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28/04/2011

Técnicos do Ipea confirmam previsão pessimista sobre aeroportos

Nota Técnica do instituto, intitulada "Aeroportos no Brasil: investimentos recentes, perspectivas e preocupações", foi debatida em audiência pública da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI). Parlamentares não pouparam críticas ao atraso nas obras para Copa.

        Dos 20 maiores aeroportos brasileiros, 14 funcionaram acima do limite em 2010, e mesmo se as obras planejadas pela Infraero visando a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 forem concluídas, não atenderão o aumento previsto no volume de passageiros em 13 aeroportos, que continuarão defasados. Entre os anos de 2003 e 2010, esse movimento saltou de 71 milhões de passageiros por ano para 154 milhões, um crescimento de 117% em oito anos.

       Esse é o resultado de um estudo apresentado terça-feira (26), em audiência pública da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI). A Nota Técnica, intitulada "Aeroportos no Brasil: investimentos recentes, perspectivas e preocupações", foi elaborada pelos técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Carlos Álvares da Silva Campos Neto e Frederico Hartmann de Souza.

        Campos Neto disse que não é preciso esperar 2014 para que os problemas dos aeroportos apareçam. As deficiências já seriam perceptíveis hoje. Ele observou que, após a queda do avião da GOL, não houve um esforço significativo para saná-las.

        O técnico do Ipea assinalou que, de acordo com dados da própria Infraero, os investimentos programados são insuficientes e devem ter o mesmo percentual de aplicação dos anos anteriores.

         - O plano de investimentos da Infraero não vislumbra uma projeção adequada para o aumento da demanda - afirmou.

        O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), José Márcio Monsão Mollo, apresentou um estudo feito pela entidade que chegou à mesma conclusão da Nota Técnica do Ipea. Segundo ele, a situação dos aeroportos brasileiros é "quase insolúvel" para Copa do Mundo e Olimpíadas.

        Mollo salientou que houve aumento no volume de passageiros, dobrando a cada sete anos, e no número de aeronaves, enquanto os aeroportos continuaram do mesmo tamanho. Ele também não acredita que as obras planejadas sejam concluídas a tempo de atender a demanda da Copa do Mundo.

        O coordenador da Unidade Gestora da Copa do Governo do Estado do Amazonas (UGP Copa), Miguel Capobiango Neto, disse que o projeto básico da reforma do aeroporto de Manaus já foi apresentado e com um incremento orçamentário de R$ 100 milhões, totalizando R$ 496 milhões.

        Estão previstos oito novos fingers, mas não está prevista a ampliação da pista nem do pátio de aeronaves. Para ele, o aumento da demanda de passageiros exige uma revisão do plano aeroviário da Infraero.

       A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse ter estranhado as informações divulgadas pela Infraero no ano passado sobre as obras no aeroporto de Manaus, uma vez que não se confirmaram. Ela observou que o projeto básico entregue é apenas uma parte e que já viu outros iguais, com projeções e números diferentes.

        - Assim fica muito difícil. Que algo está errado no setor aeroviário, eu não tenho dúvida. O que me assusta são os dados técnicos sobre os prazos dessas obras. Não podemos atrasar nem meia hora. Eu seria uma péssima aliada se fechasse os olhos e dissesse que está tudo bem - afirmou.

       A presidente da CI, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), disse que a previsão é de um colapso nos aeroportos a curto prazo, pois no momento o caos impera no setor aéreo brasileiro.

       O senador Mário Couto (PSDB-PA) lembrou que o relatório final da CPI do Caos Aéreo, elabora pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO), "foi rasgado e jogado no lixo pela maioria governista".

        Ele disse que, mesmo sabendo da situação dos aeroportos, o governo Lula não tomou qualquer providência. O senador também solicitou que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, seja convocado para ser cobrado pelas promessas feitas há quatro anos e não cumpridas.

        - Quatro meses é pouco tempo de governo para opinar. Mas, acho que a presidente Dilma [Rousseff] é muito devagar. Se não fosse a Copa do Mundo, sequer se falaria em reforma de aeroportos - lamentou.

 

Por Ricardo Icassatti,
na Agência Senado
www.fne.org.br

 

 

 

 

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