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27/05/2013

Repensar o modelo de educação para um novo mercado de trabalho

O professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, traçou um cenário do futuro do emprego no Brasil na mesa de debate “As profissões e as perspectivas do trabalho”, na 4ª Jornada CNTU – Brasil Inteligente, realizada no dia 24 último, na sede do SEESP, na capital paulista. Levando em conta o número menor de desempregados, hoje entre quatro e cinco milhões, diferente da situação de 15 anos atrás quando se chegou a ter em torno de 11 milhões de brasileiros sem emprego (15% da mão de obra da época); a expansão econômica e a queda da taxa de fecundidade – que está em 1,2 filhos por mulher -, Pochmann afirma que “estamos entrando numa fase excepcional para o mundo do trabalho brasileiro”.

Essa combinação demográfica e econômica, segundo Pochmann, pode ser comparada à fase vivida pela Europa e os Estados Unidos no segundo pós-guerra, nos anos 1950 e 1960, onde a economia crescia rapidamente e o emprego também. ”Daqui até 2030, teremos um momento de completar a nossa transição demográfica, a população está crescendo menos”, explica, o que significará que cada vez menos pessoas entrarão no mercado de trabalho nacional. “Uma condição favorável para os sindicatos negociarem não apenas os índices inflacionários, mas a produtividade, e onde os salários crescerão sua participação no PIB (Produto Interno Bruto)”, avalia. “Mas isso tudo está no campo das possibilidades”, observa.

Carreiras fluidas
Essas mudanças econômicas e sociais devem ser acompanhadas, segundo o professor, por pontos que precisam ser discutidos pela sociedade brasileira, como o sistema educacional e as profissões. “O modelo de educação que temos hoje é ainda em cima do projeto de sociedade urbano-industrial, concentrado no tempo de vida das pessoas e entre oito e 16 anos de estudo, e com a concepção de capacitar o indivíduo para exercer determinado tipo de trabalho na sociedade, do mais simples (operações básicas), ao intermediário (atividades técnicas e administrativas) ao de especialista (médico, engenheiros, etc).”

Todavia, no mercado de trabalho atual é cada vez mais visível a escassez das carreiras. No passado, o cidadão se formava no ensino médio, técnico ou na universidade, ingressava no mercado de trabalho e ia exercer aquela atividade por 30 ou 35 anos de sua vida. “Isso não está sendo mais uma verdade. Estamos diante de carreiras fluidas que exigirão um conhecimento ao longo da vida”. A complexização do mercado de trabalho, que é fundamentalmente de serviços – ou seja, de trabalho imaterial, que não gera algo palpável, tangível – depende muito do conhecimento. “Esse novo trabalho está associado cada vez mais à tecnologia da informação (TI) e tantas outras tecnologias que estão sendo incorporadas ao nosso dia a dia. O ensino superior que antes era considerado o teto, passa a ser o piso de uma profissão.”

Pochmann diz que as trajetórias profissionais são cada vez mais tortuosas e sugere uma visão holística do ser humano para os novos desafios que se apresentarão aos trabalhadores brasileiros. “O futuro das profissões combinará a capacidade de crescimento econômico do País e um novo modelo de educação, que não deve ter apenas a “funcionalidade” para o trabalho”.

A mesa teve a coordenação do vice-presidente da Fenafar (Federação Nacional dos Farmacêuticos), Rilke Novato Públio, e de Clóvis Cavalcanti, presidente do Sindicato dos Médicos de Niterói, São Gonçalo e Região, diretor da Fenam e da CNTU.


 

Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa – SEESP




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