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12/03/2025

Sinergia entre indústria e engenharia

Carlos Magno Corrêa Dias*

 

Quando se pensa em “somar para multiplicar” ou, mais especificamente, em somar ações para multiplicar possibilidades ou resultados, depara-se com um conceito poderoso que pode ser aplicado em diversas áreas da vida, desde o âmbito pessoal até o profissional.

 

A base de semelhante princípio reside, primariamente, tanto na colaboração quanto na cooperação conjunta de estratégias ou de esforços visando o todo, para além da importância das partes individualmente.

 

As ações particulares conjuntas objetivando um resultado maior são bem exemplificadas na sinergia existente entre a “Responsabilidade Social Corporativa (RSC) na Indústria” e a “Resiliência na Engenharia”, que possibilita a obtenção de resultados maiores mediante a soma dos esforços particulares correspondentes. A união das diferentes habilidades, conhecimentos e recursos de tais áreas potencializa os resultados de forma exponencial.

 

Chamar as relações de imbricação entre a “RSC na Indústria” e a “Resiliência na Engenharia” sempre foi prerrogativa essencial para o desenvolvimento, intensificando-se ainda nos tempos atuais, quando progressos tecnológicos complexos e inovações científicas inolvidáveis surgem a cada novo dia. Dado que a “RSC na Indústria” e a “Resiliência na Engenharia” se complementam e contribuem, efetivamente, para a sustentabilidade e o sucesso a médio e longo prazos nas empresas no setor industrial de qualquer nação soberana, torna-se impossível não levar em consideração as correspondentes imbricações e possíveis implicações.

 

Reunião do CPCE em 2023. Foto: Portal Fiep

 

Se na engenharia a resiliência faz referência à capacidade de um sistema, estrutura ou processo de resistir a perturbações, adaptar-se a mudanças e se recuperar de falhas ou eventos inesperados, envolvendo projetar sistemas robustos, implementar medidas de segurança, monitorar o desempenho e ter planos de contingência para lidar com crises, a RSC na indústria, por sua vez, engloba ações para minimizar o impacto ambiental, promover o bem-estar social e adotar práticas éticas e transparentes em operações, incluindo o cumprimento de leis e regulamentos, a busca por práticas sustentáveis, o investimento em projetos sociais e o diálogo com as partes interessadas.

 

A resiliência na engenharia, especificamente, é fundamental para a RSC na indústria, pois, sempre que as empresas do setor industrial estão mais bem preparadas para lidar com desafios e minimizar seu impacto negativo na sociedade e no meio ambiente, ocorrem importantes investimentos em sistemas de engenharia resilientes, priorizando benefícios como as tecnologias limpas e processos eficientes que possibilitam a redução significativa de consumo de recursos naturais, previnem a poluição e se adaptam mais facilmente a mudanças climáticas.

 

De outra forma, no tocante ao social, passa-se, naturalmente, a priorizar a segurança e o bem-estar de seus colaboradores, adotando práticas de engenharia mais seguras e ergonômicas, as quais contribuem para a responsabilidade social, edificando ambientes de trabalho cada vez mais resilientes, adequados e, obrigatoriamente, seguros.

 

Há de se ressaltar, também, que as relações em referência favorecem a resiliência econômica, uma vez que as indústrias se preocupam em investir em infraestrutura resiliente, diversificando seus fornecedores e desenvolvendo planos de contingência voltados a enfrentar crises econômicas e garantir a continuidade das respectivas operações, bem como permitindo responsabilidade mais intensificada com seus stakeholders ("partes interessadas" ou afetadas pelas atividades e decisões de uma empresa, projeto ou organização).

 

A integração entre Resiliência na Engenharia e RSC na Indústria, além de propiciar o fortalecimento mútuo da indústria e da engenharia, traz, inevitavelmente, diversos benefícios específicos, tais como: a redução de riscos, a melhoria de desempenho, mais inovação, maior competitividade, bem como contribui para o desenvolvimento sustentável, no qual o desenvolvimento econômico é aliado à preservação do meio ambiente e ao bem-estar social.

