Uma das constantes do movimento sindical unido é a luta pela baixa dos juros Selic.
Criado em 1980, o Sistema Especial de Liquidação e Custódia, sob responsabilidade do Banco Central (Copom) e da Associação Nacional das Instituições dos Mercados Abertos (Andima), é um grande sistema computadorizado ao qual têm acesso apenas as instituições credenciadas do mercado financeiro e através dele os negócios com títulos públicos têm liquidação imediata; daí a taxa Selic.
A elevação da taxa de juros Selic é utilizada pelo BC para combater a inflação, mas tem funcionado como um tiro de canhão para matar tico-tico.
Isso porque, em uma situação de paralisia econômica, de desemprego, de flutuação cambial abrupta, de desequilíbrio fiscal e de sobrevivência de vários preços administrados e indexados, a elevação da taxa Selic perde seu papel antagonista da inflação, mas agrava a recessão.
Embora seja uma heresia do ponto de vista dos rentistas, esta posição tem sido defendida publicamente até por economistas ortodoxos e “analistas do mercado” que defendem os interesses da bancolândia, mas estão atentos ao travamento geral dos negócios e aos interesses mais amplos dos capitalistas.
A elevação da taxa Selic produz o aumento das despesas do Estado. Cálculos variados dizem que um ponto percentual a mais na taxa acrescenta 13 bilhões de reais (Márcio Pochmann), 14 bilhões (Clemens Nunes) ou até 15 bilhões (José Serra) na dívida interna.
Por estas e outras é que o movimento sindical tem persistido em combater a alta.
E, como testemunho de justiça, devo destacar o papel da Força Sindical nesta luta, desde as sardinhadas malcheirosas de Brasília até os atos multicoloridos na sede paulista do Banco Central quando o COPOM se reúne.
A luta pela queda da taxa Selic soma-se hoje à luta contra o desemprego e a recessão e pela retomada do desenvolvimento.
* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical