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07/10/2013

São Paulo apresenta problemas de hospitalidade urbana

Qualidades relacionadas ao espaço público, como a diversidade, a permeabilidade, a legibilidade e o conforto, podem influenciar na duração da estadia dos visitantes e a qualidade de vida dos moradores das grandes cidades. Essa ideia é abordada na tese de doutorado Hospitalidade urbana em grandes cidades. São Paulo em foco, escrita pela pesquisadora Valéria Ferraz e orientada pela professora Heliana Comin Vargas. O estudo, elaborado entre março de 2009 e abril de 2013, aponta a importância de gerir o espaço público de modo a torná-lo mais agradável para quem o habita ou o visita.

A hospitalidade urbana diz respeito ao conjunto de fatores capazes de fazer com que a pessoa se sinta à vontade e pertencente a um determinado local. Segundo Valéria, essa sensação de acolhimento se apoia no sistema da dádiva, baseado na tríade Dar – Receber – Retribuir, que, no caso do espaço público, manifesta-se da seguinte maneira: a administração da cidade oferece vários fatores que a tornam hospitaleira e aquele que recebe essa infraestrutura, seja o visitante ou o morador, sente a necessidade de retribuir o oferecimento, por meio do zelo e da preservação dos elementos que constituem o local.

São Paulo em foco

Partindo desse ponto de vista, a pesquisa traz a necessidade de incluir a hospitalidade urbana entre as preocupações relacionadas à gestão das cidades. Tendo São Paulo como estudo de caso, analisando a Rua São Bento, a Avenida Paulista e a Avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini, o estudo discute o fato de que as metrópoles, ainda que sejam muito procuradas, não são necessariamente locais acolhedores que garantem ao visitante a sensação de estar em casa, o que reflete na maneira como seus habitantes se relacionam e cuidam do espaço público. Além disso, no caso dos visitantes, ainda que sejam naturalmente atraídos pela imponência das grandes cidades, as quais são repletas de atividades nos mais variados âmbitos, nem sempre eles estendem seus períodos de estadia. Caso optassem por permanecer por mais tempo, aumentariam-se as chances de se estabelecer um vínculo, uma relação de empatia, com o local onde estão.

A partir da análise das três vias da capital paulista, o estudo concluiu que São Paulo ainda está longe de ser considerada uma cidade hospitaleira. Entre os pontos que reforçam essa afirmação, está o fato de que a cidade possui casas e condomínios rodeados por muros muito altos, o que reduz a convivência com a vizinhança e, consequentemente, um vínculo entre os moradores. Além disso, a infraestrutura das ruas não é adequada, apresentando, por exemplo, calçadas irregulares, o que compromete o deslocamento de pessoas com dificuldades de locomoção.

A hospitalidade começou a ser estudada recentemente no Brasil e a temática ainda é pouco abordada pelos profissionais brasileiros, principalmente quando se trata de analisar a hospitalidade pelo viés urbanístico. Há, inclusive, estudiosos que afirmam não existir, no Brasil, uma Política de Hospitalidade. No entanto, há uma crescente valorização do tema, de modo que as questões relacionadas à hospitalidade urbana estão sendo cada vez mais discutidas e trabalhadas. No caso paulistano, elas estão presentes no plano SP 2040 – A cidade que queremos, citado por Valéria como um dos exemplos da preocupação de oferecer espaços públicos de qualidade e de promover o sentimento de pertencimento à capital paulista.

Uma questão educacional, cultural e política

Porém, não são necessárias apenas boas vias de circulação de transporte ou uma boa prestação de serviços, por exemplo. É preciso que haja, fundamentalmente, uma mudança educacional e cultural, de modo que a sociedade entenda o porquê da preservação do espaço público e desenvolva valores relacionados ao exercício da cidadania, prática que é um dos pilares para o sucesso das políticas de planejamento urbano. Além disso, também faz-se necessária uma reforma na maneira de ver a política, visto que grande parte dos planejamentos urbanos são executados a longo prazo e não atendem ao imediatismo dos governos, os quais visam à realização e conclusão de obras e planos no intervalo de apenas quatro anos.
 

Fonte: Agência USP de Notícias




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