 

É sabido que na indústria a RSC refere-se ao compromisso das empresas em integrar práticas sociais, ambientais e econômicas em suas operações e na interação com seus stakeholders, que vai muito além do cumprimento de leis e/ou regulamentos e envolve, necessariamente, ações voluntárias que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar da sociedade.

 

Como pilares estruturais da RSC na Indústria, tem-se a Responsabilidade Ambiental (RA), a Responsabilidade Social (RS) e a Responsabilidade Econômica (RE).

 

Enquanto a RA abrange a adoção de práticas que minimizem o impacto ambiental das operações industriais, como a redução do consumo de recursos naturais, a prevenção da poluição, a gestão de resíduos e a promoção da eficiência energética, a RS faz referência ao impacto das empresas na sociedade, incluindo o bem-estar dos colaboradores, o apoio às comunidades locais, o respeito aos direitos humanos, a promoção da diversidade e a oferta de produtos e serviços seguros e de qualidade.

 

Já a RE está relacionada à geração de valor para as empresas e para a sociedade, incluindo a criação de empregos, o pagamento de salários justos, o investimento em inovação, a promoção da concorrência leal e a adoção de práticas de governança corporativa transparentes e éticas.

 

A RSC na Indústria é tema cada vez mais importante no setor industrial do País e tem feito com que mais e mais sejam adotadas boas práticas relacionadas para mais adequadamente enfrentar os desafios do século XXI e contribuir para um futuro mais sustentável.

 

Como pontos importantes da adoção e melhora da RSC na Indústria, cabe ressaltar: (a) melhor visualização das empresas que passam a ser consideradas como mais confiáveis e responsáveis perante os consumidores, investidores e a sociedade em geral; (b) efetivo engajamento dos colaboradores e construção de relacionamentos de confiança com os stakeholders; (c) significativa redução de riscos legais, ambientais e sociais, evitando multas, processos judiciais e crises de imagem; (d) maior estímulo à inovação e intensificação de incentivos ao desenvolvimento de produtos e serviços mais sustentáveis e adoção de processos produtivos mais eficientes; (e) promoção categórica do desenvolvimento sustentável, ajudando a preservar o meio ambiente, promover a justiça social e gerar crescimento econômico de forma responsável.

 

Por sua vez, na engenharia, a resiliência, enquanto a capacidade de sistemas de resistir e/ou de se recuperar de perturbações, sem comprometer a correspondente funcionalidade e/ou o necessário desempenho, impõe-se como uma forma efetiva de se “voltar ao normal” após sofrer algum tipo de impacto – o que atualmente, devido às seguidas transformações tecnológicas, é, praticamente, direto e constante.

 

A resiliência, por si só, já habita um campo multidisciplinar que envolve gama muito grande de aplicação de princípios de diversas áreas do saber, sendo, em particular na engenharia, muito mais intensificada.

 

Tornada um fator crítico na engenharia, a resiliência é vital para o sucesso dos empreendimentos, sendo exigida para se evitar (ao máximo possível) perdas de vidas e ferimentos de colaboradores em caso de desastres ou acidentes; ou para se minimizar (ou antes, evitar) os impactos ambientais de desastres e acidentes; bem como para assegurar a continuidade das operações mesmo em situações adversas.

 

A resiliência na indústria é, portanto, conceito fundamental no campo do engendrar soluções (próprio das engenharias), dado ser pensada para garantir que os sistemas envolvidos sejam (sempre) capazes de contribuir para um mundo mais seguro e sustentável, promovendo seguidamente os meios pelos quais seja possibilitado resistir e se recuperar de (inevitáveis) perturbações.

 

Tanto a resiliência quanto a RSC vão se ampliando em exemplos cada vez mais potentes e abrangentes, de forma a ser tão somente impossível pensar em desenvolvimento e/ou em progresso sem a adoção (e evolução) desses benefícios sejam para a indústria ou para a engenharia.

