Curso de engenharia aparece 95% dos processos seletivos trabalhados pela recrutadora Companhia de Estágio.
Rosângela Ribeiro Gil
Há 14 anos, com a promulgação da Lei nº 11.788/2008, o estágio se transformou radicalmente, e para melhor. “Os estagiários deixaram de ser uma mão de obra barata, aquele que faz o que ninguém quer fazer”, pontua Jéssica Gondim, Gerente de Projetos da Companhia de Estágios. É com essa transformação positiva que celebramos o Dia do Estagiário, neste 18 de agosto. A gerente completa: “O mercado entendeu - principalmente empresas de médio e grande porte - que estagiários são jovens em início de carreira que estão ali para se desenvolver, aprender e contribuir com o dia a dia do negócio.”
Segundo ela, os cursos de engenharia estão entre os mais aceitos na maioria dos programas de estágio, independe da área em que o estagiário vai atuar dentro da empresa. “É comum entre os pré-requisitos exigidos, no ato da inscrição em um programa de estágio, vermos a expressão ‘todas as engenharias’ são aceitas”, constata Gondim.
Noventa e cinco por cento dos programas trabalhados pela Companhia de Estágios, completa a gerente de projetos, têm oportunidades abertas para estudantes de engenharia. “Vale dizer que nos últimos anos as empresas têm contratado engenheiros inclusive para áreas de negócio, como finanças, compras e projetos. O mercado está aquecido e os cursos de engenharia são, hoje, um dos três cursos com mais vagas.”
Se compararmos o primeiro semestre de 2021 com o primeiro semestre de 2022, diz Jéssica Gondim, se perceberá um aumento nas oportunidades de estágio. “Vale destacar que o número de novos cadastros de candidatos, sobretudo negros, também deu um salto de 235% de 2018 para 2021. Na Companhia de Estágios, trabalhamos uma média de quatro mil vagas de estágio anualmente e essa média se manteve inclusive em 2021”, garante.
A executiva – formada em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Metodista de São Paulo, pós-graduada em Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas e com especialização em Recursos Humanos pela mesma instituição – entende a transformação positiva do estágio foi possível com os parâmetros legais de 2008, estabelecendo o que pode ou não fazer com o estágio. Para ela, quando a empresa entende verdadeiramente a concepção da lei, que é proporcionar um programa de desenvolvimento e oportunidades reais de aprendizado, o estágio se realiza da melhor forma possível para ambos os lados. “Ter profissionais dispostos a ensinar e compartilhar conhecimentos é fundamental para que um estágio seja uma experiência bacana tanto para a empresa quanto para o estudante”, ensina.
Para ela, um ponto que evoluiu muito ao longo desses últimos 14 anos, foi o reposicionamento de empresas e recrutadores quanto ao rol de requisitos exigidos que antes incluía nível avançado do idioma de inglês e do programa Excel, participação nos processos de estudantes desta ou daquela instituição de ensino ou de cursos de graduação de quatro ou cinco anos, em detrimento de cursos tecnólogos com duração de dois a três anos. “Essa mudança de postura ajudou as empresas não só a ter a oportunidade de conhecer e avaliar mais candidatos como também fez com que passassem a avaliar aquilo que realmente importa em candidatos: habilidades comportamentais e potencial de desenvolvimento”, avalia Gondim.
O que pode e o que não pode
Inicialmente, diz a gerente da Companhia de Estágios, a empresa contratante precisa estar ciente de que o estagiário é um profissional em fase de aprendizado. Por isso, embora os processos seletivos tenham evoluído muito nos últimos anos, “exigir experiência profissional não é adequado, porque o estudante faz o estágio para se desenvolver, aprender e ter a oportunidade de colocar em prática aquilo que aprende em sala de aula”.
Sobre ilegalidade, Gondim diz que existem pontos importantes que devem ser observados por parte da contratante ao longo de todo o estágio. Ela relaciona: “É ilegal exigir jornada de atividades que excedam 40 horas semanais, não assinar o termo de compromisso em parceria com a instituição de ensino e não fazer valer direitos como sair mais cedo em dias de provas (artigo 10, parágrafo 2°).”
