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26/10/2018

Engenheiro agrícola possui visão integrada do campo

 

Deborah Moreira
Comunicação SEESP

Francini Lais Magro Domingos, 27 anos, escolheu ser engenheira agrícola inspirada no avô materno, que era agricultor familiar. Em entrevista ao SEESP, por ocasião do Dia do Engenheiro Agrícola, comemorado nesse sábado, 27 de Outubro, ela contou um pouco da sua trajetória profissional até o momento. Recém formada, está em seu primeiro emprego e comemora a oportunidade de aprendizagem que está tendo.

 

 

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O engenheiro agrícola é um profissional que possui uma visão integrada do campo onde aplica seus conhecimentos em Ciências Exatas e tecnológicos à Agricultura, levando em conta os fatores ambientais, econômicos e sociais. Com a expansão do agronegócio, cresce também o mercado de trabalho para esse profissional.

Confira a entrevista, abaixo.

Porque você escolheu essa profissão?

Sou de Jundiaí. Meu avô, pai da minha mãe, morava num sítio em Atibaia onde plantava para seu sustento e da família. O que não se consumia ele vendia na rua. Então, sempre tive contato e gostei, sempre quis saber como funcionava. Acho que o Brasil é um País agrícola. A agricultura move a economia do País. Meu avô já faleceu mas a minha avó é viva e ainda planta com ajuda de um tio meu que continua com essa atividade só para o sustento deles.

E como foi a escolha do curso?

Em 2010, prestei vestibular para Física na Universidade de Campinas (Unicamp). Ai lá dentro, descobri que tinha um curso de Engenharia Agrícola. Então, prestei vestibular novamente e, em 2011, aos 19 anos, ingressei no curso de Engenharia Agrícola, que é integral, das 8h às 18h, de segunda a sexta. No total são cinco anos de graduação.

E você chegou a fazer estágio?

 Sim. No penúltimo ano, quando algumas matérias vão sendo concluídas, sobrou um tempo para estagiar. Então, fiquei oito meses na Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], como membro do grupo de inteligência territorial estratégica, onde atuava no acompanhamento de programas governamentais ligados à agricultura com imagens de mapas gerados por satélite. Mas tive que sair porque queria me dedicar ao último ano da faculdade, para terminar meu curso com bons resultados.

E quando você se formou?

Tive um problema de saúde e precisei me afastar por um ano dos estudos. Passei por um transplante de rim. Felizmente deu tudo certo e consegui me formar em 2017.

E o que faz um engenheiro agrícola?

O engenheiro agrícola trabalha com a mecânica da agronomia. Estudamos projetos de máquinas agrícolas. Temos contato com as disciplinas gerais da engenharia, voltadas para maquinário e construção de sistemas como estufas, silo, secagem de grãos, colheita.

É bem diferente do engenheiro agrônomo?

Muito diferente. Mas, as pessoas confundem bastante, ainda. Na agronomia não tem essa visão ampla de engenharia elétrica, instalações e construções, o que nós engenheiros agrícolas temos. Por outro lado, nós não temos essa visão mais complexa da saúde das plantas e do solo, que o agrônomo tem.

Nós conseguimos projetar um trator, uma colheitadeira, também na parte de tecnologia, atuamos com imagens de satélites, com agricultura de precisão que seria aplicação de defensivos e fertilizantes de uma maneira precisa. 

Você trabalha com o que atualmente?

Desde o início do ano trabalho no setor de pós-venda na Agrosmart, uma empresa de tecnologia digital para agricultura, que trabalha com manejo de irrigação oferecendo uma ferramenta para auxiliar os agricultores na irrigação, de forma remota, com dados extraídos do solo, do tamanho da propriedade, cruzando com previsão do tempo, para buscar mais eficiência econômica de água e energia no campo, visando a sustentabilidade.

E você já tinha tido contato com tanta tecnologia?

Estou gostando muito justamente porque está me possibilitando aprender e crescer profissionalmente. Estou tendo contato com diversas práticas que não tive na faculdade, como especificidades tecnológicas, com engenharia da computação e elétrica, e isso está sendo muito interessante porque se funde com agricultura.

E teve alguma dificuldade para encontrar o primeiro emprego?

Não. Não tive dificuldade para encontrar trabalho e ainda consegui um emprego no estado de São Paulo, onde não é fácil já que o volume maior dos empregos é na região centro-oeste, onde estão a maioria das fazendas. Atualmente, moro em Campinas onde fica a sede da empresa. Mas,  devido a atuação nacional viajo bastante e tenho contato direto com os produtores. Faço visitas para acompanhamento dos clientes. Trabalho muito, mas está sendo muito prazeroso..

Quais as dicas para quem está pensando em prestar essa graduação?

É uma área muito promissora. Tem muita coisa acontecendo no Brasil e no mundo agro. As mulheres estão aparecendo mais nesse universo, que ainda é muito mais masculino. O engenheiro agrícola não é uma profissão muito difundida no mercado de trabalho. Tem muita confusão com o engenheiro agrônomo, ainda. Por isso, lutamos tanto para sermos reconhecidos nos concursos públicos, por exemplo, a gente insiste para que haja vagas também para engenheiro agrícola.

E por ser mulher você encontrou dificuldade?

Eu sinto diariamente o machismo já que trabalho diretamente com o produtor rural. O machismo é intrínseco à sociedade, mas, com muita resiliência, vou vencendo essa barreira. Nós mulheres enfrentamos isso em muitas profissões, mas na engenharia é muito grande por ser uma profissão majoritariamente formada por homens. Nossos clientes são os produtores rurais, que são em sua maioria homens. É muito difícil ter uma mulher produtora rural. E muitas vezes eles não confiam no que eu falo. Então, nesses momentos, sinto que meus conhecimentos técnicos são fundamentais para reverter essas situações e ganhar a confiança.




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