Editorial Deu
no New York Times |
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O
mais prestigioso jornal dos Estados Unidos brindou o público brasileiro com uma
novidade: o hábito de beber do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se
uma preocupação nacional. Impossível
não lembrar do saudoso cartunista Henfil que, em sua incursão pelo cinema,
dirigiu o filme “Deu no New York Times”, a respeito de fatos criados
pela mídia. Assinado
pelo jornalista Larry Rohter e veiculado em 9 de maio, o texto, descobria quem
continuasse a leitura além do título, baseava-se em insinuações de fontes
duvidosas e nada informava de fato. Para
completar, caprichava no preconceito e creditava o suposto alcoolismo à origem
sindical do primeiro mandatário, ambiente, segundo o dito repórter, “famoso
pelo alto consumo de álcool”. Evidentemente, o péssimo jornalismo gerou perplexidade na sociedade brasileira, sem dúvida repleta de preocupações, mas não com os hábitos do Presidente. O fato mereceu inclusive uma nota de repúdio conjunta do movimento sindical, que classificou o artigo de “um amontoado de calúnias, difamações e inverdades dentro de um contexto insidioso, inverídico e de má-fé”. A
polêmica teve ampla repercussão na imprensa nacional e, no dia 11, o jornal “O
Globo” trouxe um apanhado das faltas cometidas por Rohter ao escrever sobre o
Brasil e outros países da América do Sul. Segundo o diário, em março de
2002, publicou informações incorretas, vinculando as exportações brasileiras
a trabalho escravo. Em outubro do mesmo ano, a vítima da criatividade do repórter
parece ter sido o Exército, acusado de disseminar doenças entre as índias
ianomâmi. Depois, resolveu comparar a cidade de Vitória, no Espírito Santo,
à colombiana Medellín, internacionalmente conhecida como “Cartel de Medellín”.
E surpreendeu os argentinos ao informar-lhes que havia um movimento separatista
na região da Patagônia. Em
janeiro último, foi a vez do SEESP dirigir-se ao NYT para corrigir um texto
assinado por Rohter, intitulado “Brazil´s Soaring Space-Age Ambitions Are
Shy of Cash and Sapped by Calamity” (“Crescentes ambições brasileiras
para a era espacial têm orçamento curto e são minadas
pela calamidade”). No afã de atacar o programa espacial brasileiro, o repórter
citava como um de seus críticos o Sindicato dos Engenheiros no Estado de São
Paulo, que teria classificado a tragédia ocorrida em Alcântara, em agosto de
2003, como a “Crônica de um desastre anunciado”. Aparentemente, o
jornalista leu apenas o título da matéria publicada pelo Jornal do Engenheiro,
em sua edição 219, e distorceu completamente seu sentido, utilizando-a para
reforçar seus próprios argumentos. O texto em questão apontava os problemas
do programa espacial, mas ressaltava sua importância ao desenvolvimento
nacional. Abalado
em sua credibilidade após a revelação de que um outro repórter, Jayson
Blair, exagerava os fatos, copiava notícias de outros veículos ou pura e
simplesmente inventava informações, o NYT foi a público pedir desculpas.
Infelizmente, ao que parece, o problema era mais que um caso isolado.
Eng.
Murilo Celso de Campos Pinheiro |
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