A luta contra a recessão sempre foi dura. É defensiva ao extremo e as parcas vitórias merecem a comemoração em dobro. Cada emprego poupado, cada ganho de salário, cada direito validado merecem medalha.
No campeonato da recessão os campos de disputa são inclinados contra nós, o juiz rouba descaradamente e os torcedores não têm confiança plena em nosso time.
O amor à camisa, a experiência e coesão dos jogadores e dos técnicos e a garra, quando o primeiro tempo foi horrível e o segundo se aproxima de um fim melancólico, podem – quase como um milagre – equilibrar o jogo.
A recessão que estamos sofrendo não é a pior das que já passamos. Basta lembrar a recessão dos anos 80 (ainda com ditadura militar) e a dos anos 90 (já com a democracia reconquistada). Atualmente, para vantagem nossa, o colchão de proteção social e os ganhos anteriores amenizam o quadro e não têm deixado que à recessão se acrescente uma crise social agressiva.
Os maus ventos soprados têm vindo da política e do moralismo justiceiro, destilando desconfiança, desunião e descrédito.
É preciso, portanto, além do empenho de lutar, buscar na experiência do movimento sindical aqueles elementos de unidade capazes de nos fortalecer.
A Conclat do Pacaembu (para o movimento sindical) e o Compromisso pelo Desenvolvimento (para o movimento em aliança com os empresários produtivistas) são as plataformas capazes de dar sustentação a luta. Combinadas com a resistência pontual e possível podem fazer a diferença.
Os metalúrgicos de São Paulo e do Paraná, por exemplo, que se afirmaram nas lutas contra as recessões anteriores com iniciativas audaciosas e com propostas e conquistas que, em seguida, balizaram os avanços dos trabalhadores estão desafiados, agora, a manter o mesmo protagonismo de antes e, pelo seu peso e experiência, ajudar ao conjunto do movimento sindical a enfrentar e superar a recessão atual, introduzindo o viés de classe na crise política.
* João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical