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01/09/2017

Agricultor brasileiro terá aplicativo sobre uso da terra

Da Embrapa*

Um aplicativo chamado Agrotag permitirá que agricultores de qualquer lugar do Brasil acessem e atualizem pelo celular um banco de dados colaborativo sobre o uso do solo. Por meio da ferramenta, será possível acessar e carregar informações tais como área da propriedade ocupada por sistemas integrados de produção, pastagens degradadas, áreas de preservação, tipos de lavoura existentes e outras, sempre com apoio de mapas e imagens de satélite. O sistema, que está em fase de alimentação do banco de dados e de validação, vai estar à disposição dos agricultores a partir de outubro.

O aplicativo é a primeira ferramenta desenvolvida sob a ótica de geotecnologias de última geração e que integra ações colaborativas de usuários e dados geoespaciais exclusivos e de alto nível, como o Rapideye, fornecidos pela Embrapa e instituições governamentais.

O Agrotag é um aplicativo multitarefa, capaz de agregar dados geoespaciais multifonte, de campo, bases institucionais e de diferentes sensores remotos à facilidade de sistemas mobile. Essas características o tornam passível de apoiar diversos projetos de pesquisa científica em rede, além de ser útil para inúmeras atividades como análise de crédito rural, apoio a políticas públicas, auxílio a cooperativas e monitoramento ambiental, por exemplo.

O banco de dados está sendo construído de maneira colaborativa por meio de técnicos credenciados e, posteriormente, com a participação dos produtores rurais. Nesta primeira etapa, o aplicativo está sendo utilizado por parceiros da Rede de Fomento de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (Rede ILPF).

O software, que deve revolucionar a forma de coleta, armazenamento e disponibilização de dados e informações agropecuárias no País, foi desenvolvido pela Embrapa com apoio da Rede ILPF, Instituto de Pesquisas Eldorado e da Plataforma Multi-institucional de Monitoramento das Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Plataforma ABC).

Mas a sua principal missão é dar sustentabilidade à rede de monitoramento sistemático da adoção e qualificação de sistemas de ILPF, bem como organizar um amplo banco de dados com informações de uso de terras agrícolas no Brasil.

Por essa razão, o Agrotag foi projetado para receber um conjunto de informações na coleta de dados das propriedades que, uma vez processadas na base de operações, retornam aos diversos atores da cadeia produtiva ou interessados em agricultura de baixo carbono em forma de informações estratégicas diretamente nos celulares ou tablets.

Para o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e coordenador da Plataforma ABC, Celso Manzatto, a disseminação e adoção progressiva do uso dessa ferramenta colaborativa com diversas instituições e agricultores permitirá, incialmente, a identificação e qualificação dos sistemas ILPF, como estratégia para regionalização das ações de transferência de tecnologia da Rede ILPF, das estimativas de redução das emissões de gases de efeito estufa pela Agricultura de Baixa Emissão de Carbono e, em uma terceira etapa, a diferenciação e certificação de propriedades rurais e tecnologias que proporcionem a redução ou sequestro de carbono no solo.

“Em outras palavras, o Agrotag viabiliza o desenvolvimento progressivo de um sistema colaborativo de monitoramento multiescalar de baixo custo, com metodologia reconhecida pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC)”, conta Manzatto. Essa metodologia é conhecida como MRV (medição relatório e verificação) e permite desde a estimativa do balanço das emissões na propriedade rural e a sua certificação, bem como o monitoramento em larga escala da redução das emissões em escala regional e nacional. O uso da metodologia do IPCC permitirá a contabilização dos dados coletados por meio do aplicativo no Inventário Nacional de Gases de Efeito Estufa, documento oficial que consolida as emissões de cada país.

Na primeira etapa, o aplicativo será voltado para um grupo de profissionais da Embrapa e parceiros da Rede ILPF, que agrega as empresas Cocamar, Dow AgroScience, John Deere, Parker, Syngenta e a própria Embrapa. Os especialistas deverão alimentar um banco de dados para uso comum. “Após a primeira fase, de validação, o aplicativo estará disponível para outros parceiros institucionais, como instituições de ensino e pesquisa, extensão rural, Secretarias de Agricultura e Plano ABC dos Estados, bem como profissionais da cadeia produtiva e produtores”, conta o pesquisador da Embrapa, informando que o lançamento oficial está previsto para outubro deste ano, embora já se encontre em uso para fins de validação.

Cumpridas as etapas de validação, os atores da cadeia produtiva que se associarem ao sistema terão como contrapartida acesso a um grande escopo de informações referentes à sua região.

O aplicativo pretende inaugurar uma nova etapa no processamento de dados e informações da agropecuária brasileira. Em breve, será possível acessar, em tempo real, os níveis de degradação de pastagens, as espécies de forrageiras recomendadas para determinada região, o tipo de uso da terra, tecnologias de sequestro de carbono recomendadas pela Embrapa para determinado bioma, dentre outras informações.

“Mais adiante, técnicos de instituições público-privadas e produtores estarão convidados a participar da formação de um grande banco de dados colaborativo, com informações precisas sobre as diversas atividades agropecuárias. Esses dados servirão até para a comprovação e diferenciação de produtos em mercados nos quais a sustentabilidade e a certificação sejam o diferencial, alinhada com as novas diretrizes da Rede de Fomento ILPF,” acredita Manzatto.

O aplicativo
O sistema admite integração remota com informações do ambiente WebGis, o que permite a composição de uma ampla rede colaborativa de dados, na qual se destaca a perspectiva de acesso remoto de bases já disponíveis do acervo interinstitucional e governamental, como mapas de uso da terra ou cobertura nacional de imagens de satélite.

A qualificação de pastagens, que é uma das principais demandas de monitoramento do Plano ABC, é uma ação estratégica para compensação de carbono. Para essa tarefa, o aplicativo conta com o auxílio de fotos georreferenciadas, as quais podem ser projetadas automaticamente em mapas do local, informações de padrões de cor e altura, com todos os registros associados aos estágios de sanidade da pastagem, tipo de forrageira, presença de matéria verde, seca e ervas daninhas, ou seja, todos os parâmetros podem ser preenchidos de maneira simples e intuitiva.

Os pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente Luiz Eduardo Vicente e Luciana Spinelli explicam que o conjunto de dados coletados pelo usuário no campo pode ser enviado automaticamente pelo aplicativo a uma base de dados geoespaciais. Com isso, serão compilados, analisados e cruzados com informações de imagens de satélite, retornando ao usuário resultados sobre o estado da pastagem com os níveis de degradação, tudo em tempo real.

Os dados das propriedades que forem inseridos terão garantia de sigilo, uma vez que as informações enviadas ao banco de dados serão analisadas de forma conjunta, não individualizada.

* Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Texto: Marcos Vicente/Embrapa Meio Ambiente e Gabriel Faria/Embrapa Agrossilvipastoril

 


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