Carlos Magno Corrêa Dias*
Em 13 de abril, celebra-se o Dia do Hino Nacional Brasileiro. A data foi escolhida porque em 13 de abril de 1831 era executada em público pela primeira vez o nosso Hino Nacional. Atualmente, nosso Hino Nacional é executado com letra do brasileiro, professor, ensaísta, poeta e teatrólogo Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927) e música do, também, brasileiro Francisco Manuel da Silva (1795-1865) que foi maestro, compositor e professor.
Todavia, a composição de nosso Hino Nacional, um dos quatro Símbolos Nacionais (Bandeira Nacional, Hino Nacional, Brasão Nacional e Selo Nacional), nem sempre foi aquela que hoje conhecemos, pois, além de ter sido executado oficialmente por quase cem anos sem uma letra, recebeu, também, outras denominações como Hino 7 de Abril e teve até a possibilidade de ser cantado com letras diferentes da atual.
A música do nosso Hino Nacional foi composta em 7 de abril de 1831, data da abdicação de Dom Pedro I (1798-1834) em favor de seu filho Dom Pedro II (1825-1891), motivo pelo qual, por algum tempo, o Hino Nacional do Brasil ficou conhecido como Hino 7 de Abril.
Foi apenas durante o centenário da Proclamação da Independência, em 1922, que, a letra escrita por Joaquim Osório Duque Estrada se tornou oficial por intermédio da assinatura do Decreto número 15.671, de 6 de setembro de 1922, pelo presidente Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa (1865-1942).
Há de se observar, também, que a propriedade plena e definitiva da atual letra do Hino Nacional do Brasil foi obtida ao se pagar “cinco contos de réis” segundo ficou estabelecido pelo Decreto número 4.559, de 21 de agosto de 1922, sancionado pelo mesmo presidente Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa.
Cabe salientar, entretanto, que devido à Proclamação da República e por decisão do Marechal Manuel Deodoro da Fonseca (1827-1892), que presidia o Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil na época e um dos personagens centrais da Proclamação da República, foi promovido um grande concurso para se compor uma outra versão para o Hino Nacional do Brasil. Aquela disputa acabou sendo vencida pela composição que tinha letra de José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque (1867–1934) e música de Leopoldo Américo Miguez (1850-1902).
Mas o povo rejeitou intensamente a nova composição para o Hino Nacional do Brasil uma vez que a composição de Joaquim Osório Duque Estrada e Francisco Manuel da Silva já havia se tornado extremamente popular desde 1831.
Então, o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca resolveu que o hino existente antes do concurso deveria permanecer e que a nova composição de Leopoldo Américo Miguez e de José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque deveria ser definida como o Hino da Proclamação da República.
Então, pelo Decreto 171, de 20 de janeiro de 1890, ficou estabelecido que se conservava como Hino Nacional a composição musical do maestro Francisco Manuel da Silva e se adotava sob o título de Hino da Proclamação da República a composição do maestro Leopoldo Américo Miguez baseada na letra de José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque.
Assim sendo, hoje cantamos:
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores”.
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- “Paz no futuro e glória no passado”.
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
Considerado um dos hinos nacionais mais belos do mundo, nosso Hino Nacional, que nos remete a uma sensação de grandiosidade que quase explode o peito, faz referência, em seu conjunto, a momentos importantes de nossa história e exprime a independência e a liberdade exaltando a importante vitória conquistada.
Toda nação soberana se faz preservando sua história e reconhecendo seus Símbolos Nacionais. Nosso Hino Nacional nos distingue entre as outras nações traduzindo o sentimento de pertencimento e de unidade.
* é professor, pesquisador, conselheiro efetivo do Conselho das Mil Cabeças da CNTU, conselheiro sênior do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Fiep, líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI), líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC), personalidade empreendedora do Estado do Paraná pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep).