| 
     Morte
    da termelétrica, vitória do meio ambiente  | 
|
| 
     O fim de contrato de compra de energia elétrica entre
    a CPFL e o consórcio formado por InterGen do Brasil e Shell é apenas mais
    um dos indícios da morte do projeto Carioba 2, termelétrica de 945
    megawatts prevista para ser implantada em Americana. A CPFL desistiu do
    acordo que havia assinado em março de 2001, no qual se comprometia a
    comprar 7.000 gigawatts por hora/ano de energia elétrica – o suficiente
    para abastecer uma cidade de 2 milhões de habitantes – no valor de US$
    240 milhões.  O golpe, contudo, não foi suficiente para que seus
    idealizadores desistam da idéia. O consultor jurídico do projeto, Eugênio
    Franco Montoro, continua defendendo a viabilidade técnica e econômica da
    usina. Note-se que, embora tenham conseguido a licença prévia no Consema
    (Conselho Estadual do Meio Ambiente), os empreendedores ainda não
    apresentaram à Secretaria Estadual do Meio Ambiente o detalhamento das
    medidas compensatórias, sem o qual não podem solicitar a licença de
    instalação da usina.  De toda forma, o arrefecimento do projeto deve ser
    comemorado pela comunidade da região de Piracicaba. Sua implantação
    mobilizou a sociedade, que criou o movimento “Diga não à Carioba 2”,
    comandado pelo Jornal de Piracicaba, Conespi (Conselho das Entidades
    Sindicais de Piracicaba), SEESP, sindicatos dos Bancários, Alimentação,
    Metalúrgicos e dos Servidores Municipais, além da Associação dos
    Engenheiros e Arquitetos de Piracicaba, Conselho Coordenador, Sodemap
    (Sociedade Desenvolvimento e Meio Ambiente de Piracicaba), Aspab (Associação
    de Preservação Ambiental de Santa Bárbara D’Oeste) Grude de Americana,
    Fórum das Entidades Ambientais CBH – PCJ, deputados federais Antônio
    Carlos Mendes Thame, João Hermann Neto e Luciano Zica e os estaduais
    Roberto Moraes e Antonio Mentor, e vereadores da Câmara Municipal de
    Piracicaba. A frente teve início em março de 2001 e em apenas 30
    dias coletou mais de 64 mil assinaturas de cidadãos contrários ao
    empreendimento, por um nobre motivo: a defesa do Rio Piracicaba, ícone
    regional. A termelétrica previa captar 1.288 metros cúbicos por hora de água
    do rio, sendo que 97% dessa água não teria retorno. A quantidade seria
    suficiente para abastecer uma cidade de 110 mil habitantes. A defesa do Piracicaba pela população foi amparada
    em pareceres de especialistas, como o jurista Paulo Affonso Leme Machado, da
    Unesp de Rio Claro, Paulo Figueiredo, da Unimep, e professor Arsênio
    Oswaldo Sevá Filho, da Unicamp, que denunciaram problemas na planta da
    Carioba 2. Entre esses estavam poluição atmosférica, ruído e problemas
    de impacto de migração, numa região já adensada.  A mobilização social em Piracicaba trouxe à ordem
    do dia a questão das termelétricas no Brasil e o jogo indiscriminado do
    poder econômico em uma área estratégica, como é a da energia elétrica.
    Os novos rumos, que caminham para a suspensão definitiva do projeto Carioba
    2, delinearam-se após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. A ministra
    de Minas e Energia, Dilma Rousseff, está revendo o PPT (Programa Prioritário
    de Termeletricidade), além da regulamentação do mercado de energia. Nas
    próximas semanas, deverá anunciar o novo modelo do sistema elétrico para
    o País, o que incluirá as diretrizes para as termelétricas. Esperemos
    agora uma fórmula em que ganhem os cidadãos e o Brasil. Eng. Walter Antônio
    Becari  | 
|
| 
     
  | 
|