A cidade de Campinas é uma metrópole, com a presença de várias outras ao seu redor, mas que ainda não tem um plano territorial que pense de forma integrada todas essas cidades. A avaliação é do professor de arquitetura da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru, Adalberto da Silva Retto Júnior. O docente participou dos debates preparatórios para a realização da 6ª Conferência da Cidade de Campinas, no dia 31 de maio último.
Ele sugeriu uma nova abordagem para o espaço metropolitano da cidade de Campinas. Segundo ele, ao invés de fazer um plano centrado só na metrópole, podemos pensar um plano territorial englobando as cidades do entorno, com os planos das cidades respondendo a esta potencial parceria. Isto é importante para garantir um equilíbrio e evitar um processo de conurbação - que foi o que aconteceu com a cidade de São Paulo e as cidades próximas, como a região do Grande ABC, e que levou a uma degradação enorme, num processo sem controle.
Retto conta que a cidade de Campinas tem uma franja metropolitana, formada por municípios que poderiam ser chamados para discutir pontos comuns a ser abordados de forma geral, além dos planos individualizados. “Eu e minha equipe estamos trabalhando em Holambra, uma Estância Turistica que faz parte da franja metropolitana de Campinas”. Continua: “Para minha surpresa Campinas concomitantemente estava realizando seu plano diretor e não houve nenhum tipo de convite para discutirmos conjuntamente. Ao contrário, uma das direções da Revisão de Holambra baseia-se justamente na tentativa de estabelecer não somente uma discussão entre as cidades vizinhas, mas políticas de parceria, pensando no territorio sustentável.
A característica da franja metropolitana é a de, justamente, fazer esta ligação entre as cidades. “Nós temos dados sobre esta mobilidade em Holambra, que demonstram que existe um real movimento pendular entre essas cidades. Isto é característico de uma franja e no meu ponto de vista, o plano diretor de Campinas não está chegando nesta franja”, explica.
Segundo ele, para pensar as cidades hoje deve-se pensar, necessariamente, na questão da sustentabilidade. Por exemplo: várias cidades pequenas têm problemas com o lixo. A partir de pesquisa é possível avaliar como as cidades poderiam, juntas, administrar e dividir o custo da solução desse problema.
Nesse sentido, ele defende a elaboração de um plano capaz de trabalhar a ótica de proteção do ambiente, conduzindo para o incremento de uma articulação regional (entre municípios), é estabelecer estratégias para manter a população residente em cada cidade, visando qualificar o sistema de mobilidade entre as mesmas para garantir qualidade de vida a partir de políticas de parcerias na lógica do desenvolvimento regional. Dessa forma, o desenvolvimento local torna-se global e integrado, e inclui a dimensão cultural, social e econômica.
Fonte: Unesp Agência de Notícias/Por Maristela Garmes