 

Um importante exemplo de RSC em desenvolvimento e já há algum tempo consagrado é o dado pelo Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), o qual foi instituído com o objetivo de divulgar uma forma inovadora e sustentável de se pensar a indústria do Paraná e que vem possibilitando a construção das relações de aproximação e simbioses entre o fator econômico, o bem-estar da comunidade e a proteção ambiental.

 

O CPCE, criado em dezembro de 2004 pelo Sistema da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Sistema Fiep), desde sua origem, posicionou-se como articulador na área da sustentabilidade do Sistema Fiep, mantendo-se como um catalisador de ideias, voltado para as necessidades e interesses do segmento industrial do estado do Paraná na área de RSC, chamada, também, de Responsabilidade Socioambiental Corporativa (RSAC).

 

Inicialmente o CPCE, reconhecendo a importância do setor produtivo do Paraná de contribuir na construção de uma sociedade mais justa, sustentável e socialmente responsável, foi estruturado em quatro Núcleos de Competências (ou Núcleos de Especialidades) destinados ao cumprimento de sua missão, visão e objetivos. Os Núcleos Indústrias e Sindicatos (NIC), Comércio e Serviço (NCS), Terceiro Setor (NTS) e Instituições de Ensino Superior (Nies) agruparam cerca de 70 das principais organizações de referência do estado do Paraná, as quais passaram a ser as instituições signatárias do CPCE, somando suas expertises (por meio de trabalho voluntário) para contribuir nas ações e projetos do CPCE.

 

Cada um dos Núcleos de Competências do CPCE teve um coordenador eleito pelos respectivos conselheiros. O último coordenador eleito do Nies fui eu – professor Carlos Magno Corrêa Dias –, atualmente conselheiro sênior do CPCE, mas na época da eleição (2014) atuando como conselheiro ativo do CPCE representante da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

 

Coube à coordenação do Nies a promoção da integração entre as IES e as empresas do setor industrial do estado do Paraná, possibilitando a criação de um ambiente inovador de colaboração no qual as universidades (a academia) passaram a contribuir para o desenvolvimento do setor produtivo por intermédio do conhecimento e da respectiva expertise.

 

Em particular, ingressei em 2009 no CPCE, sou um defensor da simbiose entre a educação nas IES e a RSC na Indústria, acreditando que as indústrias devem ter um papel fundamental na formação de profissionais qualificados gerados pelas universidades e que, de forma recíproca, o conhecimento da academia deve contribuir, efetivamente, para os avanços na indústria, objetivando a melhoria de vida das pessoas na sociedade.

 

Observe-se que o Nies sempre incentivou e promoveu ações e projetos relacionados com a educação e fazendo a opção por tratar o tema sustentabilidade nas IES e na sociedade. Preocupa-se, também, com as necessárias relações de aproximação entre a indústria e as IES, sendo adepto da Tríplice Hélice do Conhecimento-Inovação (THCI), concepção segundo a qual as forças da academia (universidades), do governo (legislações) e da indústria (tecnologias) se unem em favor do bem comum na sociedade.

 

Desde o início, o Nies tem suas ações voltadas para incentivar tanto discussões sobre as questões da sustentabilidade nas propostas curriculares das IES, procurando sensibilizar o meio acadêmico sobre os objetivos globais a serem alcançados, quanto estimular que as IES sejam signatárias de correspondentes programas internacionais voluntariamente.

 

Ao longo de sua história, o CPCE se consolidou como um espaço de diálogo e articulação, contribuindo fortemente, também, para o giro contínuo e constante da THCI com o objetivo de fomentar a adoção de práticas de RSC e o Investimento Social Privado (ISP). As forças da academia-indústria-governo movem a sociedade em geral.

