solução do problema junto à comunidade caiçara que deu nome ao projeto. “Esses habitantes estão contaminando o mar, por não terem sistema de tratamento básico e coleta de esgoto. A iniciativa dará a cada residência uma estaçãozinha compacta que substituirá a fossa, tanque de acumulação que precisa ser limpo periodicamente, o que nem sempre ocorre. Conseqüentemente, acaba por transbordar e o esgoto por infiltrar-se no subsolo, contaminando o lençol freático.” A conclusão do “Projeto Bonete” está prevista para setembro e qualificará a ilha à obtenção da ISO 14000.

Além dos municípios e do próprio Estado, outro grande cliente seu são as indústrias, para as quais desenvolve equipamento para o tratamento de efluentes. Conforme a legislação, “as novas, quando vão se estabelecer, precisam já ter definido esse sistema e as instaladas são obrigadas a se adequar às normas”.

Carência – Rodrigues salienta que prevalece no Brasil a falta de consciência política do que é saneamento. “Nesses 30 anos em que atuo na área avançou-se muito pouco nisso.” Conseqüentemente, hoje “mais de 70% de todo o esgoto produzido no País não tem tratamento”. Do sanitário, sua informação é que, em média, 40% não é coletado, e do industrial, assombrosos 90%.

Para resolver o grave problema ambiental decorrente dessa situação, a Nação precisa de mais engenheiros sanitaristas. Conforme o diretor da Tecniplas, há poucos com essa formação e não há muitas empresas especializadas. “Falta conhecimento sobre o assunto e o mercado, que é atraente, paga muito bem, mas a profissão requer estudos permanentes e atualização quase diária”, avisa.

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