Matriz energética Seminário
discute novo ciclo de desenvolvimento do gás |
|
Soraya Misleh |
|
A
descoberta das imensas reservas do produto na Bacia de Santos neste ano de
2003 pela Petrobrás incrementou a expectativa de crescimento significativo
no setor, nos próximos anos. Para José Manuel Costa Alves, chefe do
Departamento de Desenvolvimento Socioeconômico da Prefeitura de Santos, tal
cidade está no limiar desse novo ciclo de desenvolvimento. A afirmação
foi feita na abertura do seminário “A participação do gás natural no
modelo energético brasileiro”. O evento foi sediado no auditório do
SEESP, que o realizou, juntamente com o Sinaenco (Sindicato Nacional das
Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva), no dia 16 de dezembro. Falando
sobre prospecção na Bacia de Santos, Francisco Nepomuceno Filho, gerente
executivo de exploração e pesquisa da Petrobrás, lembrou que até
dezembro de 2002 as reservas de gás natural da companhia totalizavam 230,8
bilhões de metros cúbicos. “Neste ano, com a descoberta da Bacia de
Santos, o País saltou para 650 bi.” As perfurações continuam a ser
feitas e novas estão previstas para os próximos anos. “O modelo geológico
descoberto permite se trabalhar com o número significativo de 1 trilhão de
metros cúbicos e mudar a matriz energética no Brasil.” Conforme
Nepomuceno, haverá, contudo, excedente de oferta nas regiões Sul e Sudeste
e déficit no Nordeste. Para assegurar o abastecimento em todo o País, a
Petrobrás, segundo ele, está discutindo a interligação dessas malhas até
2007. Além disso, para viabilizar os investimentos da companhia nesse
setor, seu gerente apontou a necessidade de um plano de massificação do
uso do gás no Brasil, um modelo regulatório e regras estáveis. Celso
Silva, gerente de desenvolvimento de negócios da estadunidense El Paso, que
tem participação em alguns blocos na Bacia de Santos, concorda ser preciso
massificar o uso do gás natural no País, inclusive via implementação de
projetos de co-geração. Na sua ótica, outros desafios do setor são
definir um marco regulatório e uma política de preços e reajustes. Já
o comissário geral da CSPE (Comissão de Serviços Públicos de Energia),
Zevi Kann, em sua palestra, além de detalhar sobre como é feita a regulação
do segmento no Estado de São Paulo, apresentou
propostas ao uso do gás descoberto na Bacia de Santos. Uma delas é dar
prioridade à sua utilização nas indústrias em território nacional,
sendo cobrada dos consumidores “tarifa decente”. “O gás mais barato
pode agregar empregos, desenvolvimento e competitividade”, afirmou. As
sobras poderiam ser destinadas à exportação.
A
distribuição no Estado Gerente
de vendas industriais da espanhola Gas Natural SPS, Marcos Martins Moisés
destacou que a área de concessão dessa empresa abrange 93 municípios
paulistas, mas sua rede atinge apenas oito deles. Para desenvolver o mercado
de gás, ele ponderou ser fundamental resolver questões tributárias, de
compatibilidade com as políticas do setor elétrico, bem como de regulação
técnica e de mercado. E ainda demonstrar ao Ministério de Minas e Energia
a importância de o Governo ser partícipe no fomento da co-geração e
instituir política nacional específica ao gás natural. Quanto à Bacia de
Santos, a idéia é antecipar a pré-venda do produto, o que tem mobilizado
o Governo do Estado, parlamentares paulistas e técnicos. Ronaldo Kohlmann,
assessor do diretor geral da Gás Brasiliano, também constatou que faltam
definições políticas ao setor. Sobre a companhia, afirmou que detém a
concessão na região Noroeste do Estado, cortada pelo gasoduto Brasil-Bolívia,
responsável pelo seu suprimento. “Há uma expectativa com o gás de
Santos, que permitiria um crescimento grande em termos de volume.” Na sua
análise, ao se falar em massificação do uso do gás não se pode esquecer
de que é preciso diminuir o seu preço, até para que a distribuidora tenha
condições de comercializá-lo. No encerramento do evento, Murilo Celso de
Campos Pinheiro, presidente do SEESP, salientou que a idéia é fazer dessa
a primeira de uma série de discussões sobre o assunto, “para que
tenhamos um rumo à questão do gás paulista e nacional”. |
|
|
|