 

O CPCE é estruturado em cinco regionais (a partir de 2011), as quais abrangem todo o estado do Paraná. As regionais do CPCE são: Curitiba, Londrina, Maringá, Oeste e Campos Gerais. Cada regional conta com direção e articulação que são responsáveis por mobilizar empresas e lideranças locais para a temática da responsabilidade social, incentivando, também, fortemente o voluntariado corporativo na promoção da sustentabilidade e da relação entre empresas e as comunidades locais para o bem da sociedade como um todo.

 

O Sistema Fiep, mantendo o compromisso de pautar sua atuação na busca pelo desenvolvimento sustentável (quanto à abrangência social, ambiental e econômica), é signatário do Pacto Global (“UN Global Compact”) da Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2003 e tem no Serviço Social da Indústria do Paraná (Sesi-PR) seu principal representante nas correspondentes reuniões.

 

Como signatário do Pacto Global da ONU, o Sistema Fiep segue os correspondentes dez objetivos do Pacto Global que pretendem a mobilização da Comunidade Empresarial Mundial (CEM) para a adoção de valores fundamentais e internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. O CPCE é o organismo que trabalha intensamente para atingir tais objetivos e ampliar.

 

Defendendo os valores fundamentais nessas áreas, o Sistema Fiep segue, também, os Princípios para Educação Executiva Responsável (Principles for Responsible Management Education – Prime), os Princípios para o Empoderamento das Mulheres (Women's Empowerment Principles – WEPs), os propósitos do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) do governo federal), bem como tem contribuído para o alcance dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU. Está ainda associado ao Junior Achievement Paraná (JÁ-PR), estimulando e desenvolvendo estudantes para o mercado de trabalho com o método aprender-fazendo.

 

Por meio do CPCE, o Sistema Fiep tornou-se líder da divulgação do ODS no Paraná. No Portal ODS encontram-se informações sobre a situação dos ODS de todos os municípios brasileiros, bem como um conjunto contendo diversas observações sobre os 17 ODS definidos em 2015 pela ONU a serem alcançados até 2030 por intermédio de ações associadas ao giro da THCI para dar fim à pobreza e criar uma vida com mais dignidade e oportunidades para todos.

 

Mas o CPCE iniciou os trabalhos em prol de se alcançarem objetivos que garantam a sustentabilidade do planeta muito antes dos ODS, pois desde 2006 assumiu a missão de contribuir para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) da ONU, passando a desenvolver esforços multiplicados de divulgação e conscientização.

 

Os ODM (num total de oito) formaram um conjunto de metas globais estabelecidas pela ONU no ano 2000 com o propósito de enfrentar os desafios mais urgentes da humanidade para alcance até 2015, tais como:

 

– Objetivo 1: erradicar a pobreza extrema e a fome;

 

– Objetivo 2: atingir o ensino básico universal;

 

– Objetivo 3: promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;

 

– Objetivo 4: reduzir a mortalidade infantil;

 

– Objetivo 5: melhorar a saúde materna;

 

– Objetivo 6 - combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças;

 

– Objetivo 7: garantir a sustentabilidade ambiental;

 

– Objetivo 8: estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

 

Cabe ressaltar que os ODM foram um marco importante no esforço global para o desenvolvimento e para a sustentabilidade, quando foram mobilizados governos, organizações internacionais, sociedade civil e setor privado em torno de um conjunto de metas comuns pretendendo a melhoria de vida das pessoas.

 

Foi devido ao empenho voluntário do CPCE, irmanado com o trabalho também voluntário de suas muitas Organizações Conselheiras (OC) que os ODM se tornaram bandeira defendida pelo estado do Paraná, onde, no Brasil, foram registrados os mais significativos resultados quanto ao correspondente trabalho de alcance.

 

Todavia, a partir de 2007, o CPCE – entendendo também que os futuros líderes deveriam ter uma formação que integrasse valores de RSC de sustentabilidade com práticas de escolas de negócios para a tomada de decisões – passa a trabalhar (intensamente) para a divulgação e o engajamento nos princípios do Prime por todo o estado do Paraná.

