A indústria nacional praticamente chegou ao fundo do poço em 2011 e o trabalhador está pagando a conta. O PIB (Produto Interno Bruto), que mede as riquezas produzidas no País durante o ano, cresceu 2,7% em 2011, enquanto o setor industrial cresceu 1,6% e a indústria de transformação vergonhosos 0,1%. Os números de 2011 confirmam uma tendência que vem se verificando ano após ano, isto é, a redução do crescimento e da geração de emprego e renda da indústria de transformação.
Esta situação é ruim para os trabalhadores porque na indústria da transformação estão localizados os empregos formais e de qualidade, onde, historicamente, se encontram os maiores salários. Mas, infelizmente, o número de empregos nesta área vem caindo: representavam 21,2% em relação ao emprego total em 1992, e baixaram para 18% em 2010.
Mesmo com esses péssimos números, algumas pessoas não entendem por que tanta preocupação com a falta de proteção à indústria nacional. Elas estão satisfeitas com a facilidade de acesso ao crédito, à compra de bens duráveis, enfim, com o aumento de seu poder aquisitivo e capacidade de consumo.
Olhando superficialmente, parece mesmo que tudo está bem para esta camada da população que ascendeu ao mercado de consumo. Não percebem, no entanto, que a economia cresceu muito pouco o ano passado, apenas 2,7%. Esse crescimento tímido da economia deve-se, em larga escala, ao fraco desempenho da indústria.
Inconformados com a desindustrialização, os trabalhadores (que perdem os empregos) e os empresários (que enfrentam queda na produção) se uniram e desencadearam um importante movimento, denominado “Grito de Alerta em defesa da produção e do emprego brasileiros”, no qual denunciam que “o declínio da indústria coloca o País numa situação perigosa e vulnerável, com dificuldade de gerar empregos de qualidade e salários decentes para as presentes gerações e para as vindouras. O encolhimento do setor industrial afetará a capacidade de consumo dos trabalhadores e terá impacto sobre a expansão sustentável do emprego no comércio e serviços.
Em 2030 o Brasil contará com 150 milhões de pessoas no mercado de trabalho. Precisamos, desde já, fortalecer os setores que serão capazes de gerar emprego de qualidade para esse contingente de brasileiros. As atividades do setor financeiro, da moderna agricultura e da extração mineral expandiram-se e tornaram-se economicamente importantes, porém sem uma indústria desenvolvida, o Brasil não terá capacidade de gerar postos de trabalho decentes na quantidade que necessária para o futuro próximo.
O ano de 2012 se inicia com a atividade industrial estagnada, com perspectivas de crescimento anual próximo a zero. Neste cenário, mesmo que a demanda continue em expansão, novamente a economia brasileira como um todo não terá forças para crescer acima de 3%.
Existem soluções para a desindustrialização? Sim, desde que nos conscientizemos que a sociedade brasileira não pode se comportar de forma passiva e resignada ante tudo isso, como se décadas de desenvolvimento e a história nada significassem. Os países mais industrializados e que foram afetados pela crise internacional reduziram drasticamente o seu consumo e procuram, avidamente, novos mercados para vender suas mercadorias. Nosso problema não é mais a China, que inunda os mercados com produtos baratos, produzidos às custas de baixos salários e nenhuma proteção social aos trabalhadores. Outros países, que agora encontram-se em dificuldades, também querem o mercado brasileiro. Se, num primeiros instante, isso é bom para o consumidor, mais tarde vamos amargar a falta de empregos e não existirão mais consumidores, pois não haverá mais empregos e salários. Quanto mais importamos, mais geramos empregos fora do país e deixamos de criá-los aqui dentro.
A estratégia de colocar o produto estrangeiro no mercado brasileiro é violenta. Trabalhadores e empresários sabem que este é um perigo eminente que põe em risco o parque industrial brasileiro. O Brasil precisa garantir que a demanda interna seja atendida pela produção brasileira, gerando empregos de qualidade e melhorando a distribuição de renda dentro do país, só assim teremos uma nação rica e desenvolvida.
Imprensa – SEESP
* Informações da Força Sindical
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