A Delegacia Sindical do SEESP no Grande ABC enfrentou muitos problemas também por conta da crise econômica por que passa o País, com reflexos diretos no emprego nas grandes montadoras instaladas na região, principalmente. O destaque é do presidente interino da regional Sérgio Scuotto. Os desafios, todavia, como aponta nessa entrevista, não desanimaram a ação sindical, mas redobraram o debate de como atrair o profissional para estar no sindicato e se engajar nas lutas em defesa do emprego, da valorização profissional e da retomada do desenvolvimento brasileiro.
Foto: Beatriz Arruda/SEESP
Scuotto: "Além das montadoras, seus fornecedores, que já foram chamados de indústrias satélites,
também foram afetados pela crise e demitiram muitos trabalhadores, incluindo os nossos profissionais."
Como foi o ano de 2016 para a Delegacia Sindical do Grande ABC?
Sérgio Scuotto – Tivemos uma séria questão com a General Motors. A empresa está prejudicando os engenheiros nas negociações sobre atualização de direitos e salários. A montadora entendia que os nossos profissionais eram representados pelo sindicato dos metalúrgicos da região. Mas o SEESP conseguiu, com a participação importante do nosso Jurídico, fazer com que a categoria passasse a ser representada por nós.
Ainda neste ano reativamos a nossa participação no Conselho Sindical, da Gerência Regional do Trabalho e Emprego de Santo André e participamos de manifestações contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 241 e o PL (Projeto de Lei) 257, ambas matérias deste ano. Também foi importante a realização de palestras pelo Núcleo Jovem sobre legislação aos alunos da Fundação Santo André.
A Delegacia participou ativamente da VI Conferência Municipal de Santo André e lideramos, como fazemos todo ano, a homenagem ao Engenheiro do Ano, eleito conjuntamente por todas as associações de engenheiros e pelo SEESP. Tal evento ocorre por força de lei municipal em Santo André e a homenagem é feita na Câmara Municipal daquela cidade, em sessão solene.
Assim, o balanço feito é que a Delegacia procurou participar de todas as questões relevantes da região, mas a ação sindical ainda tem um longo caminho a percorrer, para estimular o interesse dos profissionais nas lutas da categoria. Esse é o grande desafio do sindicato na região.
O ano também não foi bom para os profissionais?
Scuotto – Foi péssimo. A região tem cinco grandes montadoras de automóveis. A diminuição do consumo de um bem (que no caso é o automóvel) reduziu muito por causa da crise econômica. Daí, essas grandes empresas iniciaram cortes de empregos em grande escala e os engenheiros também foram afetados. Além das montadoras, seus fornecedores, que já foram chamados de indústrias satélites, também foram afetados pela crise e demitiram muitos trabalhadores, incluindo os nossos profissionais.
Com reflexos tão intensos na região, qual a perspectiva para 2017?
Scuotto – A Delegacia sofre com o descaso que a base tem pelo sindicalismo. Há anos estamos procurando renovar nossos quadros. Essa diretoria, por exemplo, já perdeu em seus poucos anos de vida três diretores por falecimento e quatro por mudança de cidade de outras regiões. Esses últimos foram em busca de melhores oportunidades. Assim, para o ano de 2017 estamos focados em ampliar nosso quadro de diretores em primeiro lugar.
Há outro ponto importante: nossa regional, desde que nasceu, procurou e procura uma união cada vez maior com as associações de engenheiros da região. Aliás, a nossa Delegacia teve sua fundação feita numa reunião que ocorreu numa associação de engenheiros de Santo André. Esses esforços pela unidade visam o fortalecimento da categoria na região. Já estamos obtendo alguns frutos, como a recente elevação substancial dos salários dos engenheiros da Prefeitura de Santo André. Por último, vamos promover uma ação sindical mais agressiva para o próximo ano, visto que o parque industrial da região é enorme: são sete cidades com grande ênfase econômica nas indústrias metal mecânica e química.
A inovação e a tecnologia são intensas no ABC paulista.
Scuotto – Tecnologia para o profissional de engenharia é matéria de banco de escola desde o primeiro ano da faculdade. Falar em tecnologia para nós é como falar em fisiologia para um médico. Portanto, o domínio da tecnologia moderna é fundamental para nossa categoria, qualquer que seja a modalidade. Evidentemente, a modernidade da tecnologia está intimamente ligada ao conceito de inovação, que também é "respirado" pelo engenheiro desde que se emprega pela primeira vez. O que se espera do recém-formado é justamente que ele modifique a "velocidade" da empresa em que foi trabalhar, tornando-a mais competitiva no mercado. E esse profissional somente conseguirá atender às expectativas se inovar, inovar, inovar e inovar. Não há, hoje, outro verbo que se possa usar para atingir esses objetivos.
Quantos profissionais e cidades a Delegacia Sindical abrange?
Scuotto – A região tem cerca de 20 mil profissionais e abrange as cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
Quando foi fundada a Delegacia Sindical.
Scuotto – Em 12 de novembro de 1991.
Como o senhor vê o movimento Engenharia Unida da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE)?
Scuotto – Nossa delegacia busca isso na prática há muito tempo. A maior parte das associações de engenheiros da região tem algum vínculo de trabalho, de cursos, de congressos ou de palestras com nossa Delegacia.
Rosângela Ribeiro Gil
Comunicação SEESP