 

Tais princípios seguem as diretrizes do Pacto Global, de forma que as OC do CPCE são convidadas a adotar preceitos relacionados com os direitos humanos, as boas condições de trabalho, a sustentabilidade, o combate à corrupção, bem como a formação de líderes empresariais mais conscientes dos impactos de suas futuras escolhas e decisões na vida das pessoas.

 

Basicamente, os princípios do Prime buscam garantir que as gerações futuras de líderes empresariais estejam munidas de conhecimentos, habilidades e valores necessários para construir um mundo mais justo, ético e sustentável a partir de uma compreensão profunda dos desafios sociais e ambientais que serão enfrentados.

 

O Prime é baseado em seis princípios fundamentais: (1) desenvolver as capacidades dos estudantes para serem futuros geradores de valor sustentável para os negócios e a sociedade em geral; (2) incorporar valores de responsabilidade social global nos currículos acadêmicos e programas educacionais em conformidade com iniciativas internacionais, como o Pacto Global das Nações Unidas; (3) criar estruturas educacionais, materiais, processos e ambientes que possibilitem experiências de aprendizado eficazes para uma liderança responsável; (4) engajar-se em pesquisa conceitual e empírica que promova o avanço do entendimento sobre o papel, a dinâmica e o impacto das corporações na criação de valor social, ambiental e econômico sustentável; (5) interagir com gestores de corporações para aumentar o conhecimento sobre seus desafios em cumprir responsabilidades sociais e ambientais e para explorar coletivamente abordagens eficazes para enfrentá-los; e (6) facilitar e apoiar o diálogo e o debate entre educadores, empresas, governo, consumidores, mídia, organizações da sociedade e outros grupos e partes interessadas relevantes sobre questões críticas relacionadas à responsabilidade social global e sustentabilidade.

 

Em 2011, o CPCE lançou o Movimento/Programa Educando na Sustentabilidade (MPES), o qual, proposto pelo Nies, foi gerado objetivando ampliar o debate sobre as questões educacionais, empresariais e civis no tocante à “educação na sustentabilidade”. Como consequência direta do MPES, foi instituída no Nies a Equipe de Projeto Educando na Sustentabilidade (Epes).

 

Objetivando sempre atualização e pretendendo maior interação com o setor industrial, o CPCE, a partir de dezembro de 2013, iniciou um processo de reestruturação para alinhar suas ações aos outros conselhos temáticos do Sistema Fiep. Especificamente, então, em 6 de junho de 2014, no campus da indústria do Sistema Fiep, foi realizada a primeira reunião dos chamados Internúcleos do CPCE, na qual todos os Núcleos de Competência (NC) se encontraram para definir os futuros rumos do CPCE.

 

Associando o tema sustentabilidade, o CPCE, por meio dos NC, passou a considerar, mais detidamente, questões sobre as relações entre governança, educação e cidadania, criando três equipes de projeto (EP): Educando na Sustentabilidade (Epes), Incentivos Fiscais (Epif) e Sustentabilidade na Cadeia de Valor (EPSCV). Como consequência direta, isso levou a uma maior interação com os demais conselhos temáticos do Sistema Fiep e com a própria Confederação Nacional da Indústria (CNI).

 

No ano de 2014 o CPCE, comemorando uma década de existência, lançou o primeiro concurso de “Boas Práticas: Educando na Sustentabilidade”, o qual foi proposto pela Epes do Nies, tendo como principal objetivo reconhecer, no Paraná, tais boas práticas, integrando as dimensões da sustentabilidade no âmbito econômico, ambiental, social e cultural. O “Concurso Educando na Sustentabilidade” foi realizado no ano seguinte em 2015.

