Chegou a hora em que o engenheiro passa a ser a chave do crescimento e qualificação da mão de obra. Para FNE, três etapas podem ser empreendidas
Artigo de João Guilherme Vargas Netto (*)
Com o crescimento acelerado da economia aparecem, aqui e ali, obstáculos e entraves. A própria dinâmica virtuosa ao explicitar as falhas, aponta a direção para seu enfrentamento com êxito.
Os jornais têm repercutido a falta de engenheiros em alguns setores dinâmicos da economia; às vezes essa falta pode se transformar em verdadeiro gargalo que precisa ser superado.
Durante os anos de pasmaceira econômica em que o rentismo dava as cartas e deformava todo o processo de crescimento (basta citar o famigerado “PIB potencial” cujo aumento não podia ultrapassar 3,5% ou o cruel “desemprego que não causa inflação” que não podia ser menor que 10%) as falhas estruturais na formação, qualificação, aproveitamento e remuneração dos engenheiros eram disfarçadas: aposentadorias precoces e injustas, “financeirização” de currículos e carreiras, desmanche das equipes técnicas, desrespeito ao piso profissional legal, etc.
Agora, chegou a hora da verdade, em que o engenheiro passa a ser a chave do crescimento e qualificação da mão de obra.
A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), que é a direção sindical da categoria vem desenvolvendo o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” com grande repercussão entre os profissionais e na sociedade. No documento aprovado em setembro de 2006 está escrito com todas as letras: “suprir essa escassez e ganhar qualidade na formação dos engenheiros são grandes desafios. Estima-se que se precise formar, na graduação, o dobro de engenheiros no Brasil e que sejam eles profissionais aptos a operar o sistema empresarial e de inovação”.
Três etapas podem ser empreendidas.
A curto prazo trata-se de “desempoçar” o contingente de engenheiros, trazendo de volta à ativa grande número de aposentados, recompondo equipes técnicas e “retomando” das funções financeiras e burocráticas milhares de profissionais. A médio prazo trata-se de melhorar os currículos das escolas (públicas, em primeiro lugar, mas também as particulares) e garantir base teórica nos cursos médios. E a longo prazo, reforçar a base da pirâmide educacional injetando com força o saber técnico, o saber da matemática. Em todas as etapas, como exigência fundamental, deve-se aumentar a remuneração dos profissionais que são estratégicos para o desenvolvimento. Se agora faltam engenheiros o trabalho deles tem que valer mais.
(*) Consultor da FNE e de várias entidades sindicais