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    MUDANÇA
    DE RUMO NO SETOR ENERGÉTICO   | 
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     No dia 22 de outubro, a cinco dias das eleições que
    definiram o nome do novo presidente do Brasil, que assumirá em 1º de
    janeiro de 2003, os projetos ao setor energético foram apresentados no
    SEESP pelos representantes dos candidatos ao cargo máximo. A questão, crucial ao desenvolvimento do País, foi
    objeto de debate durante o workshop “A energia e a sociedade – o
    que pensam os presidenciáveis”, promovido pelo Sindicato. Integraram os
    painéis representantes de diversos segmentos, incluindo entidades, empresas
    de energia e de gestão do setor elétrico, que formularam questões. Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
    respiram aliviados os críticos do modelo implementado por Fernando Henrique
    Cardoso a partir de 1995. O redesenho do setor está previsto, sem a
    continuidade das privatizações. As geradoras federais não devem ser
    vendidas e vai se buscar acordo com as gestões locais no caso das
    estaduais. “O Governo Federal tentará uma política nacional pactuada com
    os estados”, afirmou Luiz Pinguelli Rosa, diretor do Instituto Alberto
    Luiz Coimba de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da UFRJ.
    Coordenador do programa do petista para a área, ele representou Lula no
    painel “Empresas estaduais: expansão da oferta de energia” e enfatizou:
    “Não é voltar ao estatismo corporativista e sim ter um novo modelo onde
    Estado e iniciativa privada compartilham a responsabilidade. Não tem
    sentido mais essa discriminação, nem impedir as estatais de investir, nem
    deixar de incentivar o setor privado a fazê-lo.” Segundo exemplificou o
    professor, as empresas públicas Cemig e Copel funcionam. “São maneiras
    de fazer a ampliação da oferta de energia e uma distribuição
    adequada.” 
 E concluiu: “Temos todos que nos juntar para
    descascar o abacaxi que está aí. Vamos botar a energia elétrica para a
    frente para o Brasil avançar. É o objetivo nosso, desatando esses gargalos
    do gás natural da Bolívia e da energia de Itaipu dolarizada. Isso tudo
    precisa ser discutido, é programa de governo e sem preconceitos.” 
 O professor da USP lembrou da inconsistência
    macroeconômica do modelo, que propugna pela arriscada competitividade no
    setor, transformando a energia em mercadoria e incrementando a exclusão
    social. “Precisamos promover a inclusão de 53 milhões de brasileiros
    abaixo da linha de pobreza, 22 milhões de miseráveis e 13 milhões que não
    têm acesso à energia elétrica. A proposta alternativa abrange a retomada
    do planejamento integrado de recursos, combinado com expansão competitiva.
    Isso significa demanda e oferta articulados com parâmetros de
    desenvolvimento. Na medida do possível, descentralização e regionalização
    das atividades e inclusão de recursos locais renováveis e de conservação,
    pressões competitivas da expansão, mas sob nova ótica, aquela que pode
    realmente mobilizar fatores de produção, tecnologia, recursos naturais,
    pacotes de financiamento e promover uma redução de custos.” 
 A secretária enumerou uma série de questões que
    interferem na composição das tarifas. Entre elas, processos de dolarização
    que precisam ser desmontados. E lembrou que o equilíbrio econômico-financeiro
    estará dado se a tarifa for capaz de cobrir custos eficientes e uma
    remuneração de capital prudente. Quanto aos critérios para a população de baixa
    renda, que “precisa ser atendida”, de acordo com Dilma, o ônus de
    provar que se enquadra nessa categoria não pode ser dela.  | 
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