 

Em 2016, o CPCE estabelece parcerias com o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis) e com o Conselho Empresarial Brasil do Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Enquanto a missão do Idis está centrada em fortalecer o investimento social privado no Brasil por intermédio da profissionalização e do incentivo, o CEBDS objetiva a promoção e integração dos princípios e práticas da sustentabilidade no contexto empresarial brasileiro, atuando como um fórum de diálogo e articulação, reunindo empresas, governo e sociedade civil para discutir e implementar soluções sustentáveis.

 

Com o tema “Educação, Trabalho e Cidades Inclusivas”, foi realizada em 2017 a 10ª. edição do Reatiba, uma iniciativa do CPCE que objetiva chamar a atenção para a inclusão das pessoas com deficiência (PcD) e para se pensar estratégias viáveis de como é possível criar ambientes de trabalho cada vez mais diversificados e inclusivos. As seguidas edições do Reatiba seguem até a atualidade, promovendo a ampliação do debate e da inclusão das PcD no mercado de trabalho.

 

Durante a pandemia de Covid-19, o CPCE iniciou o Ciclo Webinar CPCE, o qual constituiu uma série de seminários online com o objetivo principal de disseminar conhecimento e promover debates sobre temas relevantes para a sustentabilidade, a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento empresarial consciente.

 

Também em 2020 o CPCE promoveu os eventos: Conexão Sustentável CPCE, Encontro de Mulheres, I Programa de Mentoria. Saliente-se, a propósito, que o Programa de Mentoria do CPCE corresponde a uma iniciativa que visa promover o desenvolvimento profissional e pessoal de seus participantes por intermédio da troca de experiências e conhecimentos entre mentores (conselheiros sêniores do CPCE) e mentorados (conselheiros júniores).

 

Os conselheiros do CPCE se distribuem em três conselhos constituintes: Conselho Superior (formado por pessoas jurídicas de direito público ou privado com no mínimo dois anos de existência e que realizem práticas de cidadania empresarial); Conselho Sênior (instituído em 2019 e composto por conselheiros que representavam uma organização, desligaram-se e permaneceram com interesse em contribuir com o CPCE); e Conselho Júnior (instituído em 2019 e integrado por “líderes juvenis de 15 a 24 anos” indicados por uma organização conselheira do CPCE e que tenham interesse em se ingressar neste último futuramente).

 

Já há algum tempo questões sobre ESG (Environmental, Social and Corporate Governance – Governança Ambiental, Social e Corporativa) estão sendo tratadas por organismos diversos que possuam foco na RSC e na sustentabilidade.

 

Os princípios de ESG envolvem um processo evolutivo e se tornam cada vez mais relevantes no cenário global. Não poderia ser diferente, então, a preocupação do CPCE com os temas sobre ESG, tendo em vista suas preocupações com cidadania empresarial, compliance e sustentabilidade.

 

ESG é o movimento que propõe pensar em como as corporações devem atuar para atingir objetivos globais de diversidade, equidade e inclusão, de forma que a governança possa transcender os limites do maximizar os lucros e cumprir apenas os requisitos legais.

 

Embora não haja uma data precisa que marque o início do envolvimento com questões sobre ESG, pode-se dizer que o alinhamento com os ODS, a crescente relevância do ESG e as diversas ações e projetos do CPCE voltados para se atingir sustentabilidade na indústria e resiliência contribuíram para que o este conselho, progressivamente, incorporasse as questões ESG em suas atividades.

 

Assim, a abordagem do CPCE em relação ao ESG tem evoluído ao longo do tempo, acompanhando as tendências e as demandas da sociedade e do setor industrial, de forma que a integração das questões ESG nas atividades do CPCE se tornou natural e se intensificou nos últimos anos, principalmente após a pandemia de Covid-19, refletindo a crescente importância desses temas para a indústria do Paraná.

 

Cabe observar, entretanto, que não apenas durante a pandemia de Covid-19 foram exigidas mudanças e adequações na atuação do CPCE, como também foram obrigatórias adaptações ao cenário pós-pandemia, que começaram a se intensificar a partir de meados de 2020, acompanhando tanto a evolução da Covid-19 quanto as correspondentes formas de mitigação e seus impactos na sociedade e no mundo empresarial.

