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04/07/2016

Economia e política rumo ao Brasil 2022

A conjuntura atual no País foi debatida durante a 9ª Jornada Brasil Inteligente, realizada pela CNTU no dia 1º último, na sede do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp), na Capital. À mesa-redonda "Economia e política rumo ao Brasil 2022", além de diagnóstico, foram apresentadas saídas para a retomada do desenvolvimento nacional, com sustentabilidade.

Integrante da Auditoria Cidadã da Dívida, a advogada Carmem Cecilia Bressane inaugurou a atividade, salientando a potencialidade do Brasil: "Somos a nona economia mundial, já fomos a sétima há pouco tempo. O nióbio é um elemento químico que serve para deixar o aço com liga fortíssima e o Brasil detém 98% das reservas mundiais, além de diversas outras riquezas minerais. É o terceiro em reservas de petróleo e com o pré-sal, pode chegar a primeiro. Possui a maior área agriculturável do planeta e a maior reserva de água potável." A despeito disso, como apontou, convive com a falta de recursos "para tudo, saúde, educação, para a sociedade". Bressane salientou, contudo, que a crise econômica "é seletiva": "Em 2014, o lucro dos bancos foi de mais de R$ 80 bilhões e em 2015, superou essa marca. A indústria hoje corresponde a menos de 9% do PIB e já foi 30%. Há queda de emprego, perdas salariais, encolhimento do PIB. A proposta de ajustes fiscais é de cortes na área social e mais impostos, que atingem as classes baixa e média. Não se tributam as grandes fortunas. Por outro lado, há avanços para financiar mais concessões ao mercado. Não há justificativa técnica, política ou jurídica para os juros que temos no País. No mundo inteiro, situam-se em torno de 1%. Quem lucra é o sistema financeiro." Ainda segundo ela, entre 31 de janeiro e 31 de dezembro de 2015, o aumento da dívida pública interna foi de R$ 732 bilhões. "Para onde foi esse dinheiro? Não houve contrapartida na economia brasileira. O pagamento do sistema da dívida corresponde a R$ 2,6 bilhões por dia, seria o equivalente à construção de 2,5 estádios do Corinthians." E vaticinou: "É o maior ralo por onde escorre quase metade do orçamento ano a ano." Diante desse quadro, a advogada propugnou por auditoria. E criticou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, em tramitação no Congresso Nacional, que "impedirá o aumento de gastos sociais por 20 anos, além de não prever que se impeça a dívida pública". Também defendeu o financiamento público de campanha.

Para o analista político da CNTU, João Guilherme Vargas Netto, diferentemente do que alguns afirmam, essa não é a pior crise da história do Brasil. "A crise verdadeira que o País enfrenta é na economia, com a recessão brutal que atravessa." Segundo ele, "não temos essa sensação, devido ao colchão social representado pelo seguro-desemprego, bolsa família e informalidade, sobre o qual a massa da população se apoia há mais de 12 anos. Por isso, os dirigentes estão subestimando essa situação." Não obstante, houve, de acordo com ele, acordos salariais melhores do que em 2015. "O Brasil tem 102 milhões de trabalhadores e 12 milhões de desempregados. A taxa média é 12. Em jovens, é três vezes mais e em profissionais universitários, quatro.” Vargas Netto alertou que o governo interino de Michel Temer deve aprofundar esse quadro. “Quando acabar a provisoriedade, ele vai mostrar a verdadeira face. O núcleo econômico, com Henrique Meirelles à frente, é o mais poderoso, homogêneo e neoliberal da história do Brasil. A Petrobras foi entregue a uma direção rentista. Temer sancionou a lei das estatais, que impede o projeto executivo em obras.” Sob essa perspectiva, o analista político avisou: “Não podemos nos esconder sob a não legitimidade do governo para impedir que o pior aconteça. O sistema profissional falhou na linha estratégica de desconsiderar o governo e esperar uma solução mágica. É preciso esforço de unidade das centrais sindicais para resistir à reforma da Previdência.”

Economista e diretor da CNTU, Odilon Guedes corroborou: “O Brasil está nas mãos dos banqueiros. A política há muitos anos tem sido essa. O governo anterior teve equívocos na política econômica, e Temer é um desastre total. O País corre o risco de ser recolonizado. Estão congelando gastos com saúde e educação e a taxa Selic está em 14,25%. No ano passado, foram pagos R$ 500 bilhões em juros da dívida pública. Tem-se o pensamento único na mídia. O Brasil é rico, mas há uma concentração de renda brutal.” Na sua ótica, a solução exige propostas reais e coragem política. “Passa por abaixar os juros, realizar reforma tributária e investir em infraestrutura, educação e saúde para o País voltar a crescer e se desenvolver.”

 

 

Soraya Misleh
Imprensa SEESP

 

 

 

 

 

 

 

 

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