Engenharia

Austin e Vinhedo garantem economia de água com troca de bacia sanitária

Rita Casaro

Separadas por mais de 8 mil quilômetros de distância e díspares realidades econômica e social, Austin e Vinhedo buscaram soluções semelhantes para enfrentar um problema global: economizar água, recurso vital cada vez mais escasso. A opção no município paulista e na cidade texana foi a troca de equipamentos hidráulicos. As duas experiências foram relatadas durante o seminário “Uso racional da água – substituição de bacias sanitárias”, promovido pelo SEESP em 8 de março, no auditório da entidade, sob coordenação do deputado federal Antônio Carlos Mendes Thame.

Principal palestrante do evento, o coordenador do programa comercial, industrial e institucional de conservação de água de Austin, Herman William Hoffman apresentou uma arma fundamental utilizada nessa empreitada: a substituição de bacias sanitárias tradicionais, que gastavam 20 litros de água por descarga, pelas econômicas, que usam apenas seis litros, independentemente do aparelho hidráulico utilizado, que pode ser uma válvula, uma caixa acoplada ou suspensa. “Com isso, numa casa, chega-se a poupar 38 litros por dia, por pessoa”, afirma o especialista. “Em edifícios públicos, o ganho é ainda maior, pois o uso do banheiro é muito mais freqüente”, complementa. Por conta disso, informou Hoffman, o programa foi concentrado nesses locais. Um exemplo foi a experiência feita no Waller Creek Center, onde antes da troca da bacia gastavam-se 456 mil litros de água por mês e isso foi reduzido para 266 mil litros.

Para se atingir esse objetivo, ou seja, conseguir que fosse feita a troca dos equipamentos,  contou Hoffman, lançaram-se mão de várias ferramentas, incluindo conscientização, marketing e, claro, incentivo fiscal e legislação. A primeira regra voltada a isso nos Estados Unidos, informou ele, data dos anos 80 e determinava o generoso limite de 13,3 litros de água gastos em cada descarga. Em 1991, vários estados, incluindo o Texas, adotaram legislação que exigia a marca dos seis litros. Isso se tornou lei federal em 1993.


Economia de até 70% Ainda sem legislação pertinente ao assunto, o Brasil já dispõe das bacias sanitárias, aqui chamadas de ecológicas, e de outros equipamentos que utilizam menor quantidade de água e algumas experiências similares às de Austin, ainda que mais modestas, têm sido feitas. Uma delas aconteceu na cidade de Vinhedo e foi relatada pelo prefeito Milton Serafim, o segundo palestrante do seminário.

Segundo ele, o município fez a troca por equipamentos mais econômicos (bacias, válvulas de descarga e fechamento automático das válvulas de mictórios e das torneiras) em dois prédios públicos, o Parque Municipal e a Escola Integração. O consumo foi monitorado de março a maio de 2003, antes da substituição, e de julho a outubro, após a medida ter sido tomada. No parque, contou Serafim, a economia mensal foi de 26 mil litros ou de 70%. Na escola, freqüentada por 1.114 alunos, pouparam-se 463,6 mil litros de água a cada mês, equivalentes a 57% do consumo. De acordo com o prefeito, com essa redução média de 60%, os equipamentos se pagam em “menos de quatro meses”.


Providências Para que tais iniciativas deixem de ser isoladas e passem a ser a regra seriam necessárias medidas concretas. Uma delas, lembrou o presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Cláudio Conz, seria a implementação de legislação que obrigasse a substituição das bacias antigas. “Desde 2002, tudo que é feito no Brasil já utiliza as econômicas, de seis litros. Precisamos de solução para o que é anterior a isso, que gasta 12 litros”, salientou.

Na opinião do presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, além desse ponto fundamental, um plano amplo voltado ao assunto precisaria levar outros em consideração. “Juntamente com a lei determinando a troca, precisamos de incentivos que possibilitem a sua execução, especialmente nas residências da população de baixa renda. Outra preocupação é sobre o que fazer com as bacias que serão descartadas.”

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