A
evolução do saneamento em São Paulo |
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Em um panorama no qual se defende a importância da
gestão pública do saneamento, o engenheiro químico Armando Fonzari Pera
conta ao Jornal do Engenheiro um pouco da história desse segmento no Estado
de São Paulo, essencial à qualidade de vida. Com suas memórias relatadas por Manoel Henrique
Campos Botelho no livro “Uma vida tratando águas”, aos 85 anos, 58
deles dedicados ao tratamento de água, em especial no Interior, Pera divide
a história do saneamento em três fases. “A primeira era a do chafariz,
onde o pessoal ia buscar água limpa, vinda da serra.” Segundo ele, essa
cobre o período colonial e imperial, quando se confunde saneamento com
suprimento. Com o fim da escravidão, teve início a era das
epidemias, que perdurou até cerca de 1900. A cidade de Santos, em cujo
porto desembarcavam os estrangeiros, “não possuía estrutura urbana para
suportar o fluxo imigratório”. Além da Capital e de Santos, houve surtos
em inúmeras outras cidades. O Governo estadual designou em 1892 uma comissão para
fazer um levantamento do problema, da qual participavam engenheiros. “Eles
chegaram à conclusão que pelo menos 60 cidades – das 170 existentes no
Estado – deveriam ser imediatamente atendidas por um sistema de saúde pública.
Em dez anos o Governo fez o saneamento desses municípios.”
Com as revoluções de 1930 e 1932, foram extintas as
concessões. Enquanto na Capital o saneamento ficava a cargo da Repartição
de Águas e Esgotos, já constituída desde 1910, no Interior faltava um
controle. “Em 1938, o presidente Getúlio Vargas determinou a criação do
Departamento das Municipalidades para cuidar disso. Começaram a ser feitas
estações de tratamento de água e, em 1942, já eram 19. Mas não tinha
assessoria, até porque era algo mais especializado. Eu fazia estágio nessa
área e, indicado, assumi essa responsabilidade em 1942. Em um ano as estações
passaram de 19 para mais de 30”, lembra. Em 1947, foi extinto o Departamento das
Municipalidades, mas o serviço de engenharia continuou ativo. O período de
1950 a 1960 é considerado por Pera de reorganização do saneamento, que
teve seu auge em 1967. Com a falta de recursos, em 1974, o Governo Federal
resolveu intervir em São Paulo. “Ele constituiu o Planasa (Plano Nacional
de Saneamento) para conceder financiamento aos estados, porém, desde que
esses ficassem subordinados a ele. Em São Paulo, foi criada em 1973 a
Sabesp já para fazer o saneamento dentro das normas e exigências do
Planasa.” Aposentado há quatro anos, Pera foi chamado a assumir
novamente a parte do Interior. “Tínhamos cerca de 500 municípios e
montamos uma equipe de engenheiros. O plano era assistir anualmente 50
cidades para, em cinco anos, pôr o Interior em ordem. Até 1980, cuidamos
de 250 municípios, fora os 39 da Região Metropolitana de São Paulo, também
saneados. De lá para cá, cuidaram somente de 40”, lamenta. Das
cidades que não foram assistidas, umas 100 estavam abandonadas. Quanto àquelas que poderiam estar com boa qualidade
quando o plano se findou, ele admite: “Já se passaram mais de 20 anos e
muita coisa precisa ser feita. Porém, se compararmos com o restante do
Brasil, o Estado de São Paulo tem todos os seus municípios abastecidos com
água. E com qualidade aceitável.” |
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