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05/07/2012

Cuiabá debate mobilidade e segurança rumo à Copa

Autoridades, especialistas, profissionais e estudantes reuniram-se em 28 de junho para o evento promovido pela FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) e pelo Senge Mato Grosso, que debateu as providências em andamento na cidade de Cuiabá, que será uma das sedes dos jogos do mundial de futebol. A atividade integrou o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, que desde 2011 tem como objeto de trabalho a Copa 2014.

Durante a sessão de abertura, o presidente do sindicato, Luiz Benedito de Lima Neto, enfatizou a importância da iniciativa da FNE, “que deixou de se restringir à luta sindical”. Murilo Pinheiro, presidente da federação, lembrou a importância da realização da Copa no Brasil como indutora do desenvolvimento. “Não se trata só da vitrine para o mundo, mas principalmente do legado que ficará para a população.”

Esse foi o mote do diretor de Futebol Profissional do Ministério do Esporte, Ricardo Gomyde, que fez uma apresentação geral do projeto da Copa do Mundo no Brasil. Segundo ele, o campeonato será o maior evento já realizado no País, garantindo não só grande visibilidade, com a presença de 19 mil profissionais de mídia e 600 mil turistas internacionais durante os jogos, mas também importantes avanços. Entre esses, ele lista o aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão e da qualidade dos serviços e a modernização das arenas esportivas e da infraestrutura. “Comparando-se a 2010, os aeroportos brasileiros terão três vezes a capacidade de operação”, afirmou. Ainda de acordo com Gomyde, a atividade econômica e os investimentos gerados pela Copa devem somar ao PIB (Produto Interno Bruto) R$ 187 bilhões até 2019. A arrecadação pública esperada é de R$ 17 bilhões.

Para o consultor da FNE e especialista em copas do mundo, Artur Araújo, a grande herança da realização do mundial será “romper com a ideia da incapacidade de fazer”. Além disso, salientou, ficará demonstrada “a capacidade da engenharia brasileira, que ganhará espaço no mercado internacional”. Ele exemplificou com a promoção pelo País da Rio+20, conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre desenvolvimento sustentável, realizada no mês de junho. “Havia 100 chefes de Estado e não houve um incidente relevante. A Copa não é um evento de grande monta para o Brasil.”

Projetos em andamento
Garantir a segurança durante a Copa do Mundo em Cuiabá é justamente a preocupação do coronel da Polícia Militar Joelson Geraldo Sampaio. “Teremos que estar preparados para o pior cenário”, afirmou. Entre os grandes projetos para o evento está o Centro de Comando, Controle e Inteligência, que será uma “grande plataforma de vigilância”. Além disso, ganharão novas estruturas as polícias civil e militar e o Corpo de Bombeiros. Haverá também mudanças em nível operacional, com policiamento voltado ao turismo, o que inclui o treinamento em línguas estrangeiras e até a mudança do uniforme.

Outro tema na pauta foram os projetos de transporte e mobilidade, tratados por Rafael Detoni Moraes, assessor especial da Secopa (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo). Segundo ele, estabeleceu-se um plano de circulação levando-se em consideração as necessidades durante os jogos, “mas não se poderia pensar apenas nisso, temos o que fica depois da Copa”. O grande projeto de transporte público é o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que recebeu investimentos de R$ 1,47 bilhão, financiados pelo Ministério dos Transportes e pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Deve ficar pronto em junho de 2014, com duas linhas e 33 estações e velocidade média de 25km/h. De acordo com ele, a obra vai gerar a reestruturação da região. “Pensou-se na integração de modais e bolsões de estacionamento no entorno da cidade. É preciso tirar carros do centro. O VLT é o embrião disso”, assegurou.

O professor de Engenharia de Transporte da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso) Eudemir Oliveira aprovou a proposta e levantou a preocupação com o acesso ao novo modal pela população de baixa renda. “Se for necessário subsídio, que seja. A sociedade precisa pagar para ter uma cidade melhor”, defendeu. A tese foi corroborada pelo especialista em transporte urbano Epaminondas Duarte. “Dificilmente a tarifa cobre o custo do transporte, é preciso subsídio.” Participou ainda da discussão o professor da Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia da UFMT Luiz Miguel de Miranda.

Questionado sobre a implantação de ciclovias, o assessor da Secopa lembrou que, embora previstas em algumas obras planejadas para a Copa, não existirão nos locais que exigiriam alto custo para desapropriação.

Ao final do evento, o representante da Auditoria-Geral do Estado, André Luiz Costa Ferreira, falou sobre a fiscalização dos investimentos voltados à Copa do Mundo, assim como da execução dos trabalhos. “Tem um controle diferenciado tendo em vista que tem tempo definido para as suas realizações. Não tem muita margem para erro”, afirmou. Segundo ele, as falhas identificadas são notificadas à empresa responsável. “As obras estão sendo recebidas dentro dos padrões. Quando surgem problemas pontuais, intervimos para que sejam sanados o mais rapidamente possível.”

Representante do Sescon-MT (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis), Luiz Gonzaga Warnlimg ressaltou a necessidade de participação da sociedade nesse trabalho e propôs a criação de um comitê para acompanhamento do planejamento e aplicação dos recursos.

Arena Pantanal
No dia 27 de junho, diretores da FNE e do Senge-MT e alunos do curso de Engenharia Civil da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso) visitaram as obras da Arena Pantanal, que substituiu o antigo Verdão. Prevista como um espaço multiuso, terá 44 mil lugares para o mundial, reduzidos depois para 25 mil. Iniciado em abril de 2010, o estádio tem atualmente 48% do cronograma físico realizado, segundo o engenheiro responsável João Paulo Curvo Borges. Feita pelo Governo do Estado e a cargo do consórcio formado pelas empresas Santa Bárbara Engenharia e Mendes Junior, a construção deve chegar ao custo final de R$ 480 milhões.

 

Imprensa – SEESP
Rita Casaro
* Matéria publicada originalmente no site da FNE

 

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