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     Memória Setor
    automotivo vive estagnação, após crescimento fantástico  | 
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     A
    montagem de veículos no Brasil teve início há cerca de 80 anos. “O índice
    de nacionalização era zero ou perto disso. Eram uns calhambeques da Ford e
    GM muito simples, que vinham já pintados e desmontados em uma caixa”,
    conta o engenheiro Márcio Migues, presidente do IQA (Instituto da Qualidade
    Automotiva). Contudo, como os carros não eram tropicalizados, ou seja, não-adaptados
    tecnologicamente ao local, segundo ele, surgiam alguns problemas, como o
    fato de o motor “ferver”. Isso estimulou o desenvolvimento de muitas
    oficinas para consertar radiadores, que posteriormente passaram a ser
    fabricantes do material. “Tal peça foi, até os anos 50, bastante usada,
    devido à criticidade da temperatura.” 
 Os
    primeiros carros nacionais A
    iniciativa somente foi levada adiante no início de 1956, já com Juscelino
    Kubitschek no poder. Ele criou o Geia (Grupo Executivo da Indústria
    Automobilística), que, conforme Migues, implantou as bases para a indústria
    automotiva nacional. Esse definia que em dez anos a nacionalização deveria
    ser total. Quando o setor partiu para atingir tal meta, gerou não apenas
    investimento, mas também um aprendizado na tecnologia de montagem de automóveis
    e fabricação de peças. “Em 1966 tínhamos o veículo nacional por excelência
    e as restrições para a importação de carros foram aumentando.” Alguns
    modelos chegaram, inclusive, a ser desenhados pelos engenheiros brasileiros,
    como o Aero Willis 2600 e o SP 2, mas concebidos sob tecnologia importada. 
 Vasto
    campo de trabalho Tal
    desenvolvimento repercutiu nos currículos das escolas de engenharia, os
    quais tiveram que ser adaptados a processos de produção da peça, da
    siderurgia, da metalurgia, da química e não só da mecânica. “Além
    disso, foram instituídos os cursos com ênfase na área automotiva. Os
    primeiros foram os da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), no final da
    década de 60.” A evolução continuou nos anos 70. “Em 1979, materiais
    cerâmicos passaram a ser uma cadeira da engenharia mecânica, porque muitas
    aplicações desses e seus refratários aconteceram em componentes
    automotivos”, atesta Migues. 
 A
    volta das importações Apesar
    disso, vive-se hoje novamente um período de estagnação. “Não vemos
    neste ano uma condição forte de recuperação, a não ser que o Governo
    descongele alguns instrumentos como renovação da frota, inspeção
    veicular ou crie um outro programa de incentivo”, salienta ele. O
    uso da tecnologia tupiniquim, acabou se perdendo com o tempo e agora começa
    a voltar, devido à preocupação com o meio ambiente. “Os fabricantes vão
    novamente usar fibras alternativas, não necessariamente de coco, para fazer
    inclusive painéis de porta. Estamos voltando às origens”, comemora
    Migues.  | 
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