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     Opinião PPP
    na ferrovia. Com dinheiro de quem?  | 
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     Quando
    o governo FHC lançou o PND (Programa Nacional de Desestatização) para as
    ferrovias brasileiras, a Fepasa, ainda sob o comando do Governo Estadual, já
    defendia a privatização em moldes diferentes dos adotados pela União. A
    idéia era conceder o material rodante a transportadoras ferroviárias e
    manter a via permanente sob comando estatal, com a cobrança do direito de
    passagem (equivalente a um pedágio de utilização da via). Nos
    anos de 1991 e 1992, a Fepasa fechou o primeiro acordo de Parceria Público-Privada
    nesses moldes com a empresa Cutrale-Quintella (atualmente Comercial
    Quintella), que comprou, inicialmente, sete locomotivas C-30 da GE,
    fabricadas no Brasil e, portanto, gerando empregos no País. O negócio, no
    valor de US$ 30 milhões, financiados pelo Banco do Brasil, envolvia um
    total de 40 locomotivas e 800 vagões para atender o programa de exportação
    de grãos utilizando os modais rodoviário, fluvial (Tietê/Paraná) e
    ferroviário (Fepasa/Porto), com transbordo dos produtos no Terminal de
    Pederneiras (SP). Com as mudanças trazidas pelo Governo seguinte, a empresa
    viu-se obrigada a alterar sua meta, pois não mais contava com a garantia do
    programa firmado anteriormente. Após esses anos, vimos um verdadeiro
    sucateamento do sistema ferroviário nacional, culminando com as privatizações,
    iniciadas em 1996 com a antiga SR-10 (Noroeste) da RFFSA (Rede Ferroviária
    Federal S.A.) e terminando em 1998 com a venda da ex-Fepasa, transformada em
    Malha Paulista da Rede.    Idéias
    esquecidas E
    o que vimos até agora? Uma mudança radical de postura. Esquece-se o
    passado e propõe-se a PPP (Parceria Público-Privada). Não se leva em
    consideração que a maioria das concessionárias atuais, com raríssimas
    exceções, não investem o capital de seus acionistas na recuperação da
    malha ferroviária ou aquisição de material rodante e nem pretendem fazê-lo.
    O que querem é aproveitar-se do povo brasileiro, utilizando dinheiro do
    BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que provém
    do Fundo de Amparo ao Trabalhador, e continuar gozando das benesses a que
    estavam acostumadas. Exemplo disso foi a liberação, no final do Governo
    FHC, de R$ 240 milhões para a Ferroban. A operação teve aprovação da
    ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e a maior parte do
    dinheiro acabou desviada para a Ferronorte, pertencente ao grupo Brasil
    Ferrovias, conforme matéria divulgada pela Revista Ferroviária. De acordo
    com a publicação, essa foi a principal causa da demissão do presidente do
    grupo, Nelson Bastos. Diante
    disso, só nos resta esperar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faça
    uma reflexão profunda e resgate as propostas que o levaram ao cargo. Também
    seria prudente ouvir o que têm a dizer os representantes dos trabalhadores
    da ferrovia a respeito dos problemas existentes no setor.   Eng. 
    Maxwell Wagner Colombini Martins  | 
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