 

É importante observar também que o processo de disrupção (mudança) em referência, com consequentes adaptações, foi contínuo e gradual, estendendo-se pelos anos seguintes.

 

Com o início da pandemia de Covid-19, em 2020, o CPCE, assim como a maioria de outras organizações, precisou se adaptar rapidamente às restrições de distanciamento social. Para tanto, optou pela transição para formatos digitais em reuniões, eventos e programas, além do engajamento em ações de apoio social emergencial.

 

No período entre 2021 e 2022, o CPCE consolidou as adaptações iniciadas em 2020 e o foco em seus temas relevantes, aprimorando o uso de ferramentas digitais e explorando formatos híbridos para o desenvolvimento de suas atividades. Nesse intervalo, porém, intensificou-se a atenção especial a temas sobre a saúde mental, o bem-estar dos colaboradores da indústria e o trabalho flexível.

 

A partir de 2023, o CPCE deu continuidade às adaptações realizadas e seguiu focando na sustentabilidade; na RSC; nas questões sobre ESG; na inclusão das PcD; no Programa de Mentoria; no engajamento em diversas iniciativas de apoio social (como doações de alimentos, de equipamentos de proteção individual e apoio a projetos sociais); na discussão sobre os temas de saúde mental e bem-estar dos colaboradores, no aumento da preocupação com as questões sociais devido ao incremento da vulnerabilidade social; no fortalecimento do diálogo e da colaboração entre os integrantes da Tríplice Hélice do Conhecimento-Inovação; no fortalecimento do networking entre seus membros e a sociedade como um todo.

 

Resumidamente, pode-se dizer que após a pandemia de Covid-19 o CPCE se adaptou ao cenário e intensificou o uso de ferramentas digitais, priorizando temas relevantes, fortalecendo o diálogo e a colaboração, e intensificando o apoio social.

 

Todavia, o CPCE, mais recentemente, passou por uma reestruturação e, oficialmente, tornou-se o Conselho de Responsabilidade Social do Sistema Fiep. Semelhante mudança reflete a crescente importância da responsabilidade socioambiental e da sustentabilidade para o Sistema Fiep como um todo.

 

Ao integrar o CPCE de forma mais abrangente, o Sistema Fiep buscou fortalecer o papel da indústria na construção de uma sociedade mais justa, equilibrada e socialmente responsável.

 

Apesar da mudança no nome, o Conselho de Responsabilidade Social do Sistema Fiep mantém os compromissos do antigo CPCE, promovendo, disseminando e apoiando boas práticas de RSC e de sustentabilidade no estado do Paraná.

 

A reestruturação do CPCE como Conselho de Responsabilidade Social do Sistema Fiep representa um passo importante para fortalecer o engajamento do setor produtivo na agenda da sustentabilidade e da responsabilidade socioambiental. Ao integrar as ações do CPCE de forma mais estratégica, o Sistema Fiep busca ampliar o impacto positivo das empresas na sociedade e vem contribuir mais intensamente para o desenvolvimento sustentável do Paraná, bem como para garantir (e ampliar) a Resiliência da Indústria no estado do Paraná.

 

Sustentabilidade: o atendimento das nossas necessidades atuais não pode comprometer o atendimento das necessidades das gerações futuras. Quanto mais próximos estiverem os ODS de ações de ESG, tanto mais a sustentabilidade e a cidadania serão mais rápida e amplamente alcançadas. Indústria forte. Nação soberana.

 

* Carlos Magno Corrêa Dias é professor, pesquisador, conselheiro consultivo do Conselho das Mil Cabeças da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários (CNTU), conselheiro sênior do então Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Fiep (atualmente Conselho de Responsabilidade Social), líder/fundador dos Grupos de Pesquisas em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI) e em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC) do CNPq, personalidade empreendedora do Paraná pela Assembleia Legislativa desse estado (Alep)

 

 

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