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27/06/2016

Estudo avalia perda auditiva em 5 categorias profissionais

No livro "Um sopro de vida", Clarice Lispector escreveu: “Eu sei criar silêncio. É assim: ligo o rádio bem alto – então de súbito desligo. E assim capto o silêncio.” Na rotina da vida, criar silêncio é um luxo. Os ambientes, hoje em dia, são cheios de ruídos. Ele está presente no cotidiano, em eventos sociais, no trânsito, ao redor de aeroportos, nas estações de trem, no metrô, dentro de casa e no trabalho.

O ruído é definido como um som desarmônico, com vibrações irregulares que causam perturbação. Por muito tempo negligenciado, o ruído passou a ser objeto de pesquisa e uma preocupação mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 10% da população está exposta a níveis elevados de ruído que podem acarretar perda auditiva.

De acordo com o médico otorrinolaringologista Alexandre Scalli Mathias Duarte, o ruído se torna mais problemático quando está no ambiente de trabalho, pela sua intensidade, tempo de exposição e outros fatores de risco associados.

“O ruído é considerado o agente físico mais frequente no ambiente de trabalho. A exposição ao ruído, ocupacional ou não, pode acarretar surdez, zumbido, dificuldade de compreensão da fala, hipersensibilidade ao som, irritação, distúrbios do sono e até doenças cardiovasculares”, explica Duarte.

Para fundamentar dissertação de mestrado desenvolvida na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Alexandre analisou 18.973 exames audiométricos realizados pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), de 2000 a 2010, de oito empresas do Estado de São Paulo. Todas as empresas utilizavam Programas de Conservação Auditiva (PCA), com uso regular de Equipamento de Proteção Individual (EPI) auricular.

Para a pesquisa foram selecionados trabalhadores apenas do sexo masculino e foi utilizado apenas o exame mais recente de cada trabalhador. Profissionais com funções administrativas ou que trabalhavam em locais sem exposição ao ruído foram excluídos do estudo, totalizando 2.140 audiometrias.

O estudo contemplou exames audiométricos de 1.254 trabalhadores do setor metalúrgico, 266 trabalhadores do setor calçadista, 236 de transportadores de carga, 234 trabalhadores em cerâmicas e 150 da indústria cervejeira, todos expostos ao ruído ocupacional. Alexandre avaliou o grau de perda auditiva por categoria, idade e por tempo de exposição.

A pesquisa foi orientada pelo otorrinolaringologista e professor do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da FCM, Reinaldo Jordão Gusmão, e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Unicamp.

Os sons podem ser de diversas frequências, que são medidas em Hertz. Quanto mais grave, mais baixa frequência, e quanto mais agudo, mais alta frequência.

“Os nossos ouvidos não têm capacidade de perceber sons com frequências muito baixas como os infrassons (abaixo de 20 Hertz), ou frequências muito altas, como os ultrassons (acima de 20 mil Hertz). Por isso, dizemos que a faixa de frequências de sons audíveis para o homem está entre 20 e 20 mil Hertz”, explica Alexandre.

Na pesquisa, Alexandre estudou as médias de três frequências audiométricas específicas: de 3, 4 e 6 mil Hertz (KHz). Essas são, geralmente, as frequências atingidas pela exposição crônica ao ruído. A utilização dessas médias, para avaliar a perda da audição induzida por ruído (PAIR), foi desenvolvida pelo médico Everardo Andrade da Costa, fundador do Ambulatório de Otorrinolaringologia Ocupacional do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.

Contratado pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) desde 1980 e atuando atualmente como professor colaborador do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da FCM, Everardo possui um imenso banco de dados audiométricos. Ele é pioneiro e referência no Brasil na área da otorrinolaringologia ocupacional.

 

Fonte: Informação da Unicamp. Leia a  matéria na íntegra aqui

 

 

 

 

 

 

 

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