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          Quando se discute a gestão de recursos hídricos, vem se 
          tornando tema fundamental a radioatividade das águas e suas prováveis 
          conseqüências para o consumo de humanos e animais. Ela pode 
          ocorrer de forma natural, migrando do solo ou das rochas, através 
          da dispersão de elementos como urânio, rádio e o 
          gás radônio. Mas, com o incremento de tecnologias nucleares 
          e fontes industriais, como as dedicadas aos fertilizantes fosfatados 
          e ao gesso, há um aumento das possibilidades de danos. 
           
          Os malefícios gerados pela presença excessiva desses elementos 
          nos organismos podem propiciar “cânceres pulmonar e estomacal, 
          além de comprometer o desenvolvimento ósseo das crianças”, 
          afirma o físico Daniel Marcos Bonotto, especializado em abordagens 
          hidrogeoquímicas envolvendo os radioelementos naturais. Ele é 
          pós-doutorado pela Universidade de Bath, Inglaterra, e livre-docente 
          pelo IGCE (Instituto de Geociências e Ciências Exatas) da 
          Unesp (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita 
          Filho”), campus de Rio Claro, onde leciona para pós-graduandos 
          em Geociência. 
           
          Há oito anos, Bonotto dedica-se às pesquisas que originaram 
          seu livro recém-lançado: “Radioatividade nas águas 
          – da Inglaterra ao Guarani”, em referência ao aqüífero 
          gigante do Mercosul, um dos maiores do planeta, com quase 1 milhão 
          de quilômetros quadrados. Sua evolução hidroquímica 
          atinge o raio coberto por países como Argentina, Uruguai e Paraguai 
          e os estados brasileiros do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, 
          Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo. 
        Identificar 
          riscos 
          O livro, lançado pela Editora Unesp, cujo trabalho foi financiado 
          por bolsas da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa 
          do Estado de São Paulo) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento 
          Científico e Tecnológico), traz conclusões que 
          podem aperfeiçoar os modelos para cálculo da atividade 
          do radônio e amplia os conhecimentos sobre o aqüífero 
          Guarani. Daí, sua importância para os engenheiros civis, 
          sanitaristas e ambientais que lidam com a construção de 
          poços e são responsáveis pela distribuição 
          do precioso líquido. 
           
          Como a tendência atual de estocagem dos detritos radioativos é 
          enterrá-los a profundidades superiores a 2 mil metros, Bonotto 
          vê que “a questão da migração da água 
          subterrânea assume um aspecto primordial, pois os radionuclídeos 
          poderiam retornar à superfície com a circulação 
          dessas águas”. 
           
          Em São Paulo, cerca de 50 cidades recebem medidas “ainda 
          esporádicas”, enquanto poucas possuem intervenções 
          sistemáticas de medição e controle. Um exemplo 
          é o município de Itu, “onde rejeitos radioativos 
          mesmo de baixa atividade ocasionaram problemas e tiveram de ser transferidos”. 
           
          Para quem busca formação na área, a Unesp de Rio 
          Claro mantém pós-graduação em Geociência 
          e Meio Ambiente. Em São Paulo, o Ipen (Instituto de Pesquisas 
          Energéticas e Nucleares) e o Instituto Astronômico e Geofísico 
          da USP (Universidade de São Paulo) são as fontes de novos 
          conhecimentos sobre o assunto. 
        Serviço: 
          Radioatividade nas águas – Da Inglaterra ao Guarani – 
          260 páginas, R$ 39,00 
          Mais informações podem ser obtidas nos sites relacionados: 
          Agência Nacional das Águas: www.ana.gov.br 
          Unesp Rio Claro: www.rc.unesp.br 
          Quem quiser pode escrever para o autor: 
          dbonotto@rc.unesp.br 
             
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