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26/08/2016

Siderurgia brasileira é tema de estudo do Dieese

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) lançou, neste mês de agosto, importante estudo sobre a atuação do subsegmento da siderurgia nacional. Segundo a entidade, o objetivo foi analisar os indicadores econômicos das quatro maiores usinas siderúrgicas que atuam no País: Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Usiminas S.A, Gerdau S.A. e ArcelorMittal Brasil S.A. Juntas, elas representavam, em 2015, mais de 79,0% da produção de aço bruto nacional, segundo dados do Instituto do Aço Brasil (IABR). O alto grau de concentração determinou a escolha dessas companhias para esta análise que busca entender a dinâmica existente no segmento siderúrgico. Os dados considerados neste texto compreendem o período entre 2006 e 2015.

Estes quatro grandes grupos siderúrgicos têm uma longa história no processo de desenvolvimento da indústria brasileira. As siderúrgicas Usiminas e CSN surgem no bojo do processo de industrialização, nas décadas de 1940 e 1950, tendo o estado brasileiro como principal incentivador, já que são estatais criadas em parceria com grupos internacionais (ambas privatizadas na década de 1990). Também o grupo Gerdau, de capital nacional privado, embora tenha origem anterior, apresenta fortes transformações no funcionamento no mesmo período mencionado. Apenas a ArcelorMittal, de capital predominantemente luxemburguês, tem uma história de fusões e aquisições até se tornar o grupo ArcelorMittal em 2006.

Presente no dia a dia

A indústria de Siderurgia e Metalurgia Básica é um segmento do ramo metalúrgico estratégico para o desenvolvimento nacional, por atuar como fornecedor para diversos setores de atividade econômica e estar presente na maioria das cadeias produtivas. Além disso, é responsável pela fabricação de vários produtos do nosso dia a dia, como talheres, pregos e parafusos, estruturas metálicas etc.

É um segmento intensivo no uso de recursos naturais (minério de ferro e carvão), que necessita de grandes aportes de capital e cujo tempo de maturação dos investimentos é lento, além de ser um segmento de produtos seriados de maturidade tecnológica avançada. Diante dessas características, o Brasil possui vantagens competitivas, como mão de obra barata, reservas de minérios de ferro de boa qualidade e em boa quantidade, infraestrutura logística para portos e grande mercado consumidor.

A indústria se divide em três subsegmentos que são: usinas siderúrgicas, indústrias produtoras de ferro-gusa e metalurgia básica. No Brasil, o parque siderúrgico é composto por 29 usinas controladas por apenas 11 grupos empresariais, ou seja, é altamente oligopolizado - estrutura de mercado em que um número pequeno de empresas domina a oferta - e concentrado na região Sudeste.

Conjuntura internacional

O segmento siderúrgico mundial é afetado, por um lado, pelo modesto crescimento da economia nos países desenvolvidos, EUA e na Zona do Euro, juntamente com a desaceleração econômica nos países emergentes, que oferecem restrições para demanda mundial de aço. Por outro lado, é atingido, pela existência de excesso de oferta de aço no mundo, influenciado pela produção chinesa. A China é a maior produtora mundial de aço, com aproximadamente 50% do total produzido em todos os países, e, muitas vezes, é acusada de práticas desleais de comércio (ação em que coloca produtos à venda por um preço inferior ao do mercado internacional). Há vários questionamentos de diversos países na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a estratégia de dumping utilizada pelas siderúrgicas chinesas. Outro impasse referente ao país é que este ano vence o protocolo de acesso da China à OMC - firmado em 2001 - e ela pode ser reconhecida como economia de mercado. Ao ser reconhecida como economia de mercado, a China passa a ter as mesmas condições dos demais membros da OMC.

Em 2015, segundo ano de queda na produção mundial de aço, o Brasil atingiu a casa dos 33,3 milhões de toneladas, valor 1,9% menor que a produção de 2014. Apesar da redução, o montante garantiu ao País a 8ª posição entre os maiores produtores mundiais, na frente da Turquia, que desde 2012 registrava produção superior à brasileira.

O parque siderúrgico brasileiro está capacitado a produzir desde aços de baixo valor agregado até os de elevado valor. Porém, a inserção brasileira no comércio mundial é centrada na exportação de produtos de menor valor agregado e na importação de produtos de maior valor agregado. Segundo informações do Instituto Aço Brasil, em 2015, as exportações alcançaram 13,7 milhões de toneladas; enquanto em 2014 foram exportadas 9,7 milhões de toneladas. Assim, apesar do câmbio mais favorável (desvalorizado em relação ao dólar) e da maior quantidade de produtos exportados, a receita em dólares gerada pela exportação em 2015 foi inferior à de 2014.

* Leia o estudo completo aqui.



Edição Rosângela Ribeiro Gil
Comunicação SEESP
Fonte: Boletim da Rede Metalúrgicos - Nº 04/Agosto de 2016 








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