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     I Fórum Social Brasileiro 
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     Rita
    Casaro 
 Ao
    longo dos quatro dias de programação, nos debates principais, foram
    tratados os temas considerados vitais pela organização: “Alca, OMC e
    dependência externa: estratégias econômicas de dominação”,
    “Globalização armada e militarização na América Latina”, “Superação
    do neoliberalismo por meio de projetos democráticos, populares, não-sexistas
    e anti-racistas de desenvolvimento sustentável”, “Justiça social,
    direitos humanos, igualdade entre mulheres e homens, gerações e superação
    do preconceito racial no Brasil”, “Estado e movimentos sociais: repressão,
    cooperação, cooptação” e “A ação global dos movimentos sociais”.
     
 “Belo
    Horizonte expressou, por um lado, a perplexidade dos movimentos sociais
    brasileiros, que trabalharam durante anos pela vitória de Lula e, após sua
    chegada ao Governo, não compreendem porque o País não muda. Foi, assim,
    um fórum muito menos capaz de mobilizar, de despertar energias, de se
    transformar em fato político.”  No
    entanto, aposta Martins, “revelou algo novo e que está muito relacionado
    ao espírito de Porto Alegre, muitas vezes à margem do que é conhecido
    como esquerda”. Para ele, isso ficou demonstrado por atividades que
    indicam um novo espaço de ação, “aquele ocupado por pessoas que não
    estão dispostas a participar da vida dos partidos, mas desejam interferir
    no futuro da sociedade para mudá-la e acham que podem fazê-lo
    interpretando necessidades, dando respostas a elas, mobilizando gente,
    pressionando o poder, ou seja, fazendo política”. E,
    se depender dos organizadores, o esforço voltado a essa meta continua.
    “Estamos encerrando um evento, não um processo, que apenas começou. Esse
    foi o primeiro de muitos outros que acontecerão em todos os estados do
    Brasil”, anunciava Salete Valesan Camba, membro do Conselho Brasileiro, ao
    final da maratona, na noite de domingo.  | 
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     Erros
    revisitados: Governo tateia e repete FHC  | 
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     O
    Brasil está cometendo sérios equívocos na condução de sua política
    econômica. E, pior, está repetindo os mesmos observados no nosso passado
    recente. A crítica é do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, para quem o
    Governo Lula, que não tem um projeto claro, reproduz a linha de ação de
    Fernando Henrique Cardoso e, na busca pelo crescimento, “fica tateando
    para ver qual a melhor saída”.  “De
    maneira imprudente, deixou que a taxa de câmbio se valorizasse. Isso só não
    causou maior dano à economia porque o longo período com taxa de juros
    muito alta provocou a matança da economia real”, apontou. Para completar,
    diz o professor da Unicamp, não tem aproveitado o período em que há
    excesso de liquidez no mercado, ou seja, dinheiro barato, para comprar
    reservas, aumentando o parco saldo atual de US$ 18 bilhões. “Hoje, todos
    os países que se levam a sério acumularam reservas fortes porque sabem
    que, nesse estilo de articulação internacional promovido pelos movimentos
    de capitais, é preciso estar prevenido para não levar uma lambada. Não
    está se prevenindo contra a mudança de humor dos mercados financeiros, o
    que costuma ocorrer inevitavelmente”, sentenciou. Mais
    um ponto central para Belluzzo é a insistência em manter a taxa de juros,
    atualmente em 18,85%, nas alturas. O anunciado objetivo de impedir a volta
    da inflação, garante ele, é falácia. “Na verdade, não cai porque tem
    a conta de capital aberta. É claro que se sabe que o problema está no fato
    de que, quando baixa a taxa de juros, há um deslocamento da riqueza de real
    para dólar. Isso é uma coisa que ninguém fala, porque é a questão
    central, então é preciso escondê-la com mais cuidado.” O
    espinhoso tema também foi tratado por Belluzzo durante o I Fórum Social
    Brasileiro, no seminário “O controle de capitais na construção do
    Brasil que queremos”, promovido pela Attac (Ação pela Tributação das
    Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos) e pela Unafisco (Sindicato
    Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal). Ele enfatizou a
    necessidade de conter a especulação internacional 
    para que o Governo recupere a autonomia sobre a economia e denunciou
    o bloqueio ideológico, que  faz
    com que a medida não seja vista como uma opção. Um caso emblemático, de acordo com o professor, é a China, que faz rigoroso controle e continua a receber investimentos diretos. “Seu superávit em relação aos Estados Unidos é de US$ 116 bilhões, metade garantida por empresas estadunidenses que estão lá.” Também evitam a volatilidade e seus males Malásia, Taiwan, Cingapura e Índia.  | 
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