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27/05/2022

Engenharia que garante precisão de obras e crescimento saudável de uma empresa

Mais uma história sobre a carreira de um profissional de engenharia totalmente ligada ao desenvolvimento do País abrilhanta o nosso espaço "Excelência profissional".

 

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

 

A área Oportunidades na Engenharia, do SEESP, traz a belíssima trajetória de vida e profissional do baiano Diego de Alcântara Borges que trabalhou e residiu em diversas cidades brasileiras, destacadamente dos estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. Sua carreira na área começa aos 18 anos, em 2005, ao entrar no curso de engenharia civil, na Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia. Durante a faculdade, fez estágios em obras de condomínios residenciais para uma empresa de médio porte da região.

 

Diego Prosub 600O engenheiro Diego Alcântara Borges em frente ao portão da oficina principal do estaleiro de construção da Marinha, em Itaguaí, em 2015.Crédito: Acervo pessoal.

 

Em 2010, no último ano do curso, o jovem engenheiro passou num processo seletivo para trainee numa das maiores construtoras do País, iniciando seu primeiro desafio como formado em Macaé (RJ), já na área comercial. “Conciliei meu trabalho inicial na área com novos aperfeiçoamentos, fazendo especialização em Gerenciamento de Projetos e em Engenharia de Custos, respectivamente, na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e no Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos (Ibec), no Rio de Janeiro”, lembra.

 

Foi nesse primeiro emprego, que teve o primeiro contato com a área de custos. Em meados de 2012, a empresa o transferiu para outra obra em Itaguaí, também no Rio de Janeiro, para o setor de orçamentos e propostas. “Ou seja, a engenharia de custos propriamente dita. Foram oito anos trabalhando nesse setor. Comecei como trainee e me tornei coordenador, em 2016”, relata.

 

Ele tem orgulho de destacar que, durante esses 15 anos na profissão, participou de obras nos mais diversos segmentos – residenciais, saneamento, macrodrenagem, obras marítimas, túnel, obras industriais e edificações administrativas, pavimentação, dentre outras - Além disso, de elaborar relatórios, justificativas e defesas de orçamentos para órgãos fiscalizadores, como o Tribunal de Contas da União (TCU). “Tudo com a devida aprovação”, destaca.

 

Borges considera seu maior desafio e aprendizado ter participado, por oito anos, da construção do Estaleiro de Construção de Submarinos, no Estaleiro e Base Naval da Marinha no município de Itaguaí (RJ), pelo Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), para a construção do primeiro submarino nuclear do País. “É uma obra inédita, no País, e muito complexa que envolveu bilhões de reais e milhares de colaboradores para sua execução”, orgulha-se.

 

Ele prossegue: “Sem dúvida é um empreendimento sensacional, onde aprendi muito e participei, junto com uma equipe, de todas as etapas da construção do estaleiro – dos estudos iniciais de viabilidade, do projeto executivo, de aditivos, custos de obras etc. É um programa com transferência de tecnologia francesa, um aprendizado enorme, além dos requisitos militares da própria Marinha.”

 

Ele ficou na obra até dezembro de 2020. Hoje, aos 35 anos, dentro de uma maturidade profissional e pessoal, ele tomou uma das decisões mais importantes e sem arrependimentos, diz ele. “Decidi sair da empresa para ficar com a minha esposa – também engenharia de uma instituição pública – para acompanhar o nascimento do meu primeiro filho. Hoje moramos em Vila Velha, no Espírito Santo.” Numa grande transição de carreira, Borges, atualmente, está à frente da sua própria construtora e realiza também trabalhos como consultor e professor na área de engenharia de custos, no Ibec nacional.

 

Prosub
Criado em 2008, por meio da parceria estabelecida entre o Brasil e a França, o PROSUB tem como objetivo a produção de quatro submarinos convencionais e a fabricação do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear. Contempla, além dos submarinos, a construção de um complexo de infraestrutura industrial e de apoio à operação dos submarinos, que engloba os Estaleiros, a Base Naval e a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) no município de Itaguaí - RJ. Fonte: Marinha do Brasil.

Mais do que orçamentista
Diego 2 250O engenheiro, na obra da Marinha, em Itaguaí, em 2020. "Ao fundo, vê-se o martelo de cravação de estacas marítimas", explica. Crédito: Acervo pessoal.Segundo Borges, felizmente, empresas e todos os níveis de governo e instituições perceberam que o engenheiro de custos não é um mero orçamentista e, hoje, é cada vez mais valorizado em todas as etapas de um projeto. “Passou-se a fase de ver o nosso trabalho apenas como orçamentistas utilizadores de tabelas de preços pré-definidos”, esclarece.

