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03/08/2016

Pesquisa analisa condições dos CTs olímpicos

Apesar dos investimentos públicos bilionários para os Jogos Olímpicos de 2016, sobretudo em infraestrutura, apenas um centro esportivo (CT) de alto rendimento do País se enquadra aos padrões de excelência internacional. A constatação é de pesquisadores da Uniersidade de Campinas (Unicamp), que analisaram nove CTs de alto rendimento que receberam investimentos do governo federal em razão das Olimpíadas que serão disputadas neste mês no Rio de Janeiro.


Foto: divulgação
centro do voleibolCentro de Desenvolvimento do Voleibol Brasileiro, em Saquarema (RJ): o único enquadrado nos padrões internacionais de exelência.



Conforme o estudo, conduzido pela educadora física Mariana Antonelli, apenas o Centro de Desenvolvimento do Voleibol Brasileiro (CDV), localizado em Saquarema (RJ), está de acordo com os padrões internacionais de excelência. A pesquisa também avaliou outros oito centros de modalidades como judô, boxe, natação, canoagem, atletismo, handebol, vôlei de praia e ginástica artística.

Para chegar a esse resultado, a
metodologia do estudo contemplou pesquisa bibliográfica e documental, entrevistas semiestruturadas, questionários, fotos, filmagens e diários de campo. Mariana Antonelli visitou todos os CTs analisados. Durante a visita, a pesquisadora realizou entrevistas semiestruturadas com os gestores e conversas informações com atletas, treinadores e funcionários.

Houve categorização dos dados para análise de conteúdo. As informações obtidas foram estruturadas em três categorias: infraestrutura física e equipamentos; estrutura organizacional; e recursos humanos.


A meta do governo brasileiro é que o Brasil esteja classificado, pela primeira vez em sua história, entre os dez melhores da competição. A previsão de gastos para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos deve chegar a R$ 37,5 bilhões, segundo levantamento divulgado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

“Apesar de ainda não poder ser considerado como um CT de excelência, o Centro de Treinamento de Canoagem Slalom, em Foz do Iguaçu, é bastante completo também. Já os outros estão bem aquém deste patamar internacional. Mas o problema geral é que, no Brasil, sequer existe uma política que defina critérios de como estes centros poderiam alcançar um patamar de excelência internacional. Sem esta política, o esporte de alto rendimento infelizmente se mantém de um modo voluntarista, com esforço de atletas, técnicos e familiares”, constatou a pesquisadora da Unicamp.

Mariana Antonelli esclarece que não se trata de apenas criticar o que existe no Brasil no tocante à infraestrutura e recursos humanos. Segundo a pesquisadora, os locais investigados não deixam de ser referências para o esporte do país. Ela aponta que investimentos, pesquisas e políticas esportivas de médio e longo prazo nestes CTs podem permitir que, no futuro, eles sejam considerados de excelência nos moldes dos padrões internacionais.

“Com as Olimpíadas estão sendo investido muitos recursos em infraestrutura. Mas é uma pena porque não há uma política esportiva para o alto rendimento. Entrevistei muito gestores e treinadores, alguns falavam que os investimentos eram suficientes, mas, muitas vezes, não se tem claro qual o melhor direcionamento dos recursos. Se, por exemplo, o melhor é investir em recursos humanos, espaço físico, capacitação, pesquisa, gestão, etc. Esses investimentos, que foram feitos em caráter emergencial, não são fruto de planejamento de médio e longo prazo. Portanto, o que vai ser destes centros em 2017, após os Jogos, ainda não está definido.”

O estudo de Mariana Antonelli integra dissertação de mestrado defendida pela educadora física recentemente. A pesquisa foi conduzida junto ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, na área de Biodinâmica do Esporte. O mestrado foi orientado pelo professor Roberto Rodrigues Paes, que atua no Departamento de Ciências do Esporte da FEF. A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), insere-se no âmbito do Grupo de Estudos em Pedagogia do Esporte (Gepesp), coordenado por Roberto Paes.

Como critério para a escolha dos nove centros de treinamento de alto rendimento, Mariana Antonelli se baseou no Plano Brasil Medalhas, elaborado pelo Ministério do Esporte em 2012. Por meio do Plano, cujos investimentos totais ultrapassam R$ 1 bilhão, nove centros esportivos receberam recursos adicionais da ordem de R$ 661 milhões. Segundo o Ministério do Esporte, os investimentos extras destinam-se a CTs cujas modalidades têm maior expectativa de conquistar medalhas olímpicas em 2016.

“A ideia do governo brasileiro foi investir ainda mais nas modalidades que já tinham chance de ter medalha. Portanto, por esta lógica, os esportes com menos chances ficaram com menos investimentos”, problematiza a pesquisadora.

Fonte: Jornal da Unicamp








Plano Brasil Medalhas

Como critério para a escolha dos nove centros de treinamento de alto rendimento, Mariana Antonelli se baseou no Plano Brasil Medalhas, elaborado pelo Ministério do Esporte em 2012. Por meio do Plano, cujos investimentos totais ultrapassam R$ 1 bilhão, nove centros esportivos receberam recursos adicionais da ordem de R$ 661 milhões. Segundo o Ministério do Esporte, os investimentos extras destinam-se a CTs cujas modalidades têm maior expectativa de conquistar medalhas olímpicas em 2016.

“A ideia do governo brasileiro foi investir ainda mais nas modalidades que já tinham chance de ter medalha. Portanto, por esta lógica, os esportes com menos chances ficaram com menos investimentos”, problematiza a pesquisadora.

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