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25/06/2012

Tecnologia, inovação, competitividade

A palavra tecnologia – estudo de métodos ou processos resultantes do esforço do homem para controlar e utilizar o meio em que se insere, para seu próprio benefício – aparece em textos e publicações de todas as áreas do conhecimento, associada a resultados espetaculares e como responsável por profundas e benéficas mudanças que, há milênios, vêm transformando o mundo, num processo que está longe do final. Estão aí, como exemplos, o telefone celular e os serviços bancários a explicar esse fenômeno.

Não existe uma teoria geral da tecnologia, nem ela é uma disciplina que se possa ensinar. Sua aplicação, por muito tempo, foi e tem sido empírica, e o que mais se pode assumir como sinônimo de tecnologia é a Engenharia. A roda, a alavanca e o parafuso são resultados da tecnologia dos tempos remotos. A maior aceleração de resultados se verifica a partir do século 18 e da Revolução Industrial, com novidades na agricultura, na medicina, na biotecnologia, na instrumentação em geral, da nanotecnologia, da energia nuclear, as técnicas de reconhecimento de padrões (tomografia, ressonância magnética nuclear) e novidades em tantas outras áreas do conhecimento. Alguns avanços tecnológicos tiveram maior impacto. Os mais marcantes, ocorridos a partir do século 20, foram a microeletrônica e as técnicas digitais, que estão na origem da revolução digital das últimas décadas – dos computadores à internet e aos sistemas e dispositivos aplicados às telecomunicações.

O uso de sistemas digitais é generalizado, eficiente, rápido e de custo decrescente, com grandes vantagens para empresas e usuários privados.

Outra palavra da moda é inovação. A inovação pode fortalecer as vantagens competitivas de empresas e até de países frente à concorrência, ou viabilizar sua entrada em novos mercados. Parece não existir metodologia para encontrar inovações bem sucedidas ou, pelo menos, promissoras. Elas dependem primeiro da criatividade e da intuição do empreendedor, e a melhor maneira de avaliar se valem a pena (lembrando que as inovações podem ser dispendiosas) é lançá-las no mercado. A implementação de uma nova ideia depende do domínio da tecnologia, mas não é, necessariamente, resultado da aplicação de alta tecnologia. Essa idéia, que pode assustar os empresários, é muito difundida e os meios acadêmicos têm contribuído para alimentar esse equívoco.

Inovar é, em geral, caro e muitas vezes frustrante. Países bem sucedidos, no estágio de desenvolvimento da China e a Índia, como Japão e Coréia do Sul no passado não muito remoto, costumam assumir que “têm coisas melhores para fazer...” (The Economist, 10/12/ 2007). Será esse o caso do Brasil?

Entendo que sim, mas cada caso é um caso. O empresário é em geral esperto e avalia os riscos e a oportunidade dos investimentos em inovação. Para isso pode procurar assessoria e com frequência o faz, embora não seja trivial a escolha do assessor. Para iniciar um novo negócio, a inovação facilita ou viabiliza o “start up”. O empresário já não se encanta com o discurso sedutor das vantagens da inovação a qualquer custo, muitas vezes apresentado por alguns setores acadêmicos ou governamentais, sem vivencia de negócios, que acenam com generosos subsídios para tornar o discurso ainda mais sedutor.

* por Antonio Hélio Guerra Vieira é engenheiro, presidente da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) e professor emérito da Escola Politécnica e do CIEE. Foi Reitor da USP de 1982 a 1986

 

Imprensa – SEESP
* Artigo publicado originalmente no site do Instituto de Engenharia (IE)

 

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