João Guilherme Vargas Netto*
A última edição do Salariômetro da Fipe registra um dado que considero significativo.
A porcentagem dos acordos e convenções que superaram nos reajustes de salários os índices de inflação (ganhos reais) passam de 17% em maio para 50% em junho (os últimos dados são ainda provisórios).
Isto quer dizer que as categorias com estas datas-bases recentes já estão lutando por antecipar as perdas de seu último acordo ou convenção e conseguindo mais ganhos reais, o que confirma e reforça a tática de vários sindicatos (com datas-bases mais para o final de 2022) de lutarem para antecipar as suas negociações.
O fundamento desta reivindicação é o descolamento entre o índice aplicado nas datas-bases anteriores e a aceleração da inflação, principalmente dos alimentos e combustíveis, com a carestia.
Como a luta por antecipação articula-se com uma campanha contra a carestia e por solidariedade classista e popular a quem passa fome, pode se criar neste segundo semestre um amplo movimento que aproxime as direções sindicais de suas bases representadas e da população e enraíze entre os trabalhadores e a sociedade a pauta da Conclat (levando-se em conta a necessidade de se reforçar os protocolos contra a transmissão da Covid, que recrudesce).
É um fato auspicioso que esta pauta unitária já está sendo incorporada pelos partidos de oposição, como se pode ver na análise das 121 diretrizes dos sete partidos que apoiam o ex-presidente Lula em sua pré-campanha eleitoral.
A luta sindical, que é distinta, porém convergente com a luta eleitoral do povo e dos partidos de oposição, garante a relevância dos sindicatos hoje, durante a batalha eleitoral e amanhã, sustentando a governabilidade, derrotando os arreganhos golpistas e confirmando as esperanças dos trabalhadores.
*Consultor sindical