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       Pesquisa
      do IBGE revela situação crítica   | 
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     Dados da PNSB (Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
    2000), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
    revelam fragilidade no setor e servem de alerta aos riscos aos quais a
    população está exposta. O ponto positivo ficaria por conta do
    abastecimento de água, que chegou a  97,9%
    dos 5.507 municípios.  No entanto, a proporção de água distribuída sem
    tratamento aumentou de 3,9% (1989) para 7,2% (2000) do volume total de 43,9
    milhões de metros cúbicos diariamente. O problema é ainda mais grave com
    relação ao esgoto: 47,8% dos municípios não têm o serviço. Além
    disso, 63,6% dos resíduos das grandes cidades vão parar em lixões e
    alagados. A lista é extensa e assustadora (veja quadro). A situação apurada, de acordo com a coordenadora da
    pesquisa, Lilibeth Cardozo Roballo Ferreira, “ainda é muito
    preocupante”, especialmente sendo o saneamento uma questão básica como
    indicador social de qualidade de vida da população. A pesquisa, segundo
    ela, pode ajudar a mudar o quadro. “Com esses dados do IBGE 
    é possível fazer com que os investimentos sejam direcionados de
    forma mais acertada.”  Para João Carlos Gonçalves Bibbo, vice-presidente do
    SEESP, o resultado da PNSB não foi surpresa. Ele lembra que a universalização
    dos serviços de saneamento tem sido uma bandeira constante do SEESP. Entre
    as batalhas nessa questão está a oposição ao substitutivo do deputado
    Rodolfo Marinho (PSDB-CE) ao Projeto de Lei 4.147 e à privatização da
    Sabesp. Um diagnóstico da situação e propostas para revertê-la já foram
    elaboradas pelos dirigentes da entidade Nercy Donini Bonato, José Soares
    Pimentel e Cid Barbosa Lima Júnior. O documento, aprovado durante o II
    Cetic (Congresso Estadual Trabalho–Integração–Compromisso), realizado
    entre os dias 22 e 24 de março, será entregue aos candidatos que disputarão
    as próximas eleições. Em síntese, as idéias são: promover o
    planejamento do uso da água como fator na gestão democrática; reafirmar a
    responsabilidade do Estado nos diferentes setores produtivos, visando
    proteger os recursos hídricos; atingir a universalização do serviço de
    abastecimento de água, esgoto, tratamento e disposição adequada dos
    esgotos com alternativas de financiamento, não através de tarifa, e
    implantar o sistema  de
    saneamento com controle social. Deseconomia Na avaliação de Cid Barbosa Lima, “o maior
    problema do saneamento foi o Governo Federal, há oito anos, vetar o Projeto
    de Lei 199, que definia o Plano Nacional de Saneamento, alegando que
    impediria atingir as metas acordadas com o FMI (Fundo Monetário
    Internacional) para reduzir o déficit público. Luís Américo Magri,
    engenheiro da Sabesp, vai além: “Chamar investimento de déficit é um
    absurdo, isso é uma imposição para defender interesses americanos e
    comprar as empresas de saneamento.” Nercy foi enfática: “Se
    permanecerem essas regras de não-investimento, em dez anos São Paulo terá
    situação ainda pior que a publicada pelo IBGE.” Além disso, 
    lembra ela, “em todos os países do mundo, tratamento e disposição
    adequada de esgoto e lixo não são feitos por tarifa, mas por meio de
    recursos de orçamento geral da União”. Um ponto fundamental para se
    chegar a uma solução, ressalta Bibbo, “é entender que saneamento não
    é negócio, mas serviço público”.  | 
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       o que mostra o estudo  | 
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    5.507 municípios no Brasil foram pesquisados. •
    O serviço de abastecimento de água alcançou 97,9%
    dos municípios e 63,9% dos domicílios. •
    A água distribuída sem tratamento aumentou 7,2% de
    1989 a 2000. •
    75% do volume de água tratada distribuída sofre
    processo convencional de tratamento. •
    A fluoretação é utilizada na água para reduzir a cárie
    dental em 45,7% dos municípios. •
    47,8% dos municípios brasileiros não têm coleta de
    esgoto, sendo a região Norte a mais afetada: 92,9% não contam com esse
    serviço. •
    66,5% dos domicílios não são atendidos por rede
    geral de esgoto; o serviço chega a apenas 2,4% dos domicílios na região
    Norte. •
    Dos 14,5 milhões de metros cúbicos de esgoto
    coletado, apenas 5,1 milhões recebem tratamento. •
    125.281 toneladas de lixo domiciliar eram produzidas
    diariamente em todos municípios brasileiros em 2000. •
    451 prefeituras têm coleta seletiva de lixo. •
    63,6% dos resíduos gerados nas grandes cidades são
    jogados em lixões e alagados. •
    2.569 municípios vazam lixo hospitalar no mesmo
    aterro sanitário dos resíduos urbanos. •
    24.340 catadores atuam nos lixões, sendo que 7.264
    moram nesses locais. •
    21,4% dos municípios não possuem sistema de drenagem
    das chuvas; o serviço falta a 11,9% das cidades na região Sudeste.  | 
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