Falta um projeto para o País voltar a crescer. A afirmação foi feita pelo economista Antonio Corrêa de Lacerda, coordenador de Estudos Pós-graduados em Economia Política da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), durante o debate “Perspectivas para a economia brasileira -Como sair da crise e voltar a crescer”, que ocorreu na tarde de terça-feira (15/12), na sede do SEESP.
Foto: Beatriz Arruda/Imprensa SEESP
Na mesa, da esquerda para a direita: Flávio Brízida, Celso Atienza, José Roberto Bernasconi, Roberto Luis Troster, Antonio Corrêa de Lacerda, Artur Araújo, Waldir Pereira Gomes
De acordo com Lacerda, o Brasil cometeu diversos erros que, somados, resultaram no atual cenário de crise, como adoção do rentismo (especulação financeira), elevação da taxa de juros, desvalorização da produção, após um longo processo de desindustrialização, o que resultou em uma desvalorização cambial. “Padecemos de um projeto estrutural, que é a falta de um projeto de nação, que nos oriente para onde vamos caminhar”, afirmou o professor da PUC-SP, premiado em 2013 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), no Prêmio Personalidade Profissional em Economia.
Ele falou ainda sobre a cooptação de todo o sistema pelo rentismo desde o Banco Central, governo, até a mídia, que noticia apenas os mercados financeiros, limitando o debate.
O economista Roberto Luis Troster, coordenador do curso de Banking da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe/USP), também falou do fenômeno da financeirização da economia e acrescentou que o País vive uma combinação de diversas crises que, segundo ele, é de “crescimento, fiscal, inflacionária, energética, da Petrobras, política, de crédito”.
O consultor sindical da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Artur Araújo, falou da necessidade de uma política econômica que detenha capacidade de expansão dos investimentos. “Quando produtividade não é o assunto principal, e rentismo é elemento dominante, do ponto de vista das resultantes sociais, uma economia que não persegue o crescimento econômico, indago: que tipo de resultado isso gera na vida das pessoas”, lamentou.
Também participaram da mesa o vice-presidente do SEESP, Celso Atienza, que lamentou a supervalorização das commodities e a escolha do país em não agregar valor aos produtos e lembrou da importância de haver projetos de engenharia com previsão dos riscos de segurança no trabalho e ambiental para que não haja novas perdas do patrimônio natural, como ocorreu em Bento Rodrigues, Mariana, Minas Gerais.
José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), também compôs a mas, e fez uma avaliação negativa do contexto atual, citando as milhares de demissões ocorridas neste ano, que estima que possam chegar a 50 mil, só no setor, que congrega cerca de 30 mil pequenos, médios e grandes escritórios, reunindo quase 300 mil trabalhadores. Ele também falou da importância de existirem projetos e engenharia precisos.
“O que nós podemos fazer do ponto de vista político, institucional e prático. Quais as obras públicas serão pautadas? E os projetos, quantas terão projetos?”, indagou Bernasconi, referindo-se ao fato de muitas obras públicas não possuir projeto. ”Não tenho nenhuma dúvida em dizer que se houvesse projeto de engenharia, completo, nas contratações da Petrobras não haveria Lava-Jato. Aquilo (as obras) foi feito sem nenhum controle, a partir de contratação por carta-convite”, completou Bernasconi.
A mesa, mediada pelo diretor do SEESP, Flávio José Albergaria de Oliveira Brízida, foi composta também pelo economista Waldir Pereira Gomes, diretor da CNTU, que atribuiu os problemas atuais do país “a crise política”.
Deborah Moreira
Imprensa SEESP