Art. 10. A jornada de atividade em estágio será definida de comum acordo entre a instituição de ensino, a parte concedente e o aluno estagiário ou seu representante legal, devendo constar do termo de compromisso ser compatível com as atividades escolares e não ultrapassar:
I – 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos;
II – 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular.
§ 1º O estágio relativo a cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais, poderá ter jornada de até 40 (quarenta) horas semanais, desde que isso esteja previsto no projeto pedagógico do curso e da instituição de ensino.
§ 2º Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem periódicas ou finais, nos períodos de avaliação, a carga horária do estágio será reduzida pelo menos à metade, segundo estipulado no termo de compromisso, para garantir o bom desempenho do estudante.
As práticas negativas em relação ao estágio, frisa a gerente, acontecem quando o estagiário não vivencia reais oportunidades de desenvolvimento e de aprendizado. Já as positivas são possíveis, explicita, “quando vemos que a sinergia entre empresa e estagiário é tão bem conduzida que o estagiário é visto como um profissional com potencial de realmente contribuir para o negócio. Ou seja, ele cresce junto com a empresa. Essa tem sido a maior transformação do mercado, entender a importância de desenvolver sua equipe “dentro de casa”, de investir no desenvolvimento de sua equipe desde a base”, ressalta Gondim.
Estágio não é emprego
Para ela, nunca é demais repetir que estágio não é emprego. “Por emprego, entende-se uma relação trabalhista com registro em carteira de trabalho, o famoso registro CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], com direito a seguro-desemprego e outros benefícios. Já o estágio é regido por legislação própria, como já dissemos, que traz algumas diferenças importantes”, enfatiza.
Entre elas, Gondim elenca: “No lugar de salário, o estagiário recebe bolsa-auxílio; tem direito a um recesso de 30 dias; a jornada de atividades pode ser entre 20 e 40 horas semanais, sendo a mais comum de 30 horas; não há um contrato de trabalho e sim um Termo de Compromisso que deve ser assinado pelo estagiário, a empresa e a instituição de ensino em que está matriculado; e a duração de um estágio deve ser no máximo de dois anos.”
Aprendizado mútuo
Jéssica Gondim enfatiza que a experiência do estágio bem parametrizado pela lei e com olhar abrangente de inclusão e diversidade é uma oportunidade para grandes aprendizados e evoluções para o estudante, ou futuro profissional, que vivenciará, na prática, “o que aprende em um curso técnico ou superior, mas, claro, os aprendizados podem variar de empresa para empresa”.
Em programas de estágio, prossegue ela, geralmente é oferecido uma linha de desenvolvimento, em que o estudante tem oportunidades reais de aprendizado e contribui de fato com as atividades da empresa. “Há empresas que investem - e muito - no desenvolvimento de jovens com a intenção de formar os profissionais altamente capacitados que desejam ter em sua equipe”, afirma. Nesta reportagem, inclusive, destacamos dois casos de engenheiros que entraram como estagiários e prosseguem suas carreiras em grandes empresas - Bunge e Votorantim Cimentos [confira os depoimentos abaixo].
E esse é, aliás, um ponto importante para um estudante fazer boas escolhas na hora de procurar um estágio. Por isso, ela aconselha que antes de aceitar uma proposta, é interessante conhecer melhor quais são os planos de aprendizados que a empresa oferece e se são condizentes com suas expectativas de carreira e área de graduação. “Dessa forma, pode evitar dar aceite em um estágio que não agregará conhecimentos tampouco experiências interessantes”, observa a especialista.
Habilidades em alta
Hoje, além das habilidades intrínsecas ao cargo, as empresas estão de olho nos perfis comportamentais, ou seja, nas soft skills dos candidatos. Por isso, Gondim sugere que o estudante ou profissional desenvolva habilidades como empatia, ética, liderança e flexibilidade que farão toda a diferença na hora de conquistar o estágio dos sonhos.
A gerente da Companhia de Estágios também explica como desenvolver essas habilidade: “Vivenciando todas as oportunidades extracurriculares possíveis, como participações em projetos acadêmicos, empresa Jr, projetos voluntários e outros. Tudo que ele puder fazer para ter boas histórias para contar é válido.”
Além disso, prossegue ela, o mercado de trabalho já entendeu que candidatos de processos seletivos para estágio raramente trazem experiências profissionais anteriores. “Por isso, o que conta muito é o quanto o jovem vai atrás de ganhar novos conhecimentos. E aí vale fazer cursos de idiomas (há boas opções gratuitas na internet), trabalhos voluntários em ONG [organização não governamental] e instituições, dar aulas de reforço gratuitas ou ensinar algo que saiba fazer em igrejas e outros espaços, participar de centros acadêmicos e empresas juniores, praticar esportes coletivos e assim por diante.”
Companhia de Estágio em números
Em 16 anos de existência, a Companhia de Estágios já conduziu processos seletivos para aproximadamente 40 mil vagas de estágio, informa Gondim. “Temos mais de 1.5 milhão de jovens talentos, de todo o Brasil, cadastrados em nossa plataforma. Somos responsáveis pela construção de programas de atração de talentos para mais de 300 clientes, entre eles Amazon, Twitter, Scania, Clariant, Klabin e Alcoa”, relaciona.
Experiências de estágio na engenharia
Engenheira cartográfica Renata Denari Elias
Estagiei entre os anos de 1984 e 1988. Pela especificidade do curso, como não havia empresa de aerofotogrametria em Presidente Prudente os estágios nessa área eram em Petrópolis e Rio de Janeiro [RJ], Curitiba [PR] e São Paulo [SP] que, para muitos alunos, ficava muito oneroso e só podiam ser realizados em dezembro, janeiro e julho. Estagiei na Prospec, em Petrópolis, e na Base Aerofotogrametria, na capital paulista. Estagiei também na Emplasa [Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano], acompanhando o mapeamento da Grande São Paulo. Essa empresa foi extinta recentemente, inclusive.
Tentei estágio em plataforma da Petrobrás, mas, à época, não tinha vaga para mulheres. Fiz o projeto Rondon na cidade de Humaitá, no Amazonas.
Nas empresas de aerofotogrametria, conheci o trabalho na prática desde a licitação, elaboração de contratos, documentos do antigo Estado Maior das Forças Armadas [Emfa] necessários para o recobrimento aéreo, produção e tecnologia disponível que não teríamos acesso apenas na universidade.
Além disso tudo, conheci profissionais renomados e anônimos que com muita paciência passavam seus conhecimentos para os estagiários. Mas, de todos os estágios, preciso destacar o Projeto Rondon. Eu e mais três colegas estudantes de engenharia cartográfica convivemos com estudantes de outros cursos da Unesp [Universidade Estadual Paulista], como médicos, veterinários, professores, farmacêuticos e dentistas. Além da convivência multidisciplinar para um único projeto, foi uma experiência pessoal única, conhecer a região amazônica e vivenciar o modo de vida de uma região esquecida pelo poder público, carente de tudo, mas com um povo determinado, feliz, e que vive em uma região de extrema beleza.
Trajetória profissional
Primeiro fiz cadastro em Regente Feijó, interior de São Paulo. Após um ano vim de Presidente Prudente [SP] sem emprego e comecei a dar aula em escola estadual. Na sequência, fui trabalhar no Instituto Geográfico e Cartográfico [IGC] com cartografia sistemática. Ainda trabalhei no Instituto de Terras com Regularização Fundiária [Itesp], depois passei no concurso público da Prefeitura Municipal de São Paulo, no Departamento de Desapropriações [Desap]. Trabalhei, ainda, como assistente técnica e perita judicial.
Conselho
O estágio é fundamental para o aluno conhecer outras vertentes do curso, outras funções desenvolvidas pelos profissionais da área que enquanto estudantes nem imaginamos. Sejam curiosos, procurem extrair todo conhecimento oferecido com humildade. Além de conhecer as empresas e os institutos, conheçam os profissionais que podem abrir as portas para o recém-formado. Porque na fase inicial da profissão padecemos de incertezas, mas quem é visto é lembrado e aquele estagiário pode ser o próximo contratado. Boa sorte!
Engenheira de produção Bruna Passos
Meu início de estágio na Bunge foi um período de grande imersão, tudo era muito novo e cada dia era um aprendizado, uma vivência diferente. Ingressei na área de Recursos Humanos, como estagiária de Business Partner, e tive a sorte de ter gestores excepcionais ao meu lado que me ajudaram a crescer, a me entender e me conhecer como profissional e mapear quais eram meus pontos fortes e de melhoria, tudo de acordo com meu perfil.
Durante meu estágio tive interações com várias áreas que eram nossos “clientes”, o que foi ótimo para poder conhecer um pouquinho de cada negócio e entender os diversos setores de atuação em uma empresa como a Bunge. Precisamos ser flexíveis, nos comunicar bem, trabalhar em equipe e estarmos abertos a outras culturas. Vivenciei isso na prática, pois estive envolvida em processos de melhorias de áreas nos quais precisei contribuir com a criação de soluções e indicadores para diversas análises.
Trajetória profissional
Continuo na mesma empresa, na Bunge. Foram dois anos intensos de estágio, com muita evolução. O estágio se conectou até mesmo no meu TCC [Trabalho de Conclusão de Curso] da faculdade, onde o tema era Lean Manufacturing, e pude trazer para a Bunge informações aprendidas em sala de aula e levei à universidade minha experiência na área. As tarefas que eram realizadas no meu dia a dia se tornaram parte do plano de ação do projeto. Atualmente, estou na área de Planejamento Comercial e me encontrei em um universo de análises, indicadores e estratégias voltadas ao agronegócio. É ótimo enxergar as inúmeras possibilidades que temos na engenharia.
Conselho
A pessoa deve se permitir realizar conexões, conhecer as áreas nas quais ela quer atuar e as empresas que estão promovendo os processos seletivos dos quais ela participa. Trabalhar no que a gente gosta torna as coisas mais fáceis e o crescimento leva tempo: o importante é nos mantermos em movimento e buscarmos sempre a evolução. Não tenha medo de perguntar, pois o estágio é o momento de aprender, inovar e crescer. Saia da zona de conforto, absorva o máximo de informação e não faça as coisas no “automático”, entender e dominar o que fazemos é essencial. E acredito que, além de tudo, o principal é ser você mesmo: seja sempre transparente com suas atitudes e suas atividades. Ser você é o que o torna único.
Engenheiro civil Rodrigo Lucci
Tive duas experiências distintas. Em 2000, no primeiro ano da faculdade de engenharia civil, fiz meu primeiro estágio na DTA Consultoria, hoje DTA Engenharia, uma empresa de projetos nas áreas ambiental e portuária. Classifico esse período como ótimo, pois pude entender a engenharia na prática. Já em 2005, no último ano do curso, estagiei na Queiroz Orsini Engenharia de Projetos, quando experienciei a aplicação da teoria adquirida na faculdade e a confirmação de uma área da Engenharia Civil na qual eu gostaria de continuar trabalhando, hidráulica. Nesse segundo estágio, tive um tutor importante, o estimado colega engenheiro Arnaldo Erik Lundberg – hoje diretor da empresa. Ela demonstrou confiança e solicitou que acompanhasse um projeto de outorga de intervenção em um curso d’água. Com isso obtive autoconfiança como futuro profissional para entrar no mercado de trabalho.
Trajetória profissional
O meu primeiro trabalho como engenheiro foi na CMS Engenharia empresa de Gerenciamento de Obras. Em 2006, entrei da Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH) onde permaneci até 2018, e até hoje tenho o prazer de colaborar pontualmente em alguns estudos. A partir de 2018, com a grande ajuda do setor Oportunidades na Engenharia do SEESP, fiz uma transição de carreira e, hoje, atuo como consultor na minha área.
Conselho
Para o estudante que não saiba a área da engenharia que quer trabalhar, sugiro que faça o máximo de estágios diferentes possíveis, assim conseguirá ver na prática as diferentes áreas. Isso poderá ajudar a tomar uma decisão importante. Para aquele que já sabe a área que pretende seguir, estagiar o máximo de tempo para adquirir experiências, ser muito curioso e não ter receito de perguntar e demonstrar interesse em aprender. Todos ganham com isso.
Engenheiro eletricista José Roberto Cardoso
Realizei meu estágio na Irmãos Negrini, pequena empresa familiar fabricante de geradores elétricos. Meu chefe foi muito profissional comigo. Orientou-me para trabalhar na área de projeto de geradores, que era o meu objetivo de vida naquele momento. Trabalhar em projetos de equipamentos é o que todo estudante de engenharia anseia. De modo que meu estágio foi muito agradável, e a vontade que me empenhei em fazer um bom trabalho talvez tenha me ajudado a ser contratado após minha formatura. Tudo isso ocorreu em 1974.
O projeto de geradores é uma aplicação direta do eletromagnetismo. Sempre gostei dessa matéria. Apesar de ser uma disciplina difícil, me encantei com ela, de modo que, aplicar o eletromagnetismo no projeto de geradores era tudo o que eu queria. Insisto, ainda hoje, com meus alunos de engenharia elétrica a importância desta ciência básica para sua formação. Em nossos dias, esta importância é ainda maior, pois todas as tecnologias emergentes, que vão do veículo elétrico a tecnologia 5G, nada mais são do que aplicação direta desta ciência.
Trajetória profissional
Após meu estágio fui contratado como projetista de geradores na Irmãos Negrini. Por ser empresa pequena, o acesso a tecnologia de ponta era impossível. Assim, para fazer um melhor projeto notei que precisava buscar conhecimentos mais avançados. Foi aí que decidi fazer pós-graduação para continuar a manter contato com a academia. Por razões imponderáveis, fui convidado a ser professor de máquinas elétricas na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo [Poli-USP] devido ao bom desempenho que tive nas disciplinas de máquinas elétricas da pós-graduação.
Gostava de ensinar, pois havia sido professor de escolas do ensino médio enquanto era aluno de graduação na Poli, de modo que não hesitei. Aceitei o convite. Minha carreira acadêmica acabara de começar.
Em 1978, minha vida se resumiu em estudar. Ministrei várias disciplinas, criei um grupo de pesquisas que teve grande visibilidade internacional, me dediquei a pesquisas na área de educação em engenharia e criei, já em fim de carreira, o Global Institute for Peace [Glip], na USP. Participei ativamente da gestão universitária, de modo que em 2010 fui eleito para direção da Escola Politécnica da USP. Nosso trabalho também se refletiu nas agências de fomento, das quais somos membros de diversos colegiados de avaliação institucional.
Os desafios da nossa profissão eram patentes na virada do século, de modo que me aproximei do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo [SEESP] e do Instituto de Engenharia [IE], para me juntar ao batalhão de colegas de profissão que lutavam pelo resgate da dignidade da engenharia.
O SEESP me acolheu calorosamente ao convidar-me para coordenar o Conselho Tecnológico, que acabava de ser criado em 2005. Esse convite muito me honrou, pois nos inseriu no ecossistema mais desafiador de nossa profissão.
Conselho
O estágio é o período de treinamento mais valioso para um estudante de engenharia, pois o estudante pode praticar diversas competências que o mercado exige e que não são ensinadas nas escolas.
Assim, aconselho aos estudantes (e também aos tutores destes estudantes nas empresas), a praticarem a arte da comunicação, a aprimorarem o trabalho em equipe e a praticarem a mais importante competência de um profissional em nossos dias que é a inteligência emocional, pois aquele que conseguir controlar suas emoções em qualquer situação de pressão adquiriu a mais eficiente ferramenta para o sucesso profissional. Por fim, insisto que o aprendizado é permanente, isto é, nunca deixem de estudar, pois educação é a única coisa deste mundo que não tem uma linha de chegada.
Engenheiro eletricista Cleiton Soares
Atualmente sou engenheiro de Projetos Sênior na Votorantim Cimentos Regional Sudeste. Iniciei meu estágio em 2005. Minha experiência de estágio foi muito boa dentro na Votorantim Cimentos. Tive o prazer de trabalhar com o engenheiro Gian Carlos Fernandes que foi um grande mestre e me ajudou muito a desenvolver todos os meus conhecimentos dentro da área de gerenciamento e coordenação de projetos.
Certamente o estágio no ambiente de projetos me ajudou muito, principalmente nos projetos envolvendo automação industrial, que é a ênfase de minha graduação, ver tudo que se aprende em sala se aplicando no dia a dia é muito gratificante, principalmente nas fases de comissionamento e operação assistida nos projetos industriais.
