Quando se tem uma situação política conturbada em que os protagonistas estão empenhados em uma luta decisiva e uma severa recessão que castiga a economia, a sociedade e os trabalhadores, é bom que alguém se manifeste com firmeza de propósitos e rumo coerente apontando soluções.
Foi o que testemunhamos no dia 3 de dezembro (um dia depois da golpista e vingativa aceitação do pedido de impedimento presidencial) com o lançamento, em São Paulo, do Compromisso pelo Desenvolvimento, com a presença maciça de ativistas e dirigentes das seis centrais sindicais reconhecidas, lideranças empresariais de peso e de representantes da engenharia brasileira.
Os três grandes jornais paulistas, mesmo não noticiando o evento, haviam publicado como matéria paga o manifesto e as entidades signatárias. Dispenso-me, pois, de copiá-lo e de mencioná-las.
Destaco dois aspectos que considero as pepitas de ouro do acontecimento.
O primeiro, é óbvio, a unidade afirmada e demonstrada. Todas as intervenções, com as naturais diferenças de enfoque, foram unânimes em defender a necessidade da retomada do desenvolvimento, com o enfrentamento da recessão e mudança de rumos na economia.
E, coisa que reputo séria: o barata-voa da política e os dramáticos acontecimentos da véspera não contaminaram o evento. Pelo contrário, foram um ingrediente que, assimilado, impôs ainda mais unidade, firmeza e coerência aos participantes.
Destaco a participação criativa do Dieese [Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioseconômicos] em todas as etapas do processo que culminou com o lançamento do Compromisso do Desenvolvimento e que prevê, desde já, uma ação em defesa da Petrobrás (dia 8, no Rio de Janeiro) e a visita às autoridades em Brasília, no dia 9, além de muitas outras iniciativas das entidades signatárias e das que estão aderindo ao movimento.
* João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical