Num encontro realizado na manhã da sexta-feira, 8 de março, na sede do SEESP, a CNTU colocou em discussão a condição da mulher na sociedade atual. O “café com debate”, que reuniu cerca de 50 lideranças do movimento sindical e feminista, teve como mote “Mulher – profissão, saúde e participação política. Tais temas devem ser objeto de ação e reflexão do “Coletivo de Mulheres” a ser desenvolvimento pela confederação. “É uma honra e uma satisfação dar início a essa iniciativa neste dia, que deve ser de respeito e luta pela igualdade”, afirmou o presidente da CNTU, Murilo Pinheiro, ao abrir a atividade. “Este é um grande passo para a nossa confederação, que, embora tenha poucos anos de vida, tem tido grande iniciativas”, completou a vice-presidente da entidade, Gilda Almeida de Souza.
A desembargadora Ivani Contini Bramante, do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 2ª Região de São Paulo, destacou a existência de uma tendência positiva na inserção feminina na sociedade, embora nem tudo sejam flores. “Vem avançando em todas as áreas e já representava em 2010 41,6% da presença no mercado de trabalho”, citou. Por outro lado, reconheceu, ainda “tem um menor em cargos de chefia e há diferenças salariais”.
A engenheira Silvana Guarnieri, vice-prefeita do município paulista de Diadema, também ressaltou o necessidade de superar a desigualdade nesse campo. “Na região, as mulheres ganham 42% menos que os homens. No caso das negras, essa diferença tem mais 20%. É preciso acabar com essa disparidade”, defendeu, fazendo um chamado à conscientização. “É importante para que todos os anos tragam mais vitórias para as mulheres, que têm grande vontade de mudança.”
Vice-prefeita da capital paulista e também engenheira, Nádia Campeão, comemorou a força do 8 de março, celebrado das mais variadas formas. “A cada ano esse debate vai permeando a sociedade toda e da diversidade estamos conseguindo um ativo importante”. Ela lembrou que a data é um momento fundamental para a reflexão sobre a luta das mulheres, que alcançou avanços, mas que ainda tem barreiras a derrubar. Entre essas, citou, a diferença de remuneração, a ainda baixa participação em cargos de comando e na política apesar de o País já ter eleito a sua primeira presidenta, a dupla jornada e a inaceitável violência de gênero, que segue frequente e muitas vezes impune. “Sou muito otimista com relação à luta das mulheres, que hoje podem quase tudo. Esse sentido de pertencimento a essa metade do gênero humano é cada vez mais forte”, refletiu. Para Campeão, é preciso ficar claro que “a emancipação social pressupõe a igualdade plena e o fim de toda forma de discriminação”.
8 de março: uma convergência de lutas
Durante o ato em comemoração ao Dia Internacional da Mulher promovido pela CNTU, o consultor sindical da CNTU, João Guilherme Vargas Netto, lembrou as razões que levaram 8 de março a ser consagrado como data oficial, promulgada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1975. Essa é fruto, afirmou, de uma convergência de experiências.
Em primeiro lugar, houve o esforço da comunista alemã Clara Zetkin, pela criação de um dia das operárias. “Esse processo pressupunha a adesão a uma prática de comemorar a data de forma a valorizar a condição feminina e buscar a sua igualdade na sociedade”, afirmou. Depois, veio o episódio do incêndio na fábrica Triangle, em Nova York, em 25 de março de 1911, no qual morreram 154 jovens costureiras. A tragédia, que causou comoção mundial, tornou-se um marco da luta pelos direitos das trabalhadoras.
Finalmente, em 8 de março de 1917, em Leningrado, as bolcheviques russas começaram a revolução que derrubou o czar. “A trajetória contém heroísmo, tragédia, mobilização, audácia e contradiz todos os estereótipos existentes sobre as mulheres”, concluiu.
Rita Casaro - Imprensa SEESP