Trajetória profissional
Iniciei minha carreira na própria Votorantim Cimentos, em 1997, como aprendiz de eletricista e após três anos me aventurei no mercado externo onde trabalhei como eletricista de manutenção em uma grande empresa siderúrgica e posteriormente, como técnico de manutenção para a rede McDonald’s do interior de São Paulo. Em 2005, retornei ao grupo como estagiário de Engenharia. Tive o prazer de ser efetivado, em 2007, na Votorantim Cimentos, onde estou até hoje.
Conselho
O conselho que dou é que aproveitem o tempo de estágio, principalmente ouvindo e tentando aprender, buscando o máximo conhecimento possível com os mais experientes em seu ambiente de trabalho. Saiam da zona de conforto e procurem principalmente buscar o conhecimento técnico antes de seguir para área de gestão, pois no futuro se tornarão gestores mais completos e mais dispostos a compreender as necessidades e problemas do dia em sua empresa ou em seu ramo de trabalho.
Engenheiro civil Rogério Magela
Minha experiência no estágio começou em 2012, foi o primeiro. Tudo começou em cursos extracurriculares, acabava me destacando e os professores acabavam me indicando para fazer alguma atividade na área de engenharia. Todos os dias desde quando começamos a ter o contato com a prática começamos a entender que o que estudamos na sala de aula tem uma transformação importante na prática. Quando aprendemos a teoria achamos que nunca vamos utilizar tantos cálculos diferentes e complexos, mas é sensacional quando percebemos que sim, utilizamos tudo que aprendemos na faculdade da prática. Executando cálculos de algum material quantitativo ou qual a quantidade, e começamos a usar tudo o que aprendemos em sala de aula. Raciocinar de forma muito mais rápida.
No meu primeiro estágio numa construtora acompanhei a parte de gerenciamento, gestão e construção. Depois tive outros estágios também em empreendimento da indústria da construção civil. Abracei todas as oportunidades que tive nessa fase, almejando o melhor para mim, traçando alvos palpáveis.
Trajetória profissional
Estou, neste momento, em fase de colação de grau e muito feliz e entusiasmado com a profissão e já na organização do meu próprio negócio na área de serviços em construção, e correndo atrás da parte legal e do registro no Crea [Conselho Regional de Engenharia e Agronomia].
Conselho
Para quem está no estágio, o meu conselho é se dedicar para obter o máximo de informação para a sua vida real. Tirar o máximo de dúvidas, agregar conhecimento atualizado e aos que não estão estagiando, a maior dica é não olhar valores, mas a bagagem que pode adquirir com aquele tipo de experiência. Falo por experiência própria: ao entrar numa construtora ou empreiteira, ou outro tipo de empreendimento, pense no tanto que você pode ganhar de experiência sobre a engenharia e o mercado de trabalho, principalmente.
Engenheiro eletricista Newton Guenaga Filho
O meu primeiro estágio foi na fábrica da Toshiba do Brasil, entre os anos 1980 e 1981. A empresa projetava e montava painéis para aplicação industrial de acionamento de motores elétricos. Fiz o estágio no setor de projetos, mais especificamente em conversores tiristorizados. Naquele momento, essa área estava adaptando o projeto japonês ao projeto brasileiro, ou seja, nacionalizando os equipamentos.
A partir do estágio, levei muitas dúvidas da prática para a faculdade e fui esclarecido pelos professores. Como se tratava de adaptação da tecnologia japonesa à produção de equipamentos nacionalizados, a questão técnica de projetos era relevante porque tínhamos falta desta tecnologia e também nacionalização de componentes eletrônicos. Fazer estágio junto com a faculdade foi essencial para que tivesse assessoria dos professores do curso.
Trajetória profissional
Sou formado há 40 anos. Fiz dois cursos de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho (1998-1989) e de Gestão de Manutenção (2006). No início de 1982, prestei o concurso público para então estatal Companhia Siderúrgica Paulista [à época Cosipa, hoje, Usiminas]. Fui locado no setor técnico e de manutenção da Gerência de Chapas Grossas da usina. Como engenheiro de segurança do trabalho realizei várias assistências técnicas de segurança do trabalho para a justiça trabalhista.
Conselho
Faça estágio junto com a faculdade, dentro da sua modalidade porque você terá uma bancada de professores para lhe auxiliar e esclarecer dúvidas na vida da prática profissional. Acima de tudo aprenda a trabalhar em equipe multidisciplinar.
Oportunidades na Engenharia - Orientação à carreira