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26/12/2011

Pequenas e médias empresas ganham espaço no BNDES

O grande salto do banco começou em 2010, como parte das medidas anticíclicas contra a crise iniciada em 2008. Foi a época da criação do PSI, programa de juros baixos e fixos para que tomadores de diversos perfis pudessem adquirir bens de capital e planejar investimentos. 

      O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve fechar 2011 com um desempenho atípico em relação a anos anteriores. A grande novidade no perfil de desembolsos do banco em 2011 será a forte presença das pequenas e médias empresas, cujo financiamento por meio da Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) deve representar mais de 40% das liberações totais de recursos da instituição, o que representa um volume recorde.

      Toda a carteira da Finame, mais BNDES Automático e Cartão BNDES - que compõem a área de operações indiretas - deve somar R$ 72 bilhões, mais de 50% dos R$ 137 bilhões a serem desembolsados pelo banco este ano, e superior aos R$ 55 bilhões estimados para a área de infraestrutura até dezembro.

      O grande salto do BNDES na implantação da política que dá suporte às micro, pequenas e médias empresas começou em 2010, como parte das medidas anticíclicas contra a crise de 2008. Foi a época da criação do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), com juros baixos e fixos, para que tomadores de diversos perfis tivessem segurança para adquirir bens de capital e avançarem nos planos de investimento.

      O PSI fez com que os financiamentos da Finame quase dobrassem em relação a 2009. A área de operações indiretas em 2010 liberou, por intermédio de bancos que atuam como agentes financeiros do banco, algo próximo a R$ 70 bilhões. O valor deve crescer este ano para quase R$ 73 bilhões.

      Boa parte desse crescimento tem a ver com a demanda do PSI, que continuou aquecida, principalmente para caminhões e ônibus, até o primeiro semestre, já que o preço do caminhão vai subir em 2012. "Houve uma corrida pela compra do caminhão", revelou uma fonte do banco. Agora, a procura arrefeceu e o que está sustentando a área é o cartão BNDES.

      O novo instrumento de estímulo ao crédito para compra de bens de capital, serviços e até para criação de cursos de formação profissional e idiomas para a Copa, por exemplo, vai atingir R$ 7,5 bilhões, ante R$ 4,3 bilhões emprestados em 2010, ou seja, um aumento de 76%. Para 2012, a expectativa do banco é que sejam liberados R$ 12 bilhões, via Cartão BNDES.

      A expectativa do banco é ter um desembolso maior em 2012, na casa dos R$ 145 bilhões. Isso pode ser alterado, dependendo do cenário economico e das prioridades do Planalto em relação às medidas anticíclicas. Antes de terminar o ano, já foi garantido ao BNDES um repasse inicial de R$ 10 bilhões de recursos do Tesouro.

      Se a expectativa do banco se confirmar, o PSI talvez possa voltar a ter uma demanda mais forte no ano que vem. "Tudo vai depender de funding", disse ao Valor o superintendente da área de Operações Indiretas, Cláudio Bernardo Guimarães de Moraes, que evitou fazer projeções sobre 2012.

      O superintendente confirmou a presença forte das micro, pequenas e médias nos financiamentos da área. "Quem sustentou o crescimento das operações indiretas foram as micro, pequenas e médias empresas", afirmou. Segundo Moraes, em 2011 a grande empresa teve participação de 31% nas liberações de crédito do segmento, ante 69% das micro, pequenas e médias. Esses percentuais avançaram ante 2010, quando as grandes participaram com 37%, e as micro, pequenas e médias com 67%.

      As estatísticas do BNDES referentes a janeiro-novembro informam que o financiamento às grandes empresas na área de Operações Indiretas estão caindo 12% ante 2010, e o das micro, pequenas e médias estão aumentando 10%. "Não há nenhum sinal de retrocesso nessa tendência", diz Moraes.

      O BNDES considera microempresa a que fatura até R$ 2, 4 milhões, a pequena, até R$ 16 milhões e a média, entre R$ 16 milhões e R$ 90 milhões. As operações são chamadas indiretas, porque são feitas através de bancos que atuam como agentes financeiros do BNDES. 



(Vera Saavedra Durão e Rafael Rosas, Valor Econômico)
www.cntu.org.br




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