Comunicação SEESP*
Os cerca de 1800 trabalhadores que participam da construção do primeiro submarino nuclear brasileiro iniciam uma greve a partir de terça-feira (13/3) para pressionar o governo federal a melhorar as condições atuais da categoria, cujos rendimentos vêm caindo nos últimos três anos com sucessivos reajustes salariais abaixo da inflação do período. Neste ano, o governo simplesmente ofereceu zero de reajuste.
Foto: Ricardo Andrade/SINTPq
Assembleia realizada entre trabalhadores da Amazul, na quinta (8/3), decide deflagrar movimento grevista.
Em assembleias realizadas na quarta e quinta-feira ( 7 e 8/3), os profissionais da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. – a Amazul, empresa integrante do Programa de Desenvolvimento de Submarinos – Prosub, rejeitaram a proposta imposta pelo Ministério do Planejamento para o Acordo Coletivo de Trabalho e decidiram pela paralisação. A categoria tem data-base em 1º de janeiro.
As assembleias aconteceram no Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) e no Centro Experimental Aramar (CEA), em Iperó no interior paulista. Nos dois centros, que pertencem a marinha e estão diretamente envolvidos em seu programa nuclear, haverá mobilização na terça-feira, logo no início do expediente nas portarias dos centros tecnológicos. Na sede da Amazul, na capital paulista, também deverá ocorrer atos em outras datas.
Segundo a categoria, o Ministério e o Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest) não ofereceram qualquer correção salarial, nem mesmo nos benefícios que também seriam retirados. Segundo o sindicato dos trabalhadores, só foram mantidos após negociação direta com dirigentes sindicais.
Em 2017, a reposição havia sido de 50% da inflação do período. Nos dois anos anteriores (2015 e 2016) foi de 80% da inflação, em cada ano. Com isso, os profissionais da Amazul acumulam 11,2% de perda salarial.
O movimento grevista foi decidido após a visita de Michel Temer ao Complexo Naval de Itaguaí-RJ, em 20 de fevereiro, quando foi iniciada a fase de integração dos quatro submarinos convencionais da Classe Riachuelo, construídos pelo Prosub. Para o País, o Prosub é fundamental para a política de defesa brasileira e para o desenvolvimento tecnológico e científico.
“Temer diz defender a soberania e a ciência nacional, mas oferecezero de reajuste aos trabalhadores e trabalhadoras, que são os principais responsáveis pelo sucesso do Prosub. Se o sucateamento e o arrocho salarial continuarem, nosso submarino ficará ameaçado”, avalia o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq), Régis Norberto Carvalho.
A Amazul foi constituída em 2013 com o objetivo de promover, desenvolver, transferir e manter tecnologias sensíveis às atividades do Programa Nuclear da Marinha (PNM), do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) e do Programa Nuclear Brasileiro (PNB). Seu objetivo primordial é apoiar o desenvolvimento do submarino de propulsão nuclear, além de contribuir com pesquisas em radiofármacos.
Confira aqui matéria publicada sobre a construção do submarino nuclear na edição 512 do Jornal do Engenheiro, de fevereiro de 2018, publicação impressa do SEESP disponibilizada também online neste neste link.
* Com informações da assessoria de imprensa do SINTPq
A expectativa é de que em 10 anos o salário ficará ainda menor do que já era pela EMGEPRON, e aí criar outra empresa, assim foi com a Copesp, Emgepron e agora a vez da AMAZUL.
Melhor manter o salário com as perdas da inflação, no mínimo!