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06/12/2019

Trens de alta velocidade e compromisso com interesse público em pauta

Jéssica Silva
Comunicação SEESP

 

O seminário “Ferrovia essencial”, realizado na última quarta-feira (4/12), na sede do SEESP, teve as atividades concluídas com a mesa que discutiu entraves do transporte sobre trilhos e exemplos pelo mundo. José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias (FerroFrente), também promotora do evento, mediou as falas dos especialistas Bernardo Figueiredo, Célio Pereira e Emiliano Stanislau Affonso Neto, este último diretor do sindicato.

 

Figueiredo abordou o trem de alta velocidade, que pode ser utilizado tanto para o transporte de passageiros como para o de cargas. Alvo de críticas principalmente pelos custos, para ele, os projetos desse tipo estão parados por “falta de interesse das empreiteiras brasileiras”. Ele contou sua experiência quando atuante na então Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade (Etav), hoje Empresa de Planejamento e Logística S.A. (EPL). O consultor citou a licitação cancelada, em 2013, de direito de uso das linhas que seriam construídas com valor de lance inicial em 42 bilhões de reais, valor que, em sua análise, “dava para construir o trem de alta velocidade e ainda sobrava”.

 

Com dados da sua apresentação (confira clicando aqui), Figueiredo chamou atenção para a necessidade de reduzir a dependência ao transporte rodoviário e investir no ferroviário com foco nos interesses públicos. Para isso, ele externou, “é preciso logística competitiva capaz de alavancar o desenvolvimento. As condições para isso é infraestrutura intermodal, com serviços eficientes e o livre acesso a infraestrutura ferroviária”.

 

Em sua visão, entre os principais entraves para retomar o desenvolvimento do modal está a condição espacial das ferrovias, que são limitadas, e a baixa eficiência do serviço, citando a velocidade média como exemplo, que é de 12km/h. “Precisamos definir atributo e padrão de ferrovia, modernizar e capacitar as ferrovias estruturantes que existem, construir as que estão faltando, garantir acesso público à estrutura e criar um fundo de recursos para ferrovias”, ele destacou como as ações necessárias para tirar do papel os trens de alta velocidade.

 

 

 

FerroviaEssencial Bernardo 041219José Manoel Ferreira Gonçalves, Emiliano Stanislau Affonso Neto, Célio Pereira e, ao púlpito, Bernardo Figueiredo. Foto: Beatriz Arruda.

 

 

Também nesta linha de raciocínio falou o consultor Célio Pereira. Ele abordou os passos para o desenvolvimento do transporte ferroviário, sendo o primeiro a velocidade. Ele citou o exemplo da China, que, em projeto desenvolvido entre 1997 e 2017, aumentou 64 quilômetros de ferrovia com a velocidade média em 120 km/h, e 20 mil quilômetros de trem-bala, que se transporta a 380 km/h. “A China que [à época], per capita, era 12 vezes mais pobre que o Brasil”, ele ressaltou.

 

O segundo passo destacado por Pereira é a padronização de sistemas de controle de tráfego. “No Brasil são 14 concessões com 14 sistemas diferentes”, criticou. Ele também apontou a eletrificação e a automação como necessárias ao desenvolvimento das ferrovias. O especialista citou como exemplo a rede ferroviária autônoma australiana AutoHal, considerada o maior robô do mundo.

 

Já Emiliano Stanislau Affonso Neto abordou, em sua apresentação (confira clicando aqui), a situação do transporte metroferroviário em São Paulo. Em 2017, metrô e trens tinham participação de apenas 12% em deslocamentos na região metropolitana, conforme pesquisa apresentada por Neto. A falta de investimentos nos transportes metroferroviários, conforme exemplificou o diretor do SEESP, intensifica o congestionamento nas rodovias. “Você perde tempo, paciência, você polui (...) o que se gasta mais nas viagens aqui compromete quase 3% do PIB brasileiro. Se isso voltasse, o PIB do município aumentaria 14%”, destacou ele com base em estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP).

 

O engenheiro enfatizou também a precariedade no serviço metroferroviário, resultante da falta de investimentos. “A linha 3 [vermelha] do metrô chega a colocar 10 passageiros por metro quadrado”, ele citou. E reforçou a necessidade de se dar continuidade as obras paradas, como a linha 6, “três anos parada. Espero que agora ela volte a andar, porque a população perde muito com isso”.

 

Confira o debate na íntegra:

 

 

 

 

 

 

 

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