Indústria
têxtil: dos fusos e |
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Para fabricar suas vestimentas, as fiandeiras entrelaçavam
fibras de origem animal ou vegetal entre os dedos e depois enrolavam o fio
obtido em um bastão. Daí teve origem o trabalho com o fuso manual. O
processo é retratado em ilustrações do antigo Egito, que datam de 1.900
antes de Cristo. Algumas dessas imagens integram o acervo da Fundação
Bunge – Centro de Memória Bunge, que forneceu as informações sobre a
história da indústria têxtil no mundo para o Jornal do Engenheiro.
A entidade foi criada em 1955 em comemoração aos 50 anos da S.A. Moinho
Santista Indústrias Gerais. A companhia, que iniciou as atividades no setor
têxtil em 1924, com fiação e tecelagem, integra a memória do segmento no
Brasil. Neste País, o registro das primeiras fábricas data, segundo o
professor do curso de engenharia têxtil da FEI (Faculdade de Engenharia
Industrial), Paulo Alfieri, do começo do século XX, quando já eram
utilizados teares mecânicos. Antes disso, um longo caminho foi percorrido. A fiação
intermitente (em que o ato de fiar e enrolar era feito sucessivamente) foi
mecanizada na Índia entre os anos 500 a.C. e 750 d.C, acionada através da
roca. Somente muito tempo depois, por volta de 1300, esses equipamentos
chegaram à Europa, popularizando-se rapidamente. Todavia, o processo só
ganhou um pouco mais de agilidade em 1530, com a invenção da roca a pedal.
Na época, a criação representou progresso notável, pois permitia a fiação
contínua, como nas máquinas modernas.
A primeira carda mecânica (máquina que desembaraça,
destrinça e limpa fibras) foi criada em 1750 por Paul Lewis. Mas foi um
tecedor de algodão, James Hargreaves, que abriu o caminho decisivo à
ascensão que se seguiria. Acredita-se que a idéia surgiu com uma roca que
tombou acidentalmente, cuja roda continuou a girar. Isso inspirou-o a
construir uma máquina de fiar e ele fez a Spinning Jenny, de madeira, no
ano de 1763. O acionamento era manual, mas, mesmo assim, a produção se
multiplicou sensivelmente. As pioneiras, contudo, foram destruídas por
trabalhadores que temiam ser substituídos pela novidade. Algum tempo se passou ainda até surgir uma máquina
capaz de ser utilizada na indústria: a Waterframe, primeira fiadeira a
trabalhar de forma contínua. Acionada com água, foi patenteada em 1769 por
um de seus criadores, Richard Arkwright. Dois anos depois, ele montou a
primeira fiação mecânica de algodão. A tecnologia se difundiu para o restante da Europa e
novos progressos técnicos beneficiaram a indústria. A invenção do tear
mecânico por Cartwright, em 1784, foi uma contribuição importante à
produção de massa. No século XIX, houve outras, mas o ritmo das máquinas
ainda se manteve lento pelo menos até cerca de 1940. A partir de então,
novos equipamentos foram lançados, visando maior eficiência e rapidez.
Hoje o processo é totalmente automatizado. No Brasil, levou mais tempo à modernização. Segundo
a tecelã aposentada Hermine Demer, os teares utilizados nos anos 50 e 60
eram bem primitivos. E mesmo depois, quando houve um desenvolvimento
considerável, o professor Alfieri afirma que, no geral, a indústria
nacional continuou bastante atrasada em relação às de outros países até
a década de 80. “E quando tivemos a abertura do mercado no Governo
Collor, as indústrias têxteis se viram numa situação muito ruim, muitas
por estarem obsoletas. Inúmeras empresas desapareceram, houve fusões e as
que sobreviveram ou grande parte delas se modernizaram. Atualmente, são
competitivas em nível mundial.”
Até hoje, a FEI já formou mais de 1.200 e é a única
que propicia a graduação no Estado. As mudanças trazidas com a automação
refletiram nos currículos. “Antigamente, nossa grade era mais voltada a
projeto, cálculos, programação da produção. Hoje, é mais direcionada
ao gerenciamento estratégico”, confirma Regina. Informações sobre o
curso pelo site www.fei.edu.br. |
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