Deborah Moreira
Comunicação SEESP
O que era para ser um protesto pacífico contra o Projeto de Lei 621/16 da gestão João Doria, que pretende modificar a previdência municipal do servidores públicos da cidade de São Paulo, virou praça de guerra. A sucessão de imagens de violência contra professores e demais categorias, como os engenheiros, chocou os moradores e transeuntes na região. No saguão do SEESP, diversas pessoas feridas devido à ação truculenta do batalhão de choque da Guarda Civil Metropolitana (GCM) se abrigaram e receberam os primeiros socorros de funcionários do sindicato.
Imagem: reprodução
Segundo relatos dos servidores, a GCM impediu a entrada dos manifestantes que queriam acompanhar a votação na Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa (CCJ) da Câmara Municipal de São Paulo (CMSP). O vereador Toninho Vespoli (PSOL) contou à Mídia Ninja que por volta das 13h, devido à quantidade de pessoas querendo acompanhar, a sessão foi transferida para o salão nobre da Casa, em que cabem cerca de 350 pessoas. No local, a plateia fica próxima à mesa. Como o clima estava tenso, os vereadores da CCJ decidiram transferir a sessão mais uma vez e saíram por um acesso por trás da sala. Segundo Vespoli, a ideia era transferir para o plenário, onde a plateia fica distante da mesa. "Eu nunca vi nessa Casa tamanha repressão. Inclusive, o Milton Leite [presidente da Câmara], quando foi instalar aqui neste andar [plenário] a CCJ, disse que nenhum vereador que não fosse da Comissão poderia ter acesso à mesa do plenário”, afirmou ele.
Até as 15h45, a sessão da CCJ ainda estava acontecendo, mesmo com o clima de guerra e com os próprios vereadores da base do governo terem admitido que não havia mais ambiente para seguir com a tramitação. Por volta das 16h, no entanto, os parlamentares da CCJ aprovaram a constitucionalidade da matéria por seis votos a três. Dirigentes sindicais avisaram que foi convocada uma sessão extraordinária dos vereadores para a meia-noite de hoje. Os professores e demais servidores, mesmo vendo dezenas de colegas feridos e em estado de choque, retornaram à frente da Câmara para continuar a protestar. Até as 17h15, a manifestação se mantinha e crescia ainda mais.
Os engenheiros, reunidos em assembleia extraordinária no segundo andar do sindicato, decidiram retornar para a frente da Câmara, juntamente com os demais funcionários públicos. A categoria será afetada diretamente com o PL 621/16, que institui o SampaPrev, um regime de previdência complementar que ampliará para 19% a contribuição do profissional. "Todos os engenheiros, que também estão em greve, serão afetados pela alíquota máxima de 19%. Não são 14%, como a grande imprensa está informando errado à população", diz Sergio Souza, engenheiro da PMSP e direitor do SEESP. Souza estava na parte de trás da Câmara quando começaram a arremessar bombas de gás lacrimogêneo contra os servidores. "Sai correndo e registrando tudo. Muita violência", relata.
Foto: Deborah Moreira
Feridos são atendidos no saguão do SEESP. Assustados com a quantidade de bombas, servidores se abrigaram no sindicato.
Para amanhã, espera-se que uma multidão compareça ao ato convocado pelos sindicatos dos servidores.
“A gente precisou voltar para o sindicato para se abrigar. Foi muita bomba de efeito moral. Houve pânico geral entre nós. Nunca pensei que pudesse virar algo tão violento”, exclamou o delegado sindical do SEESP junto à Prefeitura Carlos Eduardo de Lacerda.
Quem também precisou correr das bombas e do gás lacrimogêneo foram os delegados sindicais Denise Souza e Frederico Okabayashi. “Impressionante. Do nada [policiais] começaram a provocar os servidores. O clima estava tenso, mas não tem porquê reagir dessa forma”, lamenta Okabayashi.
Assista ao vídeo gravado pelo delegado sindical Carlos Eduardo de Lacerda, quando começou a violência contra os servidores embaixo do prédio da Câmara:
https://www.youtube.com/watch?v=83OF8j4EHaI&feature=youtu.be