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28/03/2014

Câmara impede Bolsonaro de homenagear golpistas de 64

O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), voltou atrás e suspendeu o espaço que havia concedido ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) para que ele pudesse “comemorar os feitos do regime militar”, na sessão solene que irá marcar os 50 anos do golpe de 1964, no dia 1 de abril. A decisão foi comunicada na reunião de líderes, mas chegou a suscitar bate boca em plenário, durante a sessão que aprovou o marco civil da internet.


Foto: Evandro Teixeira
Protestos contra regime militar Foto Evandro Teixeira
Protesto contra o golpe em 1964


Em um primeiro momento, Alves havia decidido abrir espaço para dois grupos na sessão da próxima semana: os que propunham uma homenagem aos heróis, civis e militares, que resistiram ao golpe, a partir de requerimento apresentado pela deputada Luíza Erundina (PSB-SP), e os que o glorificam o regime que matou e torturou milhares de brasileiros, conforme proposição de Bolsonaro.

Enquanto Erundina reivindicava, na sua proposta, que a Câmara transforme 2014 no “ano da democracia, da memória e do direito à verdade”, Bolsonaro justificava seu pedido com a alegação duplamente falaciosa de “o regime instaurado em 1964 teve amplo apoio social e possibilitou, ao longo de vinte anos, a consolidação da democracia”.

Repercussão negativa
A péssima repercussão da iniciativa de Alves na sociedade e no próprio parlamento, porém, fez com que os líderes das bancadas da Câmara pautassem o assunto, na tentativa de convencer o presidente a rever sua posição: para eles, abrir espaço para os apoiadores da ditadura é compactuar com o regime de exceção que tantos prejuízos causou à sociedade e à própria Casa, que foi fechada três vezes e teve 173 deputados cassados.

Convencido do seu equívoco, o presidente da Câmara anunciou que irá acatar apenas o pedido de Erundina e realizar uma sessão para homenagear apenas a resistência à ditadura. "Indeferi o pedido do deputado Bolsonaro que queria homenagear a revolução de 64. Essa casa não poderia fazer isso de jeito nenhum, porque foi perseguida, brutalmente atingida pela revolução, seus membros cassados e essa casa fechada", justificou.

Ecos do passado
A participação de Bolsonaro na sessão, porém, ainda não está descartada. Ele poderá falar no espaço concedido aos líderes partidários, caso o PP julgue que ele mereça ocupar o tempo destinado ao partido. "Aqui não é a casa da democracia, em que vale o contraditório, em que todos têm direito de se expressar? Eu não vou falar da minha cabeça, vou mostrar os fatos", disse.



Fonte: Carta Maior/Por Najla Passos











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