 

O engenheiro observa que o aprendizado do mercado acabou vindo “com a dor”, explica: “Nos últimos anos, principalmente depois da crise do setor em 2014, que diminuiu as obras e deixou o mercado mais competitivo e restrito, as empresas entenderam que a engenharia de custos possibilitava a sobrevivência e o crescimento saudável de uma empresa, “pois de nada adiantava ser bom em executar a obra se ela foi precificada e vendida de forma errada”, ensina.

 

Uma falha no planejamento e no orçamento da obra, acrescenta Borges, pode comprometer a saúde financeira de uma empresa, levando a prejuízos e até a falência. “Quem assumiu esse importante papel de otimizar as obras e dar segurança às empresas foi o engenheiro de custos. Passamos a participar desde o estudo de viabilidade de uma empreendimento até a elaboração do orçamento definitivo”, ressalta. Além disso, completa, o profissional também realiza o controle de custos durante a execução da obra e identifica possíveis desvios e medidas corretivas a serem adotadas, visando atingir o resultado esperado pela empresa e seus acionistas.

 

As atividades do engenheiro de custos são diversas e variadas, diz Borges, “não ficamos apenas dentro do escritório”. “Também fazemos visitas técnicas ao local da obra que nos auxiliam a pensar e planejar o trabalho de ponta a ponta, podemos dizer assim”, observa. Nesse sentido, o profissional vai definir metodologias executivas econômicas, fazer estimativas de custos para tomadas de decisões, “tudo para que seja planejado, coordenado e elaborado orçamentos com alto grau de precisão”.

 

Tecnologias emergentes
Borges observa que o mundo todo está acelerado com as tecnologias emergentes, como as de informação e comunicação (TICs) e diz que essa era tecnológica se reflete na engenharia de custos. “Essa era deixou as informações disponíveis para todos e integrou as mais diversas áreas, a evolução é exponencial e simultânea, o que exige uma constante atualização profissional sobre as novas tecnologias e recursos. Vejo esse movimento de forma positiva, sem dúvida nenhuma”, define.

 

Borges informa que os softwares de orçamentação estão cada dia mais avançados e com recursos integrados, o que facilita o trabalho e agrega confiabilidade às informações. Para ele, a difusão da tecnologia BIM [Building Information Modeling, na sigla em inglês, e, em português, Modelagem da Informação da Construção] vem causando uma ‘revolução’ importante, pois “o tempo que se gastava com levantamentos de quantidades e revisões manuais de orçamento por causa de mudanças de projeto reduziu muito, esse tempo que agora "sobra" passou a ser utilizado de forma mais eficaz, permitindo uma melhor análise e refinamento das estimativas e orçamentos”, garante.

 

Para ele, a mais incrível das evoluções é, com toda a certeza, o sistema BIM que integrou a fase de modelagem de projeto com a quantificação de serviço para orçamentação, e o que se gastava mais tempo na elaboração do orçamento passou a ser automatizado. “O tempo na área de engenharia de custos é muito precioso, pois as licitações e propostas são sempre urgentes e com prazos exíguos, ocasionando falhas devido ao pouco tempo de análise e refinamento, então com essa evolução os estudos e trabalhos estão cada vez mais precisos e ágeis, beneficiando a todos os envolvidos. E o BIM nos ajuda a reduzir o tempo e apresentar projetos mais assertivos”, diz.

 

A evolução das tecnologias emergentes, como aponta Borges, foi e é muita rápida. “Quando comecei na engenharia de custos, há 10 anos, a tecnologia de informação já estava presente no dia a dia do setor, mas era limitada e muitas atividades eram manuais, como levantamentos de quantidades, buscas por composições de preços em tabelas pouco acessíveis. Os softwares eram pouco integrados e levavam dias para inserir dados e informações para se ter uma prévia do orçamento e então começar a refinar”.

 

Hoje, observa ele, a evolução chegou ao ponto de os sistemas de orçamentação já “possuírem vastos bancos de dados – que também se aperfeiçoaram muito com o passar dos anos, a exemplo do Sinapi [Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil], ferramentas de análise